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Em prévia do Rock in Rio, Scorpions mostra com quantas baladas se faz um bom show

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

22/09/2019 08h34Atualizada em 23/09/2019 16h59

Habitué no Brasil --esta é a nona passagem pelo país--, o Scorpions apresentou na noite de ontem em São Paulo, no Allianz Parque, no festival Rockfest, uma prévia do que será o show de encerramento do dia dedicado ao heavy metal no Rock in Rio, em 4 de outubro.

O público pode esperar por uma banda septuagenária energética, consistente e que continua dando conta do ofício. Méritos de quem soube tratar bem a saúde e o repertório: todas as grandes músicas lançadas pela banda entre o fim dos anos 1970 e início dos 1990 estão no setlist.

Início em marcha lenta

Em São Paulo, o show com jeito de coletânea começou devagar. Não exatamente pela escolha do primeiro número, a recente Going Out with a Bang, mas pelo volume do som que saia dos alto-falantes do estádio. Pouca intensidade e sem brilho. O problema foi resolvido totalmente apenas a partir da terceira faixa, a clássica The Zoo, quando as guitarras de Matthias Jabs e Rudolf Schenker enfim acordaram. Não chegou a comprometer o todo.

Baladas conquistaram

A essência sonora do Scorpions é o peso. Junto do UFO e do Judas Priest, o grupo tem importância central no surgimento da sonoridade clássica metal. Ao vivo, a pegada agressiva persiste. Mas, ao menos em São Paulo, com público de cerca de 20 mil pessoas — o anel superior do Allianz estava fechado —, as músicas que mais conseguiram atiçar a plateia, morna na maior parte do tempo, foram as baladas: Send me an Angel, Wind of Change e Still Loving You.

Pra não dizer que não falei dos rocks

Em que pese o gosto paulistano por baladas, justiça seja feita a Rock You Like a Hurricane, que encerrou o show em alta voltagem e ecoando coros. Big City Nights, Blackout e The Zoo também mostraram seu poderio de fogo. Fãs do Scorpions dos anos 1970 também não puderam reclamar com a inclusão do ótimo medley Top of the Bill/Steamrock Fever/Speedy's Coming/Catch Your Train, emendado após a instrumental Coast to Coast, em que o vocalista Klaus Meine também arranha a guitarra.

Garoto setentão

O clichê de roqueiro que não envelhece ganha outra dimensão quando aplicado ao guitarrista Rudolf Schenker. Diferentemente de Jabs, mais discreto, e Klaus Meine, que possui os mesmos 71 anos e é mais paradão, Schenker parece ter um formigueiro nos pés -além de 30 anos a menos. De cabelos curtos descoloridos e óculos escuros aerodinâmicos, ele capricha nos riffs e solos e também na aeróbica com a guitarra. É um garotão, com aparência de guitarrista de new metal, que não cansa de correr.

Guitarra com fumaça

Vai ao Rock in Rio? Você pode esperar então por pirotecnia de arena. Primeiro durante o solo de bateria do ex-Motörhead Mikkey Dee, que nesse momento é içado por cabos em uma plataforma a cerca de seis metros do chão. O número, conduzido pelo bumbo duplo, é feito nos ares. Na sequência, Schenker surge com uma espécie de lança-chamas acoplado na guitarra, mas que em vez de fogo expele apenas fumaça "gelo seco". O telão, que em Make it Real exibiu uma bandeira brasileira tremulante, completa o combo com animações e luzes.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do publicado no primeiro parágrafo, o Scorpions se apresentará no Rock in Rio em 4 de outubro, não no dia 3. A informação foi corrigida.