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Cauã Reymond relembra tempos difíceis como modelo e começo como ator

Do UOL, em São Paulo

07/05/2020 04h00

Um dos principais nomes entre os atores da Globo, Cauã Reymond é considerado galã. Mas, nem sempre a vida foi assim. A carreira na TV nunca foi um sonho. Um de seus empresários alertou sobre a falta de olhos claros.

Em 18 anos de trajetória, Cauã já morou fora do país como modelo, encarou uma Nova York em meio ao caos de um atentado terrorista e conseguiu construir a carreira de ator, avisada por sua mãe astróloga.

Neste papo com o UOL, o ator fala sobre toda a sua trajetória, a dificuldade no começo da carreira e também sobre a vida durante a quarentena.

Rotina na quarentena

Eu acho que cada semana é uma semana. Então, o começo da quarentena para mim foi um momento de descanso. Na verdade, primeiros dois dias. Logo depois, eu me toquei que a gente estava passando por algo muito sério. Não que eu não estivesse já tendo os cuidados mesmo enquanto a gente ainda estava filmando, eu estava bem antenado com tudo que estava acontecendo. Mas como eu estava filmando de madrugada, eu estava pegando às seis da tarde e às seis da manhã. Esses primeiros dois dias foram para meu corpo voltar a funcionar direito e me mantive fazendo aulas on-line, estudando inglês e malhando com um professor on-line. Achei isso divertido, nunca tinha feito e estou lendo bastante. Estou assistindo bastante filme, bastante filme, bastante série. Tenho agora assistido Peaky Blinders, que é uma série que acontece na Inglaterra após a Primeira Guerra Mundial. Fala de um grupo de ciganos ingleses que lutaram a Primeira Guerra Mundial e querem ascender socialmente. Eu estou bem apaixonado.

Vida de pai na quarentena

Tem a Sofia, também, minha filha, que faz aula on-line. Então, ela tem guarda compartilhada. A gente vem, tanto eu quanto a mãe da Sofia, tomando os devidos cuidados e também foi mudando ao longo da quarentena. Inicialmente, ela ficava depois de dois em dois dias, depois ficou mais uns dias. Agora, ela vem, ela vem e vai de três em três dias, e a gente acabou de combinar de ficar sete dias com cada um. É claro, encontrar formas de entreter a Sofia, porque ela sente muita falta da escola e dos amiguinhos. Se você tem um limão, faça uma limonada né. Eu acho que a gente vem aproveitando para poder ter tempo de qualidade com ela. Eu fico, já me peguei várias vezes me perguntando se mesmo nas férias, eu tive tanto tempo de qualidade com a minha filha como eu estou tendo agora.

Importância da cultura

Olha, eu fiz até um post há umas semanas atrás falando que a gente está passando um momento, às vezes, que a cultura está sendo tão desvalorizada e eu acho que está sendo um momento - claro, não tem como se comparar os médicos, enfermeiros, as pessoas que não deixam a cidade parar, as pessoas que não têm como não estarem trabalhando nesse momento. Jornalistas... São momentos que as pessoas estão valorizando o jornalismo, e as fakenews estão sendo desvalorizadas. As pessoas estão começando a perceber a diferença, e ter noção de como isso influencia o nosso dia a dia. O que eu percebo é que a cultura e a arte, elas nos entretêm, nos acalmam, nos geram reflexão, nos ajudam em momentos de solidão. Quando a gente está lendo alguma coisa que acalma a gente, transporta a gente para o outro universo. Tudo isso é a função da cultura e da arte na vida de todos nós dentro da nossa sociedade. Isso tem um supervalor, sem querer colocar no valor mais alto ou menor em relação a qualquer outra profissão. Mas esse valor está aí e graças a Deus está podendo ajudar muitas pessoas nesses momentos de confinamento.

Começo da carreira

Eu era patrocinado por uma marca que convidou vários atletas, os meninos, para fazer um teste para participar da campanha junto com a Ana Hickmann. Ela era a modelo da época. E aí eu passei, fui um dos escolhidos. E nesse dia, nessa sessão fotográfica, a fotógrafa indicou para um agente de modelos, que era o Serginho Matos, famoso e muito querido, e a partir daí, eu comecei assim. Foi meio que automático, eu fotografei com o Bruce Weber, com Mario Testino, Lagerfeld. Morei em Milão, morei em Paris. E quando morei em Nova York, eu decidi parar. Eu não gostava muito de ser modelo. Gostava de viajar, gostei da oportunidade, da profissão. No mundo da moda, quem ocupa o lugar principal e o lugar de destaque são as meninas. E os meninos, não sei como é hoje, mas, na época, não eram tão bem tratados como as meninas eram. Depois de dois anos e pouco, enchi um pouco o saco disso e decidi voltar para a minha faculdade de Psicologia, na PUC do Rio. E foi aí que meu pai me falou que eu tinha de ser ator. Eu comecei a frequentar um curso de atuação lá em Nova York. A minha mãe, que era astróloga, ela falava desde pequenininho eu tinha que ser ator e eu, sei lá, não sabia quem era Marlon Brando, nem o Antônio Fagundes, assim por nome. Eu sabia que ele era o coronel de "Renascer" que eu adorava a novela, assistia com meus avós. "Renascer", "Rei do Gado", "Quatro por Quatro" foram novelas muito marcantes para mim. Aconteceu naturalmente, assim. Mas foi engraçado, porque nunca foi um sonho meu. Eu tenho o costume de dizer, inclusive, que é uma profissão que te convida às vezes, não necessariamente, mesmo você querendo, você consegue a profissão de ator, assim. Às vezes, você estuda e faz tudo, mas é uma profissão que te convida assim, não para todos, mas para muitas pessoas. Eu fui convidado, fico feliz.

Volta ao Brasil após ataques terroristas

Eu estava morando em Nova York já no segundo ano e teve o 11 de setembro, que eu acho que é um momento que, por incrível que pareça, me lembra muito o que a gente está vivendo agora. Um momento de incerteza, de dúvida, essa sensação. Acho que hoje em dia, inclusive, é mais difícil porque é um inimigo invisível. Quando eu voltei para o Natal, a situação ficou muito difícil, porque eu morava com um árabe e ele decidiu sair de Nova York, porque o clima estava muito pesado para eles. As pessoas não estavam tendo discernimento de que da onde você veio, se você era irmão, qual sua religião. As pessoas, principalmente os norte-americanos, estavam com muita raiva, porque a insegurança leva à raiva e à xenofobia. Então, foi um momento muito delicado ele decidiu voltar para o Texas, onde a família estava inteira, e era um cara que eu pagava o aluguel dando aula particular de jiu-jítsu para ele. Eu morei nessa época num quarto que era o quarto dos cachorros dele. Foi um momento muito de garra. Eu ganhava muito pouco. Ele colocou os cachorros na cozinha e eu dormi durante dois anos nessa cama inflável. Mesmo assim, eu decidi não voltar. Como eu não tive opção, eu perdi o meu roomate, meu parceiro, dono do apartamento onde eu morava, decidi voltar para o Brasil para passar uma temporada e retornar. Nessa temporada, eu fiz meu primeiro teste para a Globo logo, em menos de dois meses e passei. E aí, a minha professora falou 'se você voltar, tenho certeza que vão te assimilar em dois segundos'. E aí, joguei as mãos pro céu. Eu não venho de uma família abastada, passei bastante dificuldade na infância e eu não abri mão de ter meu primeiro salário, meu primeiro sustento. Por mais que eu tivesse juntado um pouco de dinheiro como modelo.

Aula em escola de Nicole Kidman

Acho que é interessante falar que a minha professora na época era Susan Betson, que tinha uma escola lá no estúdio, e ela tinha uma gold class, que era uma aula pra todos profissionais e a gente tinha a Nicole Kidman. Na verdade, a Nicole não frequentava essa aula, ela ia a Los Angeles estudar com a Nicole, mas Juliette Binoche ia, e ela fez um trabalho muito bonito com Tom Cruise no "Magnólia", do Paul Thomas Anderson. Mas ela cuidava mesmo da Nicole, da Juliette Binoche e de outros atores conhecidos, mas não assim tão conhecidos do grande público. E então, eu decidi realmente acreditar no que ela me falou. Se eu podia me tornar bom nesse ofício, eu devo a ela.

Começo como ator

Eu participei de uma "Malhação" que a gente dava mais ibope do que a novela das 8, naquele ano. Então, a gente era muito famoso, mas isso não quer dizer que a gente era bom, nós éramos bons atores. Então, eu rapidamente entendi isso e fiz tudo que eu podia pra ir melhorando. É uma das coisas que eu busquei logo foi a possibilidade de sempre que terminava uma novela fazer um cinema de baixo orçamento, trabalhar com novos atores, novos profissionais, sair da minha zona de conforto. Então, eu trabalhei incessantemente durante muitos anos e era uma época em que o cinema e a televisão não se misturavam como se misturam hoje em dia. Então, eu tinha um contato com profissionais, diretores de fotografia, atores, atrizes, diretores que hoje em dia frequentam a televisão. Mas naquela época não frequentavam e eu acho que isso foi me ajudando a solidificar o meu trabalho e a minha confiança, a minha autoestima no que eu faço.

"Eterna Magia"

Essa novela foi, talvez, um dos momentos mais difíceis, assim, no começo da minha carreira, porque foi uma novela que não deu muito certo. Tiveram muitas mudanças na trama e o meu personagem era para ser uma coisa e virou outra. A partir desse momento, eu ganho um novo amadurecimento. E sabia também que as coisas não dependiam só, principalmente nas novelas que as tramas mudam muito, às vezes, um ator está muito bem no papel. Mas por algum motivo tem uma trama que é mais importante, vai ser modificada e às vezes modificou o teu personagem. Então, foi muito difícil para mim. Mas depois fui muito sortudo que emendei na "A Favorita", que foi um salto na minha carreira junto com "Se Nada Mais Der Certo", um filme que fiz de baixo orçamento que acabou ganhando o Festival do Rio de melhor filme, me deu vários prêmios de atuação, "A Favorita" também. Foi um ano muito especial, em 2008, assim, eu cheguei de certa forma, assim, botei meu pé num outro lugar como profissional

Vida de galã

O galã ele tem um lugar, ele ocupa uma função dramatúrgica na trama, a o galã, quem vai ser o galã principalmente nas novelas. Eu acho que te ajuda para alguns personagens, o seu físico. E te atrapalha para outros. Ao longo do tempo, você vai ganhando novas ferramentas e melhorando como ator, e mais diretores vão te olhando e ficam interessados em explorar você de outras maneiras. "Uma Quase Dupla", com a Tatá Werneck, que é um filme que não é nem tão antigo assim, mas que eu cheguei ali em um lugar que não era necessariamente óbvio. Principalmente na ascensão de grandes comediantes, como a gente tem hoje uma nova leva de gente muito talentosa na comédia, o que que eu estava fazendo ali naquele filme e fazendo dupla com a Tatá. Acabou que foi uma ideia minha e da Bianca Villar, produtora. Levamos para a Tatá, ela topou. Então, eu sempre me disponibilizei para poder estar fazendo personagens diferentes. Acho que hoje em dia, eu prefiro fazer os personagens humanos que são um pouco mocinhos e um pouco vilões e dependendo da história cai mais pro lado e mais para o outro. Mas se não for um psicopata, tem um pouco disso dentro de você.

Dificuldade de ser mocinho

Acho mais difícil o estereótipo, porque ele é mais pobre dramaturgicamente. Eu me lembro que em "Cordel Encantado", uma novela super bem escrita que foi um sucesso, um hit, às vezes, eu tinha dificuldade que o Jesuíno não podia pegar em arma e o personagem do Timotinho, que era o Bruno que foi superbem, podia. Eu não podia fazer várias coisas, porque o mocinho não podia e eu sentia que vezes não me dava tantas ferramentas para eu poder colorir melhor meu personagem.

Não vai ser galã

Nesses 18 anos, eu vi muitas mudanças, assim. Eu me lembro que o meu empresário na época, que não é o mesmo, me falou que eu nunca seria um protagonista na Globo porque eu não era loiro e não tinha olhos claros. É realmente difícil você encontrar atores assim que eram protagonistas tirando Du Moscovis, Marcos Palmeira e Tarcísio Meira mas muitos anos, mas mesmo assim, Tarcísio sempre teve feições e traços muito, não necessariamente brasileiros, assim. Ele podia ser brasileiro, mas ele podia ser italiano ele podia ser... O Thiago Lacerda tem olhos claros. Me disseram que era para eu me cuidar que isso nunca ia acontecer. Eu via o mercado se abrindo amplamente para isso, não só comigo, mas com vários outros atores. E graças a Deus as pessoas mostraram seu talento. Eu acho até que aconteceu antes das novelas brasileiras o fortalecimento das personagens mulheres, elas ocupando o protagonismo nas novelas. Eu acho que a forma como o escalam é diferente hoje em dia, inclusive também com a chegada das redes sociais.

Novo mercado

Acho que alguns produtores de elenco procuram atores com papéis pequenos que tenham um número de seguidores. Isso às vezes me preocupa, mas eu sei que é uma realidade. É claro que se a pessoa tem um grande número de seguidores e vai executar o ofício da melhor forma, como um ator mesmo, é um ator já, eu acho ótimo, mas se a pessoa não é ator, eu acho que tem que dar uma oportunidade. Mas também tem que incentivar a pessoa a crescer para poder estar jogando bola com todo mundo, porque é um jogo difícil. E a gente está sempre trabalhando no número de horas muito grande. Então, eu vejo tudo se misturando um pouco e não sei exatamente onde vai chegar. Mas a gente percebe também que o número de seguidores, às vezes, não é resultado na bilheteria de cinema. Às vezes uma pessoa com grande número de seguidores não leva as pessoas ao cinema e às vezes é uma pessoa, pega o caso do Paulo Gustavo, se não me engano ele tem 15 milhões de seguidores, é um número enorme, mas comparado a algumas pessoas não é tão grande. E, hoje, ele é o rei do cinema nacional.

Vida no streaming

Plataforma de streaming, hoje, cada um assiste o conteúdo que quer, na hora que quer, do jeito que quer, como quer e quantas vezes quer. Então, isso, automaticamente, também dá muita oportunidade para novos profissionais, novos atores, novos diretores, novos diretores de arte, novos maquiadores. Mas, às vezes, eu acho que a gente acaba perdendo a qualidade com o volume. Isso me preocupa muito. Eu vejo nas plataformas de streaming que às vezes você não encontra produtos com tanta qualidade quanto você gostaria. E na quarentena, isso está muito claro para mim, porque eu venho revendo filmes da década de 70 que tem muito mais qualidade do que coisas feitas hoje. Então, como Mário Sérgio Cortella, com quem eu fiz uma live, fala em seus livros: 'evolução não é a mesma coisa que transformação'. Então, acho que a gente está se transformando, em alguns momentos, sim, evoluindo. Mas não sempre.

Alcançou o sucesso?

Eu me pergunto o que é que é sucesso. Acho que muita gente nessa pandemia vem se perguntando. Talvez, indiretamente, o que é que é sucesso para eles porque sucesso é ganhar muito dinheiro, sucesso é ter muita saúde, sucesso é ter muito dinheiro e saúde, sucesso é ter fama ou sucesso é ter amor, poder estar em casa com várias pessoas que se amam, que criam brincadeiras e fazem a convivência ficar mais leve e enfrentam tudo isso de mãos dadas ou mesmo à distância, toda hora se ligando, se comunicando, usando as ferramentas virtuais que a gente está fazendo agora. Então, eu estou num momento que eu fico me perguntando o que é que é sucesso. E ter conquistado muitas coisas de certa forma jovem, me ajudou a repensar e inaugurar novos sonhos. Através das redes sociais, é uma coisa que eu me pergunto muito, você não necessariamente fica famoso pelo seu ofício. Você fica famoso por quem você é no Instagram, na maior parte das vezes, e aprendi a lidar com a fama de um jeito diferente de hoje, porque, hoje em dia, todo mundo é um pouco famoso. Você pode estar numa festa e se você disse para alguém que você não ia e uma pessoa te viu lá e tirou uma foto, ela pode mandar essa foto para uma outra pessoa. Você vai ter que se explicar, independente da situação, se é seu chefe, se é seu namorado, sua namorada, sua avó, sua mãe. O que quer que seja. Então, a gente vive num mundo muito monitorado. Às vezes, brinco inclusive com o Rafa, para quem não sabe o Rafa é meu assessor de imprensa, que sinto falta dos paparazzis, porque era mais fácil tirar uma foto do que ficar todo dia postando um conteúdo diferente. Às vezes, é uma linha muito tênue do quanto da sua privacidade você cede e quanto você não cede. É uma coisa que todo dia eu me pergunto um pouco, porque eu acho importante você convidar o público, o espectador. É uma superferramenta para gente divulgar os trabalhos e, às vezes, falar sobre uma fake news, mas ao mesmo tempo eu fico me perguntando até onde a gente não quer mais privacidade.

Projetos futuros

Estava bem imerso nas filmagens, nas gravações da próxima novela das nove que é "Um Lugar ao Sol", uma novela da Lícia Manzo e direção do Mauricio Faria que veio logo depois de "Amor de Mãe". Assim que a gente retornar "Amor de Mãe", se Deus quiser. O que eu posso contar é que eu sou um dos protagonistas. Eu faço gêmeos. Você tem a Alinne Moraes e você tem Andrea Horta, que são minhas parceiras de cena. Mas você tem Andrea Beltrão, Reginaldo Faria. Você tem um baita de um elenco. A Lícia Manzo vem na sua primeira novela no horário nobre. Então, é interessante ter uma novela com o olhar feminino. Eu acho uma das coisas que me interessou também é ter uma autora falando sobre esse lugar do masculino, ainda mais dois. E para mim é um super desafio, eu já tinha feito dois irmãos em uma série de dez capítulos do Luiz Fernando Carvalho que é inspirada num livro do Milton Hatoum, que ganhou todos os premios, o livro do Milton. A série é descrita pela Maria Camargo. Então, para mim, eu acho que é um presente que poucos atores têm de fazer gêmeos e de fazer duas vezes na vida. Então, o que eu posso falar é que o público pode esperar uma baita novela.

Eu estou desenvolvendo agora uma série, "O Pedro", um filme que eu tenho pra lançar agora com a Lais Bodansky dirigindo, que conta a história de Dom Pedro I, através de um olhar feminino, que é a Lais Bodansky, essa diretora maravilhosa que a gente tem aqui no nosso Brasil.

Produtor ou ator?

Eu venho participando cada vez de uma forma diferente como produtor e cada projeto vou amadurecendo. Então, eu mesmo vou construindo projetos para eu poder trabalhar como ator. No futuro, eu gostaria de continuar a ter ideias para trabalhar como ator, mas também ter ideias para outros atores e outros profissionais. Então, o meu sonho é continuar a produzir conteúdo dessas duas formas, tanto como ator como produtor.