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Cantora Etta James morre aos 73 anos nos EUA

 Reuters Photographer / Reuters
Imagem: Reuters Photographer / Reuters

20/01/2012 15h49

LOS ANGELES, 20 Jan (Reuters) - A cantora de rock e blues Etta James, conhecida por seu hit "At Last", morreu aos 73 anos em decorrência de uma leucemia, disse nesta sexta-feira seu agente, Lupe de Leon, que foi amigo dela por cerca de 30 anos.

James estava internada num hospital de Riverside, na Califórnia. Ela completaria 74 anos na próxima quarta-feira.

"Ela morreu nesta manhã. Ela estava com o seu marido e seus filhos. Ela morreu de complicações da leucemia", disse De Leon, amigo e agente de longa data da cantora.

A saúde de James vinha declinando havia bastante tempo, e há dois anos ela recebeu o diagnóstico de leucemia. Em dezembro, seu médico particular lhe disse que ela estava em estado terminal. A cantora também sofria de diabete, insuficiência renal e demência, e foi internada no final de 2011 por ter dificuldades para respirar.

A vida e a carreira de James foram cheias de altos e baixos. Ela enfrentou a obesidade e a dependência por heroína, manteve um esquema que trabalhava com cheques sem fundos e teve relações conturbadas com os homens, inclusive com alguns gângsteres. Em 2003, passou por uma cirurgia estomacal que lhe fez perder quase 100 quilos.

Mas, no meio artístico, ela era uma lenda. Com canções como "The Wallflower" e "Good Rockin' Daddy", ela se tornou uma figura crucial nos primórdios do rock, e a balada "At Last", de 1961, mostrava seu domínio também da arte do blues. James ganhou três prêmios Grammy na sua carreira.

Para o veterano produtor musical Jerry Wexler, ela foi "a maior de todas as cantoras modernas de blues ... a incontestável Mãe Terra".

James foi admitida em 1993 no Hall da Fama do Rock, mas, ao longo da sua extensa carreira, deu espaço também para o blues tradicional, o soul e o R&B.

"Etta James é simplesmente uma das melhores cantoras que eu já ouvi", escreveu a cantora e guitarrista Bonnie Raitt na revista Rolling Stone. "Etta é telúrica e áspera, obscena e inconvencional, de uma forma como poucos artistas têm coragem de ser."

"The Dreamer", último álbum da artista, foi lançado em 2001. Ela havia passado os últimos anos reclusa em sua casa, na Califórnia.

Jamesetta Hawkins nasceu em 25 de janeiro de 1938, em Los Angeles, filha de uma adolescente solteira, que contava a ela que seu pai era o lendário jogador de sinuca Rudolph Wanderone, conhecido como Minnesota Fats. James contou à CNN certa vez que se apresentou a Wanderone em 1987, mas não foi capaz de confirmar se ele era o pai.

James cantou música gospel no coro da igreja e se destacava já aos 5 anos. Em 1954, gravou "Roll With Me Henry" com duas outras meninas, que formaram um trio chamado The Peaches.

O grupo seria descoberto pelo "bandleader" Johnny Otis, e a canção das Peaches, rebatizada como "The Wallflower", encabeçou as paradas de R&B em 1955. O conjunto acabou, mas James continuou gravando, e no mesmo ano "Good Rockin' Daddy" atingiu as paradas.

Otis morreu na terça-feira, na região de Los Angeles, aos 90 anos.

Na década de 1960, James foi contratada do lendário selo Chess Records, pelo qual gravou "At Last" e "Trust Me", acompanhada por orquestras. Mas nunca se afastou totalmente das raízes gospel, como mostra "Something's Got a Hold of Me" (1962).

A artista, que influenciou nomes como Raitt, Janis Joplin e Tina Turner, deixa o marido, Artis Mills, dois filhos, Donto e Sametto, e quatro netos.

(Reportagem de Bill Trott e Alex Dobuzinskis)