Topo

Sonho e realidade dividem espaço em exposição fotográfica na Argentina

26/01/2012 09h40

Uma exposição que reúne 310 fotos de 220 fotógrafos e artistas de 40 países, incluindo Brasil, Estados Unidos e França, foi inaugurada na semana passada no Centro Cultural Borges, em Buenos Aires.

As imagens serão leiloadas no dia 14 de fevereiro no Museu de Arte Latino-Americano (Malba), na capital argentina.

A arrecadação será destinada às fundações Save the Children, que é internacional, e FLENI (Fundação para a Luta contra Doenças Neurológicas), de Buenos Aires, como contou à BBC Brasil o curador da Bienal Internacional de Fotografia Artística e Documental, o fotógrafo argentino Julio Hardy.

Hardy integra a Worldwide Photography Gala Awards, organizadora da mostra.

"Entendemos que pelo número de participantes e de países esta é a maior exposição fotográfica, e com fins beneficentes, realizada na América Latina", disse Hardy.

Ele observou que cerca 70% dos participantes da mostra são mulheres e que a variedade entre o fotojornalismo e o artístico marca a bienal.

"Notamos que a presença feminina no mundo da fotografia, entre outros setores, tem se intensificado nos últimos tempos e a bienal confirma esta tendência", disse.

Ele contou que os fotógrafos doaram pelo menos uma imagem para a exposição que antecipará o leilão que será aberto ao público.

"É um gesto de generosidade de grandes fotógrafos de nome internacional e uma forma de também promover os trabalhos que realizam", afirmou.

A primeira mostra foi realizada em junho de 2010, em Madri, na Espanha, e reuniu número inferior de obras e de artistas – cento e sessenta imagens e participantes de trinta e cinco países.

A diversidade da mostra inclui trabalhos de fotojornalismo, muitas vezes com tom humanista, como observou o curador, e surrealistas.

Entre as fotos jornalísticas destaca-se, por exemplo, a de Stephen Hall, chamada 'Natural numbers village school', que retrata a realidade de crianças nuas em uma aula de matemática, em um povoado da Etiópia.

"Crianças nuas são fato normal, fazem parte da cultura da Etiópia. Para eles, a roupa não tem a mesma conotação que a do mundo ocidental e foi o que Hall retratou", afirmou o curador.

A seleção de imagens revela a criatividade dos artistas ou simplesmente a realidade mostrada, por exemplo, nas fotos das crianças trabalhando em Bangladesh, no estilo de vida de religiosos americanos ou na tristeza da mãe que abraça o filho que enfrenta problemas de saúde – caso do autorretrato da fotógrafa americana Joni Kabana, com o filho Darian, nome da obra.

"É uma foto humanista, que revela a dor e o amor de uma mãe por seu filho", disse.

As imagens que integram a mostra foram selecionadas por alguns dos maiores especialistas do mundo, em um júri que incluiu nomes da Magnum, da revista Zoom, da Itália, e da Associação de Fotógrafos da Dinamarca, entre outros.

A exposição seguirá até o dia 27 de fevereiro, mesmo após o leilão.