Topo

Carnaval do metal: Iron Maiden faz show teatral e elaborado no Rock in Rio

Wilton Junior/Estadão Conteúdo
Imagem: Wilton Junior/Estadão Conteúdo

Leonardo Rodrigues

Do UOL, no Rio de Janeiro

04/10/2019 22h30

Hoje o Iron Maiden não encerrou a noite de shows no palco principal do Rock in Rio. Os britânicos preferiram deixar a tarefa com os Scorpions, uma de suas grandes influências, mas nem por isso o que se viu foi algo minimamente parecido com uma apresentação de abertura.

O espetáculo da turnê Legacy of the Beast é, provavelmente, o mais elaborado e rico em temos de cenografia e alegoria. Em alguns momentos, a impressão era de que estávamos diante de um dos desfiles revolucionários do carnavalesco Paulo Barros ou da coreógrafa Deborah Colker, em formato metal.

Fãs de Iron Maiden cantam The Trooper em coro no Rock in Rio

UOL Entretenimento

Alegoria - 10

Nota dez. Cada música ganhou cênica própria. Na abertura Aces High, um caça Spifire da Segunda Guerra Mundial em tamanho real "voou" e fez manobras sobre os integrantes. Em Flight of Icarus, que não era executada em turnês desde 1986, um boneco de Ícaro surgiu enquanto o vocalista Bruce Dickinson ateava fogo no ar com um lança-chamas. Durante Iron Maiden, uma cabeça demoníaca do mascote Eddie foi erguida infernizado da melhor forma os fãs. Uma imensa catedral do metal ainda foi projetada em Revelation. Um espetáculo digno dos melhores carnavalescos.

Fantasia - 10

Outro dez. Ao estilo de astros do pop, Bruce trocou de roupa diversas vezes durante a apresentação, encarnando do piloto de avião que é em versão vintage ao mosqueteiro que empunha espada e luta com o boneco do mascote Eddie, este trajado como na capa do single de The Trooper. Ele rambém virou sacerdote do metal, transformou-se em "louco" incendiário e mascarou-se fingindo que tem medo do escuro. Adereços também garantiriam pontos valiosos nesta apuração.


Enredo - 10

Mais um dez. Nada de disco novo: o Iron veio ao Brasil homenageando a si mesmo na turnê que divulga o game homônimo para celular. O repertório é 90% de clássicos ou músicas muito bem quistas pelos fãs, como a épica The Clansman, cantada originalmente pelo ex-vocalista Blaze Bailey, uma das favoritas do público ao vivo. Funcionou mais uma vez. A banda desbravou sua discografia, energizou o passado e não negligenciou praticamente nada que produziu de relevante. The Trooper, The Number of the Beast, Revelations e Fear of the Dark emocionaram.

Evolução - 9.9

Você pode não gostar do Iron, da figura de Bruce Dickinson ou do baixista Steve Harris, mas é fato que a evolução dos integrantes beira a perfeição, como um número do Cirque du Soleil. Todos os integrantes estão em ótima forma. Afinal, são décadas fazendo a mesma coisa. Isso torna pequenos erros, como as atravessadas do vocalista e do baterista Nicko McBrain em Fear of the Dark, praticamente imperceptíveis.

Bateria - 9.9

Uma nota para o descarte. Nenhuma crítica a Nicko Mcbrain, normalmente cirúrgico e avesso ao exibicionismo comum em shows de heavy metal. Mais um ponto pra ele. O problema é que houve gente na plateia reclamando do volume do instrumento e do som do Iron em geral. Alguns queriam um show mais intenso e mais barulhento, mas esta nunca foi a vibe do grupo, que prefere o acuro da execução ao esporro. Quem veio diretamente do caótico e memorável show do Slayer, no palco Sunset, pode ter sentido a diferença.