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Kirk Douglas, ator de Spartacus, morre aos 103 anos

Do UOL, em São Paulo*

05/02/2020 20h33

O ator Kirk Douglas, que trabalhou em clássicos do cinema como Spartacus e A Montanha dos Sete Abutres, morreu hoje (5). A informação foi confirmada pelo seu filho, o também ator Michael Douglas, em um comunicado enviado à revista norte-americana People. A causa da morte não foi revelada.

"É com tremenda tristeza que meus irmãos e eu anunciamos que Kirk Douglas nos deixou hoje aos 103 anos. Para o mundo, ele era uma lenda, um ator da era de ouro dos filmes que viveu bem em seus anos dourados, um humanitário cujo compromisso com a justiça e as causas que ele acreditava estabeleceram um padrão para que a gente tente alcançar", completou.

"Mas para mim e meus irmãos, Joel e Peter, ele era simplesmente pai, para Catherine [Zeta-Jones], um maravilhoso sogro, para seus netos e bisnetos, um avô amoroso, e para sua esposa Anne, um marido maravilhoso", lamentou ainda Michael.

"Deixe-me terminar com as palavras que eu disse a ele em seu último aniversário e que sempre permanecerão verdadeiras: pai, eu te amo muito e tenho muito orgulho de ser seu filho", concluiu o ator.

Carreira

Kirk Douglas em cena do filme Spartacus - Reprodução - Reprodução
Kirk Douglas em cena do filme Spartacus
Imagem: Reprodução

Nascido em 1916 em Nova York, Kirk Douglas apareceu em algumas peças da Broadway na década de 1940, e se alistou na Marinha em 1941. Mesmo voltando para o teatro após alguns anos, o ator conheceu o estrelato no cinema, onde trabalhou em 75 filmes.

Sua primeira indicação ao Oscar foi em 1949 por O Invencível. Ele ainda receberia mais duas indicações ao prêmio máximo do cinema: Assim Estava Escrito (1952) e Spartacus (1960), o grande papel de sua carreira, dirigido por Stanley Kubrick.

Foi Douglas quem bancou o roteirista Dalton Trumbo, que na época estava na "lista negra de Hollywood", cuja intenção era boicotar comunistas.

"Foi um momento tão terrível e vergonhoso", disse Douglas em entrevista para a People sobre banir supostos simpatizantes comunistas na indústria do entretenimento nas décadas de 40 e 50. "Dalton estava na prisão porque se recusou a responder a perguntas, então decidi, 'que se dane'! Vou colocar o nome dele [no filme]. Acho que é disso que mais me orgulho, porque quebrou a lista negra".

Mesmo sendo indicado em três ocasiões para o Oscar, Douglas conseguiu levantar a estatueta dourada apenas em 1996, quando ganhou um Oscar honorário por trabalhar "50 anos como uma força criativa e moral na comunidade cinematográfica".

Douglas ainda será lembrado pelos seus trabalhos humanitários como Embaixador da Boa Vontade do Departamento dos EUA desde a década de 1960. Em 1981, ele ganhou a Medalha Presidencial da Liberdade das mãos do presidente norte-americano Jimmy Carter.

O ator se casou com Diana Dill em 1943 e teve dois filhos: Michael e Joel. Após oito anos, ele se divorciou e, em 1954, trocou alianças com Anne Buydens, que tinha se candidatado à assistente do ator no filme Mais Forte Que a Morte.

À medida que sua saúde o impediu de voltar aos sets de gravação, juntamente com sua agora viúva, Douglas ficou cada vez mais filantropo, expressando sua intenção de doar para obras de caridade na maior parte de sua fortuna quando os dois morressem.

O casal reconstruiu 400 pátios escolares em Los Angeles e foi responsável pela construção do "Harry's Haven", unidade de tratamento para o Alzheimer inspirada no nome do pai de Kirk no Lar do Fundo do Cinema e da TV em Woodland Hills, Califórnia.

Douglas e Anne tiveram dois filhos: Peter e Eric, que morreu em 2004. O ator ainda deixou sete netos.

*Com informações da AFP