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Rita Lee fala sobre vida em isolamento: 'Não vou morrer desse vírus vodu'

Rita Lee vive quietinha em um sítio - Reprodução/Twitter
Rita Lee vive quietinha em um sítio Imagem: Reprodução/Twitter

Do UOL, em São Paulo

31/05/2020 10h40

Rita Lee vem respeitando a quarentena. Mas, para ela, não é algo tão longe do rotineiro. A roqueira vive uma vida em isolamento, afastada do show business. Em um texto que escreveu, publicado pela revista Veja, a cantora aposentada - que apareceu dando palhinhas em algumas lives - falou deste momento, disse que se recusa a "morrer desse vírus vodu" e alertou que a humanidade é que é o problema.

"Fazer parte do grupo de risco por eu ter 73 anos pode ser uma chatice, mas não para mim. Não vou morrer desse vírus vodu e peço ao Universo que minha morte seja rápida e indolor, de preferência dormindo e sonhando que estou com minha família numa praia do Caribe", escreveu Rita.

"É sequência natural que velhos morram antes de jovens e crianças, mas não precisava ser nesta situação apocalíptica de ?m do mundo, apavorando vovôs e vovós. Os milhares de corpos que temos visto empilhados em cemitérios precários e caminhões frigoríficos expõem os humanos a mais um perigo, contaminando o solo por sei lá quanto tempo com um vírus cuja consequência é desconhecida", diz ela, que sugere. "Não seria melhor uma nova lei para organizar uma cremação desses corpos? Há séculos o fazem na Índia e com o maior respeito, tudo diante de um fogo sagrado que transforma os defuntos em cinzas e higieniza o planeta Terra."

Rita fez um paralelo entre a idade e ter vivido no "grupo de risco", por seu estilo de vida e suas escolhas, com direito a censuras na época da ditadura militar

"Pensando bem, eu sempre fui considerada grupo de risco. Desde que entrei para o mundo da música, fui a artista mais censurada na época da ditadura no país, por ser tida como uma mulher perigosa para os bons costumes da família brasileira. Fui grupo de risco no colégio, quando me arrisquei tascando fogo no cenário do teatro por ter sido rejeitada para fazer o papel de Julieta", contou. "Sou grupo de risco desde que luto contra os donos do poder, declarando meu repúdio aos maus-tratos de animais."

A cantora contou como é sua rotina atual e fez seu alerta aos humanos.

"Desde que deixei os palcos, há oito anos, vivo confinada na minha toca, numa casinha no meio do mato cercada de bichos e plantas, só saindo para ir ao dentista, fazer supermercado, comprar ração para meus animais e, eventualmente, visitar meus netos. Hoje, faço tudo pela internet e rezo para não quebrar um dente. Sou parte de um grupo de risco saudável e esperançoso, por acreditar que esta pandemia faz parte de um propósito Divino para conscientizar a raça humana a respeitar nossa Nave Mãe Terra de toda a destruição que vem sofrendo, em todas as suas formas de vida. E revelando que a humanidade, sim, é que tem sido o grande vírus, fazendo o Jardim do Éden, nossa Mamãe Natureza, virar o maior grupo de risco."