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Star Trek Picard: 1ª temporada foi um erro do tamanho de um cubo Borg

Divulgação
Imagem: Divulgação

Alexandre Gimenez

Do UOL, em São Paulo

30/03/2020 12h13

Para quem não tem tempo para esse texto, já dou o veredito: a primeira temporada de Star Trek Picard foi um erro do tamanho de um cubo Borg.

Isso é grande demais, um cubo Borg é gigantesco!!!!

O último episódio da temporada de estreia, que a Prime Video liberou na semana passada, teve até alguns bons momentos, mas não foram o suficientes para apagar uma história frouxa, personagens rasos e erros conceituais.

O fio condutor da série foi Picard, agora um almirante aposentado, longe dos dias de glória na Enterprise, voltando ao espaço para salvar a androide Soji, cujas conexões neurais a tornavam uma espécie de filha do comandante Data, um dos melhores personagens de toda franquia Star Trek e que teve uma morte abrupta no filme Nemesis.

O mote da série até tinha um certo apelo, pela conexão dos fãs com Data. E parte da ação tendo como pano de fundo um cubo Borg desativado dava um toque especial, já que durante a série Picard chegou a ser assimilado pela espécie alienígena.

Mas a partir daí deu tudo errado.

Por mais que os showrunners tenham dedicado tempo para apresentar os novos personagens (OS TRÊS PRIMEIROS EPISÓDIOS FORAM UMA ENROLAÇÃO SEM FIM!!!), em nenhum momento a motivação deles ficou explícita.

E o pior: a cada capítulo uma reviravolta ocorria, cada vez mais absurda e sem sentido. E talvez venha dessa falta de coadjuvantes à altura de Picard o maior problema da série.

Star Trek nunca foi uma série só do capitão. A franquia não seria tão popular até hoje se, além de Kirk, não houvesse Spock; ou Picard ao lado de Riker e Data; Janeway com Chakotay; Sisko e Kira; Archer e T´Pol...

Os melhores momentos da série, inclusive, foram quando personagens antigos da franquia deram as caras, como Riker, Seven, Icheb, Hugh, Data e Troi. Foram só nessas breves cenas em que o "espírito Star Trek" apareceu.

E, se tivermos que apontar um único culpado pelo desastre, o nome dele é Patrick Stewart. Para voltar ao personagem, ele pediu uma reinvenção da franquia; nada de uniformes e naves grandiosas, a ideia era abandonar a fórmula vencedora e abraçar um novo caminho, como ocorreu com Wolverine no filme Logan, onde Stewart interpretou pela última vez o professor Xavier.

Mas não rolou...

No final, Star Trek Picard acabou sendo uma ficção científica genérica, nada memorável, e que já teria sido cancelada caso não fizesse parte do universo criado por Gene Roddenberry.

Mas teremos a segunda temporada. E espero que o "caminho Logan" seja descartado e que todos abracem Star Trek sem o menor preconceito.