Criar possibilidades por meio da arte, sendo mais uma ponta que conecta população e território. E, assim, construir e validar a ideia de que a cidade precisa estar integrada, sendo apreendida por quem a vive.
Nem sempre é fácil realizar o desejo de ter um copo de água para matar a sede, como aquele da súplica escrita por Dominguinhos e Anastácia, em 1976, na canção "Tenho sede", imortalizada na voz de Gilberto Gil.
Se você é preto ou preta, assim como eu, talvez tenha sentido o mesmo ontem, ao ligar a TV e ver — ou melhor, ver de novo — integrantes do Big Brother Brasil 23 reunidos na repescagem. Mas não, não era a reunião de qualquer um na chamada "casa do reencontro".
Na última terça-feira (14), a Maré despontou mais uma vez nas páginas de jornais iluminando com sabedoria intelectual e orgânica os impactos da política de (in)segurança vigente no Rio de Janeiro - e que acaba por representar o restante do país. Na 7ª edição do Boletim Direito à Segurança Pública...
Não é "duro", e, sim, resistência. Traz no couro os desafios enfrentados, as dinâmicas da vida de quem entende desde o início quais serão os obstáculos a serem ultrapassados, sem a facilidade do liso. E precisaria?
Não fazem muitos Carnavais. Basta voltar um pouco no tempo e pimba: você verá que o lugar da mulher durante a folia era sempre predestinado ao da sexualização. Pensar? Jamais. "Yes, nós temos bunda" era o imaginado.
Terça-feira, 18h. No visor do celular, o push informativo da Defesa Civil, que alertava sobre o risco de chuvas e os transtornos que poderia causar na cidade.
Das maiores importâncias, a Glória de ser quem abriria os caminhos, construindo, à sua forma, uma trajetória a ser seguida por milhares de pessoas. A coragem personificada na mulher de pele preta retinta, cabelos crespos - e depois, de madeixas alouradas.
Era um letreiro, mas podia ser a sina brasileira de não deixar de esperançar e seguir em frente. No meio de um país ainda cinzido, só a fé, instrumento passível de transformação, serve de conforto para sustentar as penas diárias da nação colapsada. Ou seria a ilusão no meio do caos?
No último dia 11 de janeiro, a ação social "Prato Feito das Ruas" teve uma sensação diferente ao chegar no Viaduto Imperatriz Leopoldina, no Centro Histórico de Porto Alegre.
É comum escutar a frase "não sabendo, foi lá e fez'' para alguém que desconhece seus limites e alcance, e que fez algo sem esperar. Mas com ele a parada é outra. Raull Santiago, ativista social e morador do Complexo do Alemão, sabe e faz. Roda o país falando o que muitos precisam saber sobre a...
Negro e para sempre marcado sob a ótica de quem morou na favela (por longos 24 anos), vivi um mix de sentimentos ao ver o que não acontecia na tarde do último domingo (8), em Brasília: a omissão de agentes de seguranças junto aos terroristas que atacaram não só o novo governo do presidente Lula...
Encheu os olhos. Dentro do pacote de medidas apresentadas já nas primeiras ações do presidente Lula (PT), um decreto que retirou a participação popular na formulação de políticas públicas foi editado, revertendo uma das decisões assinadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Nessa época do ano, a pedido de professores, é comum aparecer nas atividades escolares a tarefa de escrever cartas ao Papai Noel. São, na maioria das vezes, pedidos de presentes. Mas uma escola do Rio de Janeiro quis fazer um pouco diferente no final de 2022.
Há quase dois meses, logo após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência da república, fiz coro aqui em Ecoa sobre a presença de mulheres, pessoas negras, indígenas e LGBTQUIAP+ não só para a transição, mas sobretudo na formação do futuro governo. A tônica do texto era só uma:...
Após a sequência de acontecimentos que provocaram tantas mudanças no Brasil e no mundo, a reflexão urgente é: como fazer da vida e nossas experiências algo diferente? Como imaginar o redesenho das atitudes e ações em um período de escassez, marcados pelo racismo, a fome, o desmatamento e incertezas...
"Vem? Tô na sua área", era a mensagem que recebi da amiga Anna Butler no início da tarde do último sábado. A área era a Rocinha, bairro vizinho, mas sempre eterna morada. O encontro? Nem eu imaginava onde seria.
De engenheiro civil, DJ, MC, produtor cultural, jornalista, apresentador e documentarista. "Tudo isso me define", conta Asfilófio de Oliveira Filho, o Dom Filó, aos 73 anos. Sem evitar momentos angustiantes, como a prisão na ditadura militar (1964-1985), a carreira eclética, baseada na estética,...
Na semana passada, descrevi aqui em Ecoa a ação de apagamento das áreas mais pobres de Doha, no Qatar, por meio de muros, como símbolo palpável e nítido da omissão e descaso frente às populações mais vulneráveis. O que para um carioca não surgiu como ''novo'', por já ter visto essa atitude de...