Topo

Iza renova com The Voice e diz não se arrepender de ter dispensado campeão

A cantora Iza - Leo Franco/AgNews
A cantora Iza Imagem: Leo Franco/AgNews

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

09/11/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Iza renovou contrato para sua segunda temporada no The Voice Brasil
  • Cantora diz não se arrepender de ter dispensado do campeão Tony Gordon de seu time
  • Sua nova música traz Ciara e Major Lazer, mas ela nega o início da carreira internacional

Divulgando seu novo trabalho, a música Evapora, parceria com a americana Ciara e o trio Major Lazer, Iza está livre, leve e solta, sem neuras ou arrependimentos sobre os rumos da vida e da carreira. Afinal, "já passou da hora de as pessoas pararem de dizer o que as mulheres negras devem ou não fazer", afirma e reafirma ela em entrevista ao UOL.

Após renovar contrato para sua segunda temporada como técnica no The Voice Brasil, ela diz não se arrepender de ter preterido o pupilo Tony Gordon no duelo com Ana Ruth. Gordon, de 53 anos, foi resgatado por Michel Teló e, no fim, terminou como grande vencedor da oitava edição brasileira do reality.

"Eu sabia que o Tony era um grande favorito. Mas em termos de gosto ali, entre Tony e Ana, eu fiz a escolha que mais fez sentido pro meu coração. Essa é a estratégia que sempre levo comigo para todos os momentos da minha vida", explica a novata Iza, que afirma ter sido carinhosamente recebida no programa pelos colegas Ivete Sangalo, Lulu Santos e Michel Teló. Não que isso a tenha surpreendido.

Sobre críticas, em especial a do colunista do UOL Leo Dias, de que a Globo pode destruir sua carreira e transformá-la em garota-propaganda, Iza escolhe retomar o discurso do empoderamento. "Se eu quiser entrar no The Voice, virar mãe e ficar focada no The Voice, cancelar minha carreira, eu estou no meu direito. Ninguém tem que ficar se preocupando com isso. A não ser eu mesma."

UOL - Você está lançando Evapora, uma música com participações de Major Lazer e Ciara. É o início de uma tentativa de carreira internacional?

Iza - Não é uma tentativa. Quem acompanha meu trabalho, e agora que já estou aqui há um pouco mais de tempo (risos), percebe que tenho uma periodicidade diferente. Então não sei como seria se pensasse "quero fazer uma carreira internacional".

Acho que essa música é um encontro incrível que o universo me proporcionou. Encontrei o Diplo [do Major Lazer] e a Ciara por acaso e tudo surgiu naturalmente. Não poderia deixar passar. Mas não enxergo como uma carreira internacional.

Óbvio que eles são artistas internacionais. Fazer um trabalho com eles acaba levando meu trabalho para outros lugares. Mas acho que isso é de pouquinho em pouquinho. Talvez um primeiro respiro.

Você tem 29 anos e começou profissionalmente relativamente tarde. Lançou o primeiro disco no passado e, desde então, sua ascensão é impressionante. Sucessos, indicações, cargo de jurada do The Voice, Rock in Rio. É uma trajetória fora da curva. O que você acha ter de especial?

É complicado analisar isso quando você está dentro dessa questão. Mas, para mim, chegar depois foi o momento certo. Foi importante. Canto desde criança. Comecei na igreja com 14 anos. Havia uma série de coisas que me seguravam, inclusive inseguranças.

Venho de várias outras experiências de trabalho. Tive vários outros chefes. Tive que bater ponto. Essas experiências agregaram muito. Sou formada em comunicação e, quando comecei, já entendia de audiovisual. Acabei entendendo de coisas que, quando você é cantor, você vai entendendo apenas ao longo da carreira.

Iza agita terceira noite de Rock in Rio 2019, em show com cantora Alcione - Wagner Meier/Getty Images - Wagner Meier/Getty Images
Iza agita terceira noite de Rock in Rio 2019, em show com cantora Alcione
Imagem: Wagner Meier/Getty Images

Mas e o borogodó? O que que a Iza tem?

Aí é você que tem que me dizer (risos). Não sei. Esse tipo de coisa me deixa em dúvida. Evito responder. "Ah, como você se sente representando tanta gente?". Acho que isso acaba tirando você do prumo. Nessa carreira, você é envolvido por pessoas que estão ali por você, para trabalhar com você. E outras pessoas que estão à sua volta porque te amam. Pessoas que que te aplaudem quando você fala qualquer coisa.

O quanto isso atrapalha?

Isso acaba, sim, te tirando um pouco do foco, que é a música. Mas com certeza os passos que dei são conscientes. Sempre me preocupei muito em fazer aquilo que queria fazer e não o que estava dando certo no mercado. Independentemente da idade que você tiver, acho que essa é a melhor receita.

Hoje se fala muito em lugar de fala. Qual você avalia ser o seu?

De mulher, negra, que saiu da periferia. E que fez aquilo que queria fazer. Acho que minha mensagem é que a gente sempre pode ser o que a gente quiser.
Iza

E isso independentemente de nunca ter havido uma pessoa como você no lugar que você quer estar. Acho que já passou da hora de se parar de dizer o que as mulheres negras devem ou não fazer. Quero tocar o coração das pessoas com essa mensagem.

Como foi chegar no The Voice como caçula? Como foi se adaptar ao formato e aos colegas?

The Voice foi milagroso para mim. Primeiro, porque eu não imaginava que receberia o convite. Já tinha sido convidada para participar, como concorrente, mas neguei. Não tenho cabeça para competir. Você começa a passar mal, a ficar desestabilizado. Aí vira outra coisa. Digo milagroso porque fui muito abraçada ali.

Quando você chega em um lugar com pessoas diferentes, é raro se dar bem com todo mundo. E a Veveta, o Lulu e o Teló me acolheram com muito carinho. Acho que não poderia ser diferente. Eles estão estrelas. Fariam isso com qualquer outra pessoa. Mas acho que foi mais do que isso. Rolou uma química legal. O que passava na TV era 20% do que acontecia ali. A gente morria de rir o tempo todo, inclusive quando desligavam os microfones.

Ivete Sangalo, Michel Teló, Lulu Santos e Iza, técnicos do The Voice Brasil (Foto: Globo/ Victor Pollak) - Globo/ Victor Pollak - Globo/ Victor Pollak
Ivete Sangalo, Michel Teló, Lulu Santos e Iza, técnicos do The Voice Brasil
Imagem: Globo/ Victor Pollak

Algum arrependimento por ter descartado o Tony, que viria a ser campeão?

De jeito nenhum. A Ana Ruth teve meu coração até o final. Existem estratégias diferentes, uma forma de jogar. Eu sabia que o Tony era um grande favorito. Mas em termos de gosto ali, entre Tony e Ana, eu fiz a escolha que mais fez sentido pro meu coração. Essa é a estratégia que sempre levo comigo para todos os momentos da minha vida.

E vou te falar: a Ana quase chegou lá. Ficou em segundo lugar. E se eu escolhesse o Tony por ser favorito passaria o resto da competição achando que a Ana iria ganhar (risos). Não me arrependo nem um pouco.

Você já foi criticada por entrar no The Voice, por supostamente assinalar que estaria deixando a carreira na música em segundo plano. O que acha desse tipo de argumento?

Acho complicado você analisar a carreira de uma pessoa assim. Cabe a quem está ali no programa decidir o que vai fazer. E cabe a quem está fora do programa decidir o que vai fazer. Como disse antes, já passou da hora de se parar de dizer para as mulheres negras o que elas devem ou não fazer.

Se eu quiser entrar no The Voice, virar mãe e ficar focada no The Voice, cancelar minha carreira, eu estou no meu direito. E acho que ninguém tem que ficar se preocupando muito com isso, a não ser eu mesma.