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Shigeru Mizuki, artista japonês que retratou horrores da guerra, morre aos 93 anos

Mizuki posa ao lado da mulher Nunoe Mura com o personagem Ge-ge-ge no Kitaro - Reuters
Mizuki posa ao lado da mulher Nunoe Mura com o personagem Ge-ge-ge no Kitaro Imagem: Reuters

Elaine Lies

De Tóquio, Japão

30/11/2015 15h24

Um premiado autor japonês de mangá, cujas recriações de histórias de fantasmas tradicionais e descrições dos horrores da Segunda Guerra Mundial ajudaram os animês a ganharem popularidade mundial, morreu nesta segunda-feira aos 93 anos de idade.

Shigeru Mizuki, artista renomado e querido no Japão, era estudante de arte quando foi convocado em 1942 e enviado para lutar na Nova Guiné, onde perdeu o braço esquerdo e testemunhou cenas que o assombraram pelo resto da vida.

Estreando em 1957, Mizuki passou a desenhar mangás que tratavam dos bombardeios norte-americanos durante a guerra, dos abusos que ele e outros recrutas sofreram de comandantes submissos ao imperador durante a guerra e de uma biografia de Adolf Hitler.

Em 1979, ele ilustrou "A Escuridão do Reator Nuclear de Fukushima", sobre as vidas dos funcionários da usina atingida por um terremoto e um tsunami em 11 de março de 2011.

Em uma obra de 1991 de uma revista educativa, ele retratou os abusos cometidos por soldados japoneses na China e na Coreia nos tempos da guerra, incluindo uma cena na qual um soldado se vangloria de testar sua nova espada em "cinco ou seis" civis.

Mas Mizuki provavelmente ficou mais conhecido por "Ge-ge-ge no Kitaro", uma série de mangás sobre um menino fantasma que combate diversos monstros baseados no folclore japonês que mais tarde virou um desenho animado exibido na televisão durante muitos anos.