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Quem é Allan Heinberg, autor da HQ que causou polêmica na Bienal do Rio

Allan Heinberg  - Divulgação
Allan Heinberg Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

06/09/2019 15h28

Autor da HQ Vingadores - A Cruzada das Crianças, que o prefeito Marcelo Crivella determinou recolher na Bienal do Livro do Rio, o roteirista Allan Heinberg é um dos figurões do entretenimento norte-americano, nome respeitado em Hollywood e roteirista do sucesso Mulher Maravilha. Ele também é produtor de diversos filmes e séries, incluindo Sex And The City, Gilmore Girls, The O.C. e Grey's Anatomy.

Abertamente gay, Heinberg também é conhecido por lutar pela representatividade sexual nos cinema, TV e quadrinhos, no qual trabalhou por muitos anos em parceria com o desenhista Jim Cheung. Seu grande sucesso é a série Jovens Vingadores, que apresenta uma versão adolescente dos heróis da Marvel, entre eles os personagens Wiccan e Hulkling, que vivem um dos primeiros casais gays da editora.

Sucesso de crítica e vendas, o trabalho rendeu indicações ao importante Eisner Award e foi premiado como destaque no GLAAD Media Awards. o que permitiu ao autor alçar voos mais altos na DC Comics, onde assinou cinco edições da Liga da Justiça e uma série de quatro edições da HQ da Mulher Maravilha, que o levaram o cinema. Seu próximo trabalho será o longa de Multiple Man, o Homem-Múltiplo, novamente pela Marvel, ainda sem previsão de estreia.

Os Jovens Vingadores - Reprodução - Reprodução
Os Jovens Vingadores
Imagem: Reprodução

A Cruzada das Crianças

Wiccan e Hulkling, os personagens mais polêmicos de Allan Heinberg, são peças centrais na narrativa de A Cruzada das Crianças, série de nove capítulos publicada pela Marvel em 2010 nos Estados Unidos, dentro da saga Jovens Vingadores.

Ao contrário do que o nome pode sugerir, a HQ não é voltada a crianças e nem traz personagens infantis. A história apenas levanta a possibilidade de dois personagens, Wiccan e Speed, serem a reencarnação dos filhos (ou "children", em inglês) da Feiticeira Escarlate. O relacionamento entre Wiccan e Hulkling e a cena do beijo que causou controvérsia no Brasil estão inseridos nesse contexto.

Quando os Jovens Vingadores foram criados, em 2005, Allan Heinberg tinha dúvidas sobre a aceitação por parte de executivos da Marvel e público de um casal homossexual masculino. Chegou a pensar no artifício de transformar Hulkling em uma mulher mutante que se transformaria em forma masculina, mas a ideia foi descartada pela complexidade.

Livro Vingadores A Cruzada das Crianças - Reprodução - Reprodução
HQ Vingadores A Cruzada das Crianças
Imagem: Reprodução

Beijo que demorou

Em 2011, após o lançamento de A Cruzada das Crianças —o beijo só que aconteceria em 2012—, o escritor comentou sobre os limites de cenas íntimas e o motivo de eles não terem tocado os lábios até aquele momento, já que eram um casal havia mais de sete anos.

"Cruzada é basicamente a história do Wiccan, e o Hulkling é uma parte importante dessa história", afirmou em entrevista ao site Bleeding Cool. "Eu poderia fazer uma edição inteira de Wiccan e Hulkling na cama juntos, e a Marvel não teria nenhum problema com isso, desde que sentisse que estava servindo os personagens e levando sua história adiante. A única razão pela qual Wiccan e Hulkling ainda não se beijaram é porque não houve um momento em que a história exigisse que eles se beijassem."

Segundo o escritor, a Marvel não tem uma diretriz clara para a criação ou desenvolvimento de personagens ou cenas LGBT+ em suas histórias. Acontece naturalmente.

"Pela minha experiência, a Marvel tem sido e continua sendo completamente aberta sobre personagens e questões LGBT+ nos quadrinhos de super-heróis mais populares (...) Mas não há agenda editorial sobre essas questões. A Marvel deixa inteiramente a cargo de seus escritores."