Topo

Plácido Domingo é expulso de um festival e apoiado por outro após denúncias de assédio

11.jul.2014 - Tenor Plácido Domingo se apresenta em grande concerto no HSBC Arena, no Rio de Janeiro - Manuela Scarpa/Photo Rio News
11.jul.2014 - Tenor Plácido Domingo se apresenta em grande concerto no HSBC Arena, no Rio de Janeiro Imagem: Manuela Scarpa/Photo Rio News

Caio Coletti*

Do UOL, em São Paulo

13/08/2019 14h35

Com a divulgação, na manhã de hoje, de denúncias de assédio sexual contra o tenor espanhol Plácido Domingo, o mundo da ópera se dividiu. Enquanto a Philadelphia Orchestra retirou o convite para Domingo se apresentar com eles em evento de 18 de setembro, a organização do Festival de Salzburgo está apoiando o cantor.

A presidente do Festival, Helga Rabl-Stadler, confirmou que o tenor espanhol atuará como previsto no evento, no dia 25 de agosto. "Conheço Plácido Domingo há mais de 25 anos. Desde o princípio me impressionou, junto com sua capacidade artística, os seus modos respeitosos com todos os trabalhadores do Festival", afirmou.

Enquanto isso, a Philadelphia Orchestra também revelou sua justificativa para cancelar o convite ao cantor. "Estamos comprometidos com a promoção de um ambiente seguro, respeitoso e apropriado para os músicos, os artistas que colaboram conosco e os nossos compositores", disseram.

Os representantes de Domingo não responderam a contatos da imprensa internacional.

As acusações

As denúncias de assédio contra Domingo foram feitas à Associated Press. De acordo com as supostas vítimas, os casos teriam começado ainda na década de 80. O músico, hoje com 78 anos, é acusado de pressionar várias mulheres em companhias de ópera para ter relações sexuais com elas.

Quem não "aceitava" as investidas de Plácido, segundo a AP, era punido. Uma das mulheres disse que o maestro chegou a colocar a mão dentro sua saia e outras três revelaram que ele forçou beijos. O assédio aconteceria em camarins, quartos de hotéis e até em almoços profissionais.

"Alguém tentando segurar sua mão durante um almoço de negócios é estranho. Colocar a mão no seu joelho durante isso, também. Ele estava sempre tocando você de alguma forma e sempre tentando beijar", revelou uma das mulheres, de forma anônima, ao veículo.

Apenas uma das mulheres permitiu que seu nome fosse usado: Patricia Wulf, uma cantora que atuava com o espanhol. "Toda vez que eu saía do palco, ele ficava nos bastidores esperando. Uma vez, ele veio até mim, o mais perto que podia, colocou o rosto na minha cara e disse: 'Você precisa ir para casa hoje à noite?'".

Plácido Domingo refutou as acusações. Para ele, as alegações "que remontam a 30 anos são profundamente perturbadoras". "É doloroso ouvir que eu posso ter incomodado ou deixar alguém desconfortável. Eu acreditava que todas as minhas interações e relacionamentos eram sempre bem-vindos e consensuais", disse.

*Com informações da EFE