Topo

Vencedor do Nobel de Literatura se recusa a pedir libertação do dissidente Liu Xiaobo

Escritor chinês Mo Yan vence o Nobel de Literatura 2012 (19/7/2010) - AFP
Escritor chinês Mo Yan vence o Nobel de Literatura 2012 (19/7/2010) Imagem: AFP

Alistair Scrutton

06/12/2012 14h26

O escritor chinês Mo Yan, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura 2012, não quis nesta quinta-feira (6) fazer um apelo direto pela libertação de seu compatriota Liu Xiaobo, Prêmio Nobel da Paz em 2010, e disse que não apoiaria uma petição pela liberdade dele.

Um grupo de 134 laureados com o Nobel, incluindo o Dalai Lama, escreveu para o próximo líder do Partido Comunista Chinês e também presidente eleito da China, Xi Jinping, pedindo que ele libertasse Liu e a mulher dele.

O caso de Liu chamou a atenção para a situação dos direitos humanos na China, embora o governo chinês diga que Liu é um criminoso e qualifique esse tipo de crítica como interferência indevida em seus assuntos internos.

Mo, cujo nome adotado literariamente, Mo Yan, significa "não falo", se recusou a manifestar apoio a Liu.

"Já dei minha opinião sobre esse assunto. Eu disse que este prêmio é de literatura. Não é de política", declarou o escritor em entrevista à imprensa em Estocolmo, dias antes da cerimônia de entrega.

Em outubro, depois do anúncio da premiação, Mo disse esperar que Liu obtivesse sua libertação o mais rápido possível.

"Tenho certeza que vocês sabem o que eu disse naquele dia (em outubro). Por que vocês querem repetir isso?", indagou.

Diante da insistência dos jornalistas sobre se iria apoiar o pedido feito por 134 laureados com o Nobel, Mo respondeu que sempre tinha sido "independente".

"Gosto desse jeito... Quando sou forçado a expressar minha opinião, eu não faço isso", afirmou.

Alguns dissidentes e outros escritores dizem que Mo não merecia a premiação já que se esquivou de comentar sobre a situação de Liu. Eles também o criticam por ter celebrado um discurso do ex-líder supremo chinês Mao Tsé-tung.

Ganhador do Nobel em 2010, Liu é um veterano dissidente envolvido nos protestos pró-democracia em 1989, esmagados pelo Exército chinês. Ele havia sido preso um ano antes da premiação e está cumprindo pena de 11 anos de prisão. Sua mulher, Liu Xia, está sob prisão domiciliar.

Mo é mais conhecido no Ocidente por "O Sorgo Vermelho", que retrata as dificuldades enfrentadas pelos camponeses nos primeiros anos do regime comunista, transformado em filme de mesmo nome dirigido pelo cineasta chinês Zhang Yimou.