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Disney, HBO, Netflix e outros estúdios protestam contra racismo

Disney está entre empresas que se posicionaram contra o racismo nos Estados Unidos - Abigail Nilsson/ABC via Getty Images
Disney está entre empresas que se posicionaram contra o racismo nos Estados Unidos Imagem: Abigail Nilsson/ABC via Getty Images

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

01/06/2020 12h58Atualizada em 02/06/2020 14h56

Por décadas, Hollywood foi avessa a qualquer tipo de manifestação política ou contra o preconceito. E por Hollywood, não digo os artistas —há celebridades como Jane Fonda, que é ativista desde os anos 1960—, mas sim os estúdios e as emissoras que, em nome das grandes bilheterias e das grandes verbas publicitárias da TV, evitavam se associar a estas importantes causas sociais.

Mas esse tempo se foi, e nada deixa isso mais claro do que o fato de que os principais players da indústria do cinema e da TV têm se posicionado abertamente contra o racismo e contra a brutalidade policial nos últimos dias, na esteira de protestos contra o assassinato de George Floyd por um policial, nos Estados Unidos.

Protestos contra a brutalidade policial em Nova York EUA George Floyd - AFP - AFP
Protestos contra a brutalidade policial se espalharam pelos Estados Unidos nos últimos dias
Imagem: AFP

E não estamos aumentando nada aqui: Netflix, Amazon, HBO, Warner, YouTube e até a Disney (sim, a casa do Mickey!) fizeram questão de deixar claras suas posições, em um movimento inédito.

O primeiro a falar foi o YouTube, na última sexta. A plataforma de vídeos do Google publicou no Twitter uma mensagem dizendo se posicionar "contra o racismo e a violência" e anunciando uma doação de US$ 1 milhão para "enfrentar injustiças sociais".

No sábado, foi a vez da Netflix americana, que publicou um tuíte dizendo que "ficar em silêncio é ser cúmplice" e apoiando abertamente o movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam). O posicionamento foi replicado pela Netflix brasileira, que lembrou vítimas nacionais, como João Pedro e João Vitor, ambos mortos em ações policiais.

Em um ato conjunto de solidariedade, os principais concorrentes da Netflix por aqui, o Amazon Prime Video e o Globoplay, replicaram a mensagem da plataforma.

Várias outras marcas seguiram a deixa. O perfil da HBO trocou seu nome pela hashtag #BlackLivesMatter e afirmou: "Estamos com nossos colegas, empregados, fãs, atores e criadores negros —todos afetados pela violência sem sentido".

Uma mensagem semelhante foi publicada pela Warner Bros. Pictures, que pertence ao mesmo grupo que a HBO.

A grande surpresa, no entanto, foi a Disney. A companhia compartilhou uma carta endereçada aos funcionários e assinada pelo CEO Bob Chapek, pelo presidente executivo Bob Iger e pela diretora de diversidade, Latondra Newton.

O recente assassinato de George Floyd, bem como outros exemplos de ataques letais e assédio a cidadãos negros desarmados em nossa nação continua a motivar revolta e indignação em pessoas de todas as origens, incluindo muitos de nossos funcionários. Sentimentos de luto e raiva nos fazem confrontar a ideia de que algumas vidas são consideradas menos valiosas —e menos merecedoras de dignidade, cuidado e proteção— do que outras.

"Nós também percebemos que agora, mais do que nunca, é a hora de todos nós fortalecermos nosso compromisso com a diversidade e a inclusão em todos os lugares", diz ainda o texto.

A Marvel Entertainment, que pertence à Disney, também fez questão de se pronunciar. "Nós nos posicionamos contra o racismo. Nós nos posicionamos a favor da inclusão. Nós estamos com nossos funcionários e criadores negros, e com toda a comunidade negra. Nós devemos nos unir e nos manifestar".

Já o presidente da Paramount, Jim Gianopulos, se pronunciou por meio de um e-mail direcionado aos funcionários, e revelado ao público pela revista "Variety".

Em meio a esta época incrivelmente difícil, saibam que estamos aqui para vocês e que permanecemos uma comunidade e uma empresa que está comprometida com a justiça racial e social

Os canais do grupo Viacom, como MTV, Comedy Central e Nickelodeon, paralisaram a programação em apoio à causa. Foram 8 minutos e 46 segundos de uma tela preta passando nomes de negros mortos em casos de violência. O tempo é uma homenagem direta a Floyd, pois foi o tempo que levou para morrer sufocado por um policial, enquanto repetia que não conseguia respirar.