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The Witcher: como saga polonesa virou fenômeno dos games e série da Netflix

Universo de The Witcher começou na imaginação de Andrzej Sapkowski, e foi parar nos games e na Netflix - Alessio Sbarbaro/Creative Commons/Reprodução/Divulgação/Netflix/Montagem UOL
Universo de The Witcher começou na imaginação de Andrzej Sapkowski, e foi parar nos games e na Netflix Imagem: Alessio Sbarbaro/Creative Commons/Reprodução/Divulgação/Netflix/Montagem UOL

Guilherme Machado

Do UOL, em São Paulo

13/12/2019 04h00

No dia 20, próxima sexta-feira, a Netflix estreia sua série épica de fantasia: The Witcher. A história é baseada em uma saga de livros, que foi adaptada para os games em uma trilogia muito bem-sucedida. Mas afinal, de onde surgiu a história do bruxo chamado Geralt de Rivia que já está atiçando a curiosidade do público?

Tudo começa na Polônia, mais especificamente na cidade de Lódz, onde nasceu Andrzej Sapkowski, o autor que criou o mundo de The Witcher. Apaixonado por livros, Sapkowski entrou para uma competição literária promovida pela revista Fantastyka, e enviou um conto intitulado O Bruxo.

Ele terminou em terceiro lugar, mas a publicação de sua história teve uma forte resposta do público, que, nas palavras dele, começou a demandar outras fábulas do personagem.

E, assim, ele continuou escrevendo, compilando uma série de contos em livros. Os mais importantes foram A Espada do Destino (1992) e O Último Desejo (1993), que trouxe algumas histórias novas e as originais publicadas pelo autor.

Em 1994, Sapkowski iniciou a saga The Witcher de fato, com cinco livros que contavam uma narrativa contínua: O Sangue dos Elfos (1994), Tempo de Desprezo (1995), Batismo de Fogo (1996), A Torre da Andorinha (1997) e A Senhora do Lago (1999).

Capa do livro O Último Desejo, que reúne os primeiros contos do bruxo Geralt de Rivia escritos por Sapkowski  - Divulgação - Divulgação
Capa do livro O Último Desejo, que reúne os primeiros contos do bruxo Geralt de Rivia escritos por Sapkowski
Imagem: Divulgação

Em todos, as histórias giram em torno do bruxo Geralt de Rivia, um mutante e caçador de monstros profissional que se vê envolvido em uma rede de intrigas ao ter seu destino entrelaçado com Ciri, uma princesa com dons mágicos misteriosos.

O sucesso literário na Polônia levou à adaptações para o cinema e para a TV, batizadas de The Hexer, e lançadas em 2001 e 2002, respectivamente. O filme foi um fracasso de público e crítica, e apesar de o seriado ter tido uma resposta um pouco melhor, acabou sendo cancelado após uma única temporada.

O estouro mundial de The Witcher começaria mesmo em 2007, graças a uma empresa então pouco conhecida: a também polonesa CD Projekt Red, que não produzia filmes ou séries, mas sim games. Interessados na obra do autor, eles o procuraram para comprar os direitos da história para criar baseados nas aventuras de Geralt de Rivia.

"Eu concordei que eles escreveriam uma história completamente nova usando meus personagens, minha ontologia desse mundo louco. Eu disse: 'Por que não? Por favor, por favor, mostrem o quão bom vocês são", declarou Sapkowski em entrevista ao site Eurogamer.

Mal sabia ele o quão verdade se tornariam suas palavras. O primeiro game, chamado apenas de The Witcher, com uma história que funcionava como continuação dos livros, foi lançado com exclusividade para o PC, tendo uma boa recepção e vendendo bem, o que garantiu uma sequência. Em 2011, a CD Projekt Red publicou The Witcher 2: Assassins of Kings.

Então, começou de vez o sucesso: o jogo foi um grande sucesso de crítica e vendeu quase 2 milhões de cópias. Em 2013, os dois jogos lançados haviam vendido um total de 5 milhões de cópias, e a série foi atraindo cada vez mais o interesse do público.

Mas nada se compararia com projeto mais ambicioso da companhia: The Witcher 3: Wild Hunt, que já nos trailers animava, prometendo uma experiência épica, com belos gráficos, uma história enorme e uma jogabilidade que misturava ação e um vasto mundo para explorar.

The Witcher 3 - Wild Hunt - Divulgação - Divulgação
Cena do game The Witcher 3: Wild Hunt
Imagem: Divulgação

O game foi lançado em 2015 e foi um estrondoso sucesso, ganhando uma série de prêmios e se tornando uma verdadeira febre entre o público, que passou centenas de horas mergulhando de vez no universo de Geralt de Rivia. Para se ter uma ideia, em 2019, a série vendeu mais de 40 milhões de cópias ao redor do mundo.

Com o sucesso dos games, o interesse pelos livros que os originaram aumentou, com mais traduções sendo feitas e as vendas impulsionadas. Apesar disso, Sapkowski não é exatamente um fã dos games. "As pessoas me perguntam: 'Os games te ajudam? Eu digo: Sim, na mesma proporção em que eu ajudei os games. Não como se os jogos me promovessem; eu promovi os games com meus personagens", afirmou ele ao Eurogamer.

Independente das tretas, o fato é que a saga se tornou um fenômeno, e logo começou a atrair o interesse de outras mídias. Em 2017, foi anunciado que a Netflix produziria um seriado inspirado nos livros escritos por Sapkowski, e não nos games.

No mesmo ano, Lauren Schmidt Hissrich, conhecida por trabalhos como Demolidor, Os Defensores e The Umbrella Academy, foi anunciada como showrunner do projeto, e em 2018, Henry Cavill, ator conhecido por dar vida ao Super-Homem no cinema, foi confirmado no papel do protagonista Geralt de Rivia. E o resto, como dizem, é história, ainda a ser contada.

Jodhi May e Henry Cavill em cena da série The Witcher, na Netflix - Diuvlgação/Netflix - Diuvlgação/Netflix
Jodhi May e Henry Cavill em cena da série The Witcher, na Netflix
Imagem: Diuvlgação/Netflix