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OPINIÃO

A vida é muito curta pra ter ranço da Taylor Swift em 2020

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Imagem: Instagram/Reprodução

Gustavo Frank

Do UOL, em São Paulo

24/07/2020 09h36

Estamos em 2020 e ainda existem pessoas com ranço de Taylor Swift.

Gosto musical não se discute, cada um com o seu, mas alimentar uma onda que surgiu em 2016 com a hashtag #TaylorSwiftIsOverParty já não vale mais a pena. É hora de "excluir ela dessa narrativa".

E o mais recente álbum lançado pela cantora: "Folklore", é prova disso.

Em seu documentário "Miss Americana", disponível na Netflix, a artista ressalta uma frase importante para se ter em mente no universo do entretenimento pop.

As artistas mulheres que eu conheço tiveram que se reinventar 20 vezes mais do que os artistas homens. Elas precisam fazer isso ou perdem o emprego.

Foi isso que Taylor Swift se propôs a fazer, mais uma vez, com o novo projeto.

Entre as colaborações para "Folklore" estão o já parceiro de longa data, o produtor Jack Antonoff, que já trabalhou com Lorde e Sia, Aaron Dessner, da banda de rock The National, e Justin Vernon, da banda folk Bon Iver. A engenharia musical ficou por conta de Laura Sisk, que trabalhou no "Normal Fucking Rockwell!", de Lana Del Rey, indicado ao Grammy como álbum do ano.

O disco apareceu como uma surpresa na quarentena para os fãs da cantora e de música pop em geral. Um dia antes, Taylor apareceu nas redes sociais para anunciar a novidade e exibir a nova estética do trabalho. Essa, que é bem diferente do que havíamos visto em "Lover", em que cores e elementos vibrantes marcavam a era. Agora, tudo parece ser intimista.

Taylor já navegou por muitos mares ao longo da carreira. Iniciou-se no country, ainda adolescente, amadureceu com o pop, que cresceu em "Red"e foi consolidado na indústria com o lançamento de "1989" e agora desbrava além com o folk.

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Imagem: Instagram/Reprodução

Ao contrário do "reputation", que trouxe a artista como uma "vingadora" do que a mídia pintou dela combinada com uma boa dose de publicidade, "Folklore" nos leva até a cantora que virou ídolo dos adolescentes nem 2007: dando melodia às anotações que ela escrevia em seu diário, em que falava sobre términos e feridas profundas de um amor que, aos 17 anos, podem não ser tão relevantes no futuro, mas são escandalosas da sua própria forma.

São músicas em que despejei todos os meus caprichos, sonhos, medos e reflexões. Esse álbum foi resultado de uma coleção de músicas e histórias que surgiram como um fluxo de consciência. As linhas entre fantasia e realidade se atenuam e os limites entre verdade e ficção se tornam praticamente indiscerníveis.

As músicas "August", "Betty" e "Cardigan" são algumas das principais coerências do álbum. Para as faixas, Taylor criou arcos de personagens e temas que apontam quem está cantando sobre quem em narrativas que se complementam.

"Há três músicas que exploram um triângulo amoroso, cada um em sua visão", avisou ela antes do lançamento.

Não só as composições retratam o passado de Taylor. A produção musical, que prioriza o som da guitarra e piano acústicos e a gaita, como em "Betty", clássicos do gênero folk, resgata também seus primórdios na carreira.

Sem dramas envolvendo o nome de outras celebridades, que cercam os "easter eggs" de seus trabalhos passados, é hora de, finalmente, dar ouvidos a Taylor Swift como artista. Afinal, a vida é muito curta para ainda ter "ranço" de Taylor Swift.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL