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Wagner Moura diz: 'É frustrante demais Marighella não ter estreado ainda'

Wagner Moura durante o lançamento de "Sergio", nos Estados Unidos, em janeiro de 2020 - Phillip Faraone/Getty Images for Netflix
Wagner Moura durante o lançamento de "Sergio", nos Estados Unidos, em janeiro de 2020 Imagem: Phillip Faraone/Getty Images for Netflix

Do UOL, em São Paulo

19/05/2020 18h51

Atualmente morando com a família nos Estados Unidos, Wagner Moura falou sobre a frustração de seu primeiro filme como diretor, "Marighella", ainda não ter estreado no Brasil. Ele também não poupou críticas ao governo Bolsonaro, o que inclui o trabalho de Regina Duarte como secretária especial de Cultura.

Inicialmente, "Marighella" iria estrear em novembro de 2019, mas enfrentou problemas com a Ancine. A data passou para maio deste ano e, novamente, precisou ser adiada; dessa vez pela pandemia do novo coronavírus.

"Rodamos Marighella no final de 2017, um filme feito sobre e para o Brasil. Por isso, é frustrante demais não ter estreado ainda. Dediquei muito da minha vida, do meu dinheiro para fazê-lo. Não vê-lo acontecer por ignorância e brutalidade de uma censura é doloroso. O prejuízo financeiro, claro, é grande. Para poder estrear em maio - o que não vai mais acontecer -, tivemos de abrir mão do R$ 1,2 milhão de reais do fundo setorial, da Ancine, com que fomos contemplados. É um valor que a gente não tem, mas que os produtores tiveram a coragem de abdicar, esperando que Marighella faça uma boa bilheteria, já que essa proibição inegavelmente gera mais interesse", declarou, em entrevista para a revista Marie Claire.

Ele ainda desabafou sobre as críticas que recebe por seu posicionamento político: "Sou uma pessoa de esquerda e sempre me coloquei assim, mas Marighella catalisou um ódio muito grande desde que a gente começou a trabalhar, o que só piorou com a eleição de Bolsonaro. Filmar já foi f***. Tinha gente dizendo que ia entrar no set, bater na gente. Era sempre uma tensão, mas também combate. A gente sabe a importância que o filme tem. Eu me dediquei muito e nunca ganhei um tostão".

Wagner Moura ainda faz questão de esclarecer alguns pontos: "Desde que terminei Narcos, em 2016, até quando fiz Sergio, fiquei esse tempo todo sem ganhar dinheiro. Recebi propostas e neguei todas. E aí vem uns caras dizer que eu sou ladrão, que vivo da Lei Rouanet. Embora eu não tenha perfil em rede social, são coisas ruins de lidar. Quando essas injúrias chegam até mim, tomo providências. Mas não me arrependo de nada. Esse filme é uma luta minha, e não por acaso é a história de Carlos Marighella".

Já em relação ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ele diz: "Quando o Bolsonaro se elegeu, algumas pessoas diziam: 'Temos que torcer para tudo dar certo'. Eu respondia: 'Não posso torcer para esse governo dar certo porque tudo o que esse governo propõe, acho errado'. Bolsonaro acabou com o Ministério da Cultura. Nessa área específica, se você torcer para dar certo, é torcer para o fim de qualquer coisa que diga respeito ao pensamento crítico".

A secretária especial de Cultura, que recentemente deu uma entrevista polêmica para a CNN, não foi poupada das críticas: "Regina Duarte, assim como seu predecessor, também é nazista".