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Com ingresso de R$ 950, Ano-Novo em Inhotim gera revolta: "Acabou a comida"

DJ se apresenta no evento realizado dentro de Inhotim - Instagram/Reprodução
DJ se apresenta no evento realizado dentro de Inhotim Imagem: Instagram/Reprodução

Leonardo Rodrigues

Do UOL, São Paulo

03/01/2020 15h08

Resumo da notícia

  • Evento de Réveillon foi realizado dentro do Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG)
  • Ingressos para evento iam de R$ 96 e chegavam a R$ 950
  • Relatos nas redes sociais reclamam de falta de comida e água para o público
  • Produção fala sobre "intermitências no serviço de operação de bar e ceia"

A festa de Ano-Novo MECANewYear, promovida no Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG), tinha tudo para ser inesquecível: dois dias com shows de Marina Lima, Marcos Valle, bloco de Carnaval, ceia e open bar, com ingressos que iam de R$ 96 e chegavam a R$ 950. E ele foi, mas não da maneira como a maior parte do público imaginava.

Relatos divulgados nas redes sociais afirmam que, em seu segundo dia, 31, na véspera de Ano-Novo, o evento não deu conta de atender a demanda do público. As principais reclamações giram em torno da comida servida, classificada como de má qualidade e em quantidade insuficiente, além da bebida, que teria acabado ainda antes da meia-noite, sendo que a festa ia até 10h.

"Havia pessoas passando fome desde as 22h. Não dava pra segurar. Fui embora às 4h30. Também tinha pouca água disponível, mas meu namorado conseguiu pegar pelo menos duas garrafas", afirma ao UOL a fotógrafa Noora Ladeira, 26, que, junto do parceiro, comprou dois ingressos de R$ 750 cada e se arrepende amargamente. "Tivemos outros gastos que chegaram a quase R$ 4.000, acima do que podíamos pagar."

Imagem do interior do restaurante do festival em Inhotim - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Imagem do interior do restaurante do festival em Inhotim
Imagem: Reprodução/Twitter

Entre as principais reclamações feitas pelo público estão pães de queijo velhos, minipães murchos, carne fria, coxinhas servidas em pratos plásticos e macarrão sem queijo, ao estilo bandejão, nada perto da experiência prometida. Opções veganas e vegetarianas também não apareceram como divulgado. A organização não divulgou o cardápio em sua página nas redes sociais, mas prometeu que o público que comparecesse ao evento não iria se arrepender.

Mais críticas: os drinks acabaram por volta de 23h30, sobrando apenas cerveja quente e sem gelo vendida a R$ 12. Com filas longas, conseguir um lugar para sentar nas mesas espalhadas pelo local era um desafio. Durante o Meca, Também não havia pessoas da produção para receber reclamações ou informar se a comida seria reposta. Apenas faxineiras e alguns outros funcionários circulavam pelo local, fornecendo informações desencontradas, segundo os relatos.

De acordo com uma pessoa do público ouvida pelo UOL, ela chegou a procurar um dos produtores do evento, mas não obteve resposta. "Mesmo tendo contato cara a cara o produtor saiu de perto quando falei a situação do restaurante. Depois veio até a mim por inbox no dia seguinte, e senti que queria me calar depois que postei sobre o que aconteceu. A produção foi irônica comigo e nem pediu desculpa."

Show de DJ no festival em Inhotim - Reprodução - Reprodução
Show de DJ no festival em Inhotim
Imagem: Reprodução

Na internet, MECANewYear chegou a render comparações com o Fyre Festival, luxuoso festival realizado em 2017 nas Bahamas, promovido pelo empresário americano Billy McFarland e pelo rapper Ja Rule, que teve shows cancelados e ofereceu a fãs endinheirados instalações precárias, desorganização e falta de comida e água.

No festival mineiro, ainda sobraram reclamações para a qualidade de projeções de shows de Marcos Valle e de DJs, além as músicas tocadas nos sistemas de som. "Parecia que foi uma comissão de 3º colegial que cuidou do áudio e vídeo. Mas a questão do line-up ruim ficou até secundário frente a tantos erros. R$ 1000 jogador no lixo", conta ao UOL o produtor Fefo Chinarelli. "Ver as bebidas acabando enquanto ainda teria mais 7h de festa foi o mais desesperador. Nem água tinha."

"Intermitências de serviços"

Procurados, os organizadores do Meca divulgaram uma nota pedindo desculpas e compreensão de todos. Procedimentos de reembolso não foram divulgados e os problemas de alimentação, tratados como "intermitências no serviço de operação de bar e ceia".

"Estamos mapeando todas as falhas e aprendizados na operação do evento para que seja sempre garantido um serviço de qualidade para nosso público, para o qual realizamos festivais com muito carinho há dez anos", afirma o festival em nota.

A produção frisou ainda que este foi o primeiro festival de Ano-Novo, com open bar e ceia. "Temos compromisso e responsabilidade de melhorar e evoluir a cada edição, superando desafios e a aprendendo sempre, em respeito e gratidão ao nosso público tão querido e parceria."

Sobre a qualidade serviços oferecidos, o evento afirma ter contratado "produtoras, empresas e profissionais com grande experiência de mercado, que foram surpreendidas pelas projeções e se esforçaram para corrigir todos os problemas. E, certamente, todos também levarão para o futuro esses aprendizados."