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De atrasos a James Cameron, site investiga o que deu errado com X-Men: Fênix Negra

Detalhe de pôster de "X-Men: Fênix Negra" - Divulgação
Detalhe de pôster de "X-Men: Fênix Negra"
Imagem: Divulgação

Caio Coletti

Colaboração para o UOL

10/06/2019 12h24

X-Men: Fênix Negra estreou arrecadando US$ 33 milhões nos cinemas norte-americanos no último fim de semana, o pior número da história da franquia iniciada em 2000. Em matéria publicada hoje, o site do The Hollywood Reporter mergulhou nos bastidores do filme para tentar analisar o que deu errado na produção.

Segundo fontes do site, os problemas começaram após o lançamento de X-Men: Apocalipse, em 2016. O filme arrecadou US$ 200 milhões a menos do que o seu predecessor, Dias de Um Futuro Esquecido, e foi mal recebido tanto pelos fãs dos mutantes quanto pela crítica especializada.

Em uma série de reuniões para discutir o futuro da franquia, o argumento dos chefes da Fox era que Apocalipse falhou por apostar demais em explosões e cenas de ação épicas, e de menos nos personagens. "Nunca foi levantada a possibilidade de que a franquia estivesse saturada. Achamos que Apocalipse foi uma anomalia, que fizemos algo errado com o filme. Estávamos equivocados", disse uma das fontes do THR.

Por conta dessa filosofia, X-Men: Fênix Negra foi concebido como uma correção de curso, mas não um reboot. Trazendo de volta o elenco que estrelava a franquia desde X-Men: Primeira Classe (2011), e recontando uma história clássica dos quadrinhos, que já havia sido adaptada em O Confronto Final (2006), o filme até mesmo trouxe o roteirista de longa data da série, Simon Kinberg, em sua estreia como diretor.

A ideia de colocar o britânico na nova função veio depois de Kinberg assumir as câmeras de Dias de Um Futuro Esquecido e Apocalipse nos dias em que o diretor Bryan Singer estava "indisposto" para comparecer ao set. O elenco gostou do estilo do roteirista no comando, e só aceitou fazer mais um filme mediante a sua contratação como diretor.

Refilmagens e Alita

A fotografia principal de Fênix Negra ocorreu durante junho e outubro de 2017, mas logo no início da pós-produção ficou claro que refilmagens seriam necessárias. Não é algo incomum para grandes produções de Hollywood, mas Fênix Negra teve que encarar o desafio de acertar as agendas de astros bastante ocupados, como Jennifer Lawrence, James McAvoy e Jessica Chastain.

Por conta dessa dificuldade, as tais refilmagens só puderam acontecer em outubro de 2018 -- e assim aconteceu o primeiro adiamento de X-Men: Fênix Negra. Originalmente marcado para 2 de novembro de 2018, o filme foi remarcado para 14 de fevereiro de 2019 e, só depois, para a data em que realmente chegaria aos cinemas norte-americanos: 7 de junho.

O segundo adiamento não foi por conta de atrasos na produção, no entanto, mas sim por pressão de ninguém menos do que James Cameron. O cineasta, que detém grande poder na Fox, exigiu que o seu Alita: Anjo de Combate fosse retirado da data original de dezembro de 2018 e colocado fevereiro, obrigando o estúdio a empurrar X-Men para junho, no meio da temporada de verão norte-americana.

Cameron estava preocupado que, em dezembro, Alita não fosse conseguir se destacar em meio a lançamentos fortes como Aquaman, Bumblebee e O Retorno de Mary Poppins, e por isso pressionou pela mudança. Os produtores de X-Men: Fênix Negra, no entanto, tinham preocupações semelhantes com a nova data do seu filme, que foi concebido para ser "menor" do que Apocalipse e os outros capítulos da franquia dos mutantes.

O fator Disney

Ao mesmo tempo, a finalização da compra da Fox pela Disney forçou uma reestruturação no estúdio que produziu X-Men: Fênix Negra, mas ainda não havia colocado o filme nos cinemas. Executivos de publicidade que estavam planejando a campanha do filme desde o começo foram demitidos ou substituídos, porque seus cargos se tornaram redundantes durante a fusão das duas companhias.

"A campanha de marketing para Fênix Negra foi improvisada. Esse é o filme final dos X-Men? É sobre o retorno de uma personagem? Esse filme simplesmente se perdeu", disse um ex-executivo da Fox para o THR. Em pesquisas de público, apenas 75% dos entrevistados confirmaram estar cientes do lançamento de Fênix Negra, um número muito baixo para grandes produções hollywoodianas.

"Quando as pessoas estão mais cientes do lançamento de Rocketman do que de um filme dos X-Men, sabemos que estamos em território estranho", comentou outra fonte da matéria. Após o fracasso confirmado nas bilheterias, outro executivo da Fox comentou: "Se a fusão [da Disney com a Fox] não tivesse acontecido, muita gente envolvida nesse filme estaria demitida hoje de qualquer jeito".