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Dia do orgulho LGBTQ+: 10 momentos da cultura pop que nos deixaram orgulhosos em 2019

A série Pose, o filme Rocketman e a cantora Ludmilla com sua namorada, Brunna Gonçalves - Fotos: Divulgação e Reprodução Instagram/Montagem: UOL
A série Pose, o filme Rocketman e a cantora Ludmilla com sua namorada, Brunna Gonçalves Imagem: Fotos: Divulgação e Reprodução Instagram/Montagem: UOL

Caio Coletti

Colaboração para o UOL

28/06/2019 04h00

28 de junho marca o dia do orgulho LGBTQ+ ao redor do mundo. A data comemora o aniversário da rebelião de Stonewall, que ocorreu em 1969, quando um grupo de clientes de um dos bares LGBTQ+ mais populares de Nova York se confrontaram com a polícia para impedir prisões injustificadas.

A revolta, que foi liderada por mulheres transgêneras como Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera, deu o pontapé inicial na organização do movimento ativista pelos direitos LGBTQ+. No dia do orgulho LGBTQ+ de 2019, a rebelião de Stonewall completa 50 anos.

Nessas cinco décadas, muitas vitórias foram conquistadas pela comunidade LGBTQ+. Embora ainda exista muito preconceito para ser enfrentado, a sociedade como um todo está mais aberta à existência e resistência de pessoas LGBTQ+ do que na época em que Johnson e Rivera lideraram a luta.

Prova disso é a normalização dos retratos LGBTQ+ na cultura pop, seja através de celebridades assumidas, personagens ficcionais ou músicas de todos os gêneros celebrando o amor gay. Só em 2019, tivemos muitos momentos de representatividade que nos encheram de orgulho. Confira 10 deles:

Lulu Santos e o marido, Clebson - Reprodução Instagram - Reprodução Instagram
Lulu Santos e o marido, Clebson
Imagem: Reprodução Instagram

Lulu Santos aceita pedido de casamento de Clebson em show (26/01)

A alegria do músico brasileiro Lulu Santos tem se mostrado contagiante desde que ele assumiu o namoro com Clebson Teixeira, em julho do ano passado. Em janeiro, Lulu foi surpreendido pelo amado durante um show na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. Clebson subiu ao palco, se ajoelhou diante do cantor, e o pediu em casamento. Sob gritos de "aceita, aceita", Lulu beijou o baiano e falou ao microfone: "Esse é Clebson Teixeira, o companheiro da minha vida. E eu aceito. Já aceitei há muito tempo. Sei o quanto isso foi importante para ele porque o conheço muito bem".

Em abril, os dois oficializaram o casório ao assinar documentos de união estável. "Pedi pra que [a união] fosse válida a partir de 6 de maio, porque nasci no [dia] 4 e achei justo que renascesse logo em seguida", escreveu Lulu na ocasião. Mas foi o pedido, mesmo, que mais emocionou o público.

Suranne Jones e Sophie Rundle em cena de Gentleman Jack - Divulgação/IMDb - Divulgação/IMDb
Suranne Jones e Sophie Rundle em cena de Gentleman Jack
Imagem: Divulgação/IMDb

Estreia Gentleman Jack, série com protagonistas lésbicas da HBO (22/04)

No meio do furacão que foi a última temporada de Game of Thrones, a HBO estreou outra de suas produções de prestígio -- e, dessa vez, com protagonistas LGBTQ+. A série Gentleman Jack, feita em parceria com a britânica BBC, conta a história de Anne Lister (Suranne Jones), uma figura real que viveu na Inglaterra do século 19 e desafiou as convenções de sua época ao tomar as rédeas dos negócios da família e, ao mesmo tempo, viver abertamente com outra mulher, Ann Walker (Sophie Rundle).

Baseada na extensa coleção de diários que Lister deixou para trás, e que só foram descobertos mais de um século depois de sua morte, Gentleman Jack se mostrou, durante a primeira temporada, uma série sensível e inteligente. Melhor ainda é saber que a HBO já renovou a produção para o segundo ano.

Os diretores Anthony e Joe Russo em pré-estreia de Vingadores: Ultimato - John Phillips/Getty Images - John Phillips/Getty Images
Os diretores Anthony e Joe Russo em pré-estreia de Vingadores: Ultimato
Imagem: John Phillips/Getty Images

O personagem gay em Vingadores: Ultimato (25/04)

Comparado a alguns outros itens da nossa lista, a representatividade LGBTQ+ em Vingadores: Ultimato pode parecer pequena. De fato, a cena em que o codiretor do filme, Joe Russo, interpretou um homem gay que conta a história do seu primeiro encontro após a morte do marido, uma das vítimas do estalar de dedos de Thanos (Josh Brolin), é rápida e pouco significativa para a trama do filme. No entanto, ele ainda conta como o primeiro personagem abertamente LGBTQ+ na maior franquia cinematográfica da atualidade, o universo Marvel.

O diálogo na cena é bonito, com o Capitão América (Chris Evans) apoiando o personagem de Russo e dando-lhe um conselho sobre como seguir em frente após um momento de luto. Além disso, a Marvel promete fazer melhor nos próximos anos, provavelmente introduzindo o seu primeiro herói LGBTQ+.

Nasce o "pocnejo": Gabeu, filho de Solimões, lança Amor Rural (24/05)

Com o nome artístico de Gabeu, o filho do sertanejo Solimões se lançou como cantor com a música Amor Rural. A letra conta, com muito bom humor, a história de dois homens apaixonados que decidem não mais esconder o que sentem um pelo outro. "Vamos assumir o nosso amor rural/ Sai desse armário e vem pro meu curral/ Como nós, nunca se viu/ Duas potranca no cio/ Num cruzamento adoidado", diz o refrão. Gabeu é assumido e namora o roteirista Well Bruno, com a devida "bença" do pai famoso.

Segundo o próprio Gabeu, a música marca o nascimento de um novo gênero: o pocnejo (união das palavras sertanejo e "poc", gíria carinhosa utilizada pela comunidade LGBTQ+ para se referir a rapazes gays). Assim como o feminejo, encabeçado por Marília Mendonça e companhia, que surgiu como opção dentro do gênero, apostamos que o pocnejo veio para ficar.

Elton John (Taron Egerton) e John Reid (Richard Madden) em cena de "Rocketman" - Reprodução - Reprodução
Elton John (Taron Egerton) e John Reid (Richard Madden) em cena de "Rocketman"
Imagem: Reprodução

O sucesso de Rocketman, com 1ª cena de sexo gay em filme de grande estúdio (30/05)

"Eu não vivi uma vida permitida para menores". Essa foi a justificativa de Elton John ao fazer campanha para manter a classificação indicativa mais severa (nos EUA, o temido "R"; no Brasil, para maiores de 16 anos) de Rocketman, a sua cinebiografia estrelada por Taron Egerton (Kingsman). Isso permitiu que o diretor Dexter Fletcher incluísse uma cena de sexo quente entre Egerton e Richard Madden, que viveu o empresário John Reid, o primeiro amor da vida de John (e um parceiro para lá de abusivo).

Surpreendentemente, essa decisão fez de Rocketman o primeiro filme de um grande estúdio de Hollywood a incluir uma cena de sexo gay. Feito por pouco mais de US$ 40 milhões, o filme já arrecadou mais de US$ 150 milhões ao redor do mundo, sagrando-se um sucesso de bilheteria e provando que o público também se interessa por histórias LGBTQ+ que encaram a sexualidade de seus personagens com franqueza e ousadia.

A atriz Ellen Page se declara para a mulher Emma Portner no Instagram - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
A atriz Ellen Page se declara para a mulher Emma Portner no Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Ellen Page, Ludmilla e Cara Delevingne celebram seus amores (e viralizam) (02 a 14/06)

No dia 2 de junho, no comecinho do mês do orgulho LGBTQ+, a atriz Ellen Page "quebrou a internet" ao postar uma foto em que aparece beijando a mulher, a dançarina Emma Portner. A foto em preto e branco, em que as duas apareciam nuas, angariou mais de 481 mil curtidas no Instagram. Duas semanas depois, no dia 14, foi a vez da modelo e atriz Cara Delevingne finalmente assumir o namoro com a atriz Ashley Benson, com um vídeo em que as duas aparecem se beijando -- a postagem dela se mostrou ainda mais popular, com 7 milhões de curtidas na rede social.

Aqui no Brasil, o frisson foi criado pela funkeira Ludmilla, que assumiu namoro com sua dançarina, Brunna Gonçalves, no dia 3 de junho. Uma das músicas do novo DVD da diva, intitulada Espelho, foi escrita para o seu novo amor. A primeira foto do casal foi curtida por mais de 1,7 milhão de pessoas no Instagram, mostrando que a onda de aceitação e amor se espalha lá dos EUA até o Brasil.

Jen Richards e Daniela Vega em Crônicas de San Francisco - Divulgação/IMDb - Divulgação/IMDb
Jen Richards e Daniela Vega em Crônicas de San Francisco
Imagem: Divulgação/IMDb

Netflix ressuscita Crônicas de San Francisco (07/06)

Um marco da representatividade LGBTQ+ na literatura (onde começou a ser lançada nos anos 1970) e na TV (onde foi produzida a partir de 1993), a saga Tales of the City fez um retorno triunfal na Netflix com o título brasileiro de Crônicas de San Francisco. Os dez episódios do serviço de streaming deram continuidade à história de personagens pioneiros da representatividade, como a magnânima e misteriosa Anna Madrigal (Olympia Dukakis), uma das primeiras mulheres transgêneras a protagonizar uma série de TV.

Outro aspecto bem interessante que Crônicas de San Francisco resgatou da original foi o retrato de um homem (o sempre adorável Michael "Mouse" Tolliver, agora vivido por Murray Bartlett) convivendo com a AIDS, provando que a doença não é uma sentença de morte hoje em dia. Entre as novas personagens introduzidas no reboot, destaque para Shawna (Ellen Page, ela de novo!), a filha lésbica da protagonista da saga, Mary Ann (Laura Linney).

Detalhe do pôster da segunda temporada de Pose - Divulgação - Divulgação
Detalhe do pôster da segunda temporada de Pose
Imagem: Divulgação

O sucesso da segunda temporada de Pose (11/06)

Pose é uma revolução em formato de série. Quando a produção de Ryan Murphy (Glee, American Horror Story) estreou, no ano passado, seu elenco largamente composto por atrizes transgêneras negras, além de sua ousadia em abordar a vida dos indivíduos LGBTQ+ envolvidos no cenário dos "ballrooms" nos anos 1980, em Nova York, no auge da epidemia da AIDS, já chamou a atenção da crítica. Com a chegada da segunda temporada, a trama se confirmou como um grande sucesso de público, marcando 1,2 milhão de espectadores, número alto para os padrões do canal fechado FX, que exibe a série nos EUA.

O resultado do recorde? Uma renovação imediata para a terceira temporada, o que garante que Pose continuará, em 2020, corajosamente contando as histórias de pessoas LGBTQ+ raramente vistas nas telas da TV ou do cinema.

Daniela Mercury e Malu Verçosa são só amor em Duas Leoas (12/06)

O Dia dos Namorados de 2019 no Brasil foi marcado pela celebração de um amor lindo, musical, descontraído... e LGBTQ+. No dia 12 de junho, a data mais romântica do ano, Daniela Mercury lançou o clipe de Duas Leoas, em que atua e canta junto com a mulher, Malu Verçosa. A canção fala sobre o relacionamento amoroso delas, duas leoninas (o que justifica o título).

"Nós duas, nós nuas, e o nosso amor à toa", canta a baiana logo no início. O casal dedicou o vídeo, que traz várias cenas de intimidade delas, à comunidade LGBTQ+ e aos ministros do STF, que recentemente votaram por criminalizar a homofobia. Duas semanas depois, no dia 24 de junho, Daniela e Malu compareceram à Câmara dos Deputados, onde discursaram sobre direitos LGBTQ+ e viraram manchete ao selarem seu amor com um beijo.

Taylor Swift e seu exército de amigos LGBTQ+ no clipe de You Need to Calm Down (17/06)

A música You Need to Calm Down traz a popstar Taylor Swift detonando os trolls da internet, incluindo aqueles que destilam preconceito contra seus (muitos) amigos LGBTQ+. No clipe, essa mensagem ficou ainda mais clara com a participação especial de um batalhão de celebridades assumidas, de Ellen DeGeneres e Adam Lambert aos meninos do reality show Queer Eye e à cantora Hayley Kiyoko.

"Você é alguém que não conhecemos/ Mas está perseguindo meus amigos como um míssil/ Por que você está bravo?/ Quando poderia estar feliz", diz Swift em um dos versos da música, usando a sigla GLAAD, em homenagem a uma organização norte-americana que luta pela causa LGBTQ+.Taylor ainda finalizou o clipe pedindo que os fãs assinassem uma petição para pressionar o Senado norte-americano a passar uma legislação que protegeria a comunidade LGBTQ+.