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"Good Girls": Série é pérola pronta para ser descoberta na Netflix

Cena da série "Good Girls" - Divulgação
Cena da série "Good Girls" Imagem: Divulgação

Caio Coletti

Colaboração para o UOL

01/06/2019 04h00

O que três mulheres desesperadas fariam para salvar suas famílias? Quão longe elas iriam? Essas são as perguntas feitas por "Good Girls", série cuja segunda temporada chegou ontem à Netflix. A produção, que mistura comédia e drama de forma harmoniosa, já está renovada para o seu terceiro ano, e é uma pérola pronta para ser descoberta no catálogo da plataforma.

"Good Girls" começa com Beth (Christina Hendricks, de "Mad Men"), a irmã mais nova Annie (Mae Whitman, de "Duff"), e a melhor amiga Ruby (Retta, de "Parks and Recreation") reunindo-se na porta dos fundos de um supermercado. Elas logo vestem máscaras de esqui e invadem o local, armas em punho, anunciando um assalto -- mas como elas foram parar ali?

Beth recentemente descobriu que o marido, Dean (Matthew Lillard, de "Scooby-Doo"), não só a traiu com a secretária como também arruinou as finanças da família, que pode perder a casa em breve; Ruby tem uma filha doente que precisa de remédios e cirurgias caras, difíceis de pagar com o seu salário de garçonete e o do marido, um segurança de shopping; e Annie vai ter que contratar um advogado para lutar pela guarda da filha contra o ex-marido ricaço.

A história dessas mulheres espirituosas, que se voltam para o mundo do crime frente a todas essas dificuldades, é o núcleo de "Good Girls". Abaixo, listamos algumas razões que fazem da série uma boa escolha para ser o seu próximo vício na Netflix.

Heroínas ou vilãs?

Se a premissa de "Good Girls" lhe pareceu familiar, não é à toa. Séries como "Breaking Bad" e "Ozark" já trouxeram histórias de homens comuns que se tornaram criminosos pela força da necessidade -- mas "Good Girls" não é protagonizada por homens. Um dos aspectos mais bacanas da série da Netflix é que ela permite que as mulheres interpretem o papel de anti-heroínas, um estereótipo pelo qual as séries de TV têm muito apreço.

"Good Girls" vive reconsiderando a moralidade dessas mulheres e os motivos que a levaram a esses extremos. Por exemplo: com o passar dos episódios, o tédio que Beth sente com sua vida suburbana aparentemente perfeita, atrás da qual se escondem muitas hipocrisias, se torna parte tão importante de sua história quanto a traição de Dean.

Série para relaxar (e pensar)

Enquanto mergulha na vida dessas mulheres, "Good Girls" acaba esbarrando em vários temas importantes. O filho de Annie, por exemplo, é inicialmente apresentado como filha: Sadie revela, na segunda temporada, que se identifica com o gênero masculino. A trama acompanha a vida real do ator Isaiah Stannard, que também é transgênero.

Enquanto isso, outras duas personagens lidam com casos de abuso sexual durante a série -- mas "Good Girls" nunca deixa o clima ficar pesado. A série respeita a gravidade desses temas, e os aborda com respeito e responsabilidade, mas aposta no humor do dia a dia para mostrar como seus personagens lidam com tudo isso, tornando-os mais envolventes no processo.

Christina Hendricks, Mae Whitman e Retta em "Good Girls" - Reprodução - Reprodução
Christina Hendricks, Mae Whitman e Retta arrasam em "Good Girls"
Imagem: Reprodução

As donas do jogo

A maior virtude de "Good Girls", no entanto, é provavelmente o seu trio de atrizes principais. Hendricks passou sete temporadas vivendo Joan Harris em "Mad Men", e angariou seis indicações ao Emmy pelo caminho. Embora nunca tenha vencido a estatueta, ela mostra porque é uma das atrizes mais admiradas da TV ao dar vida a uma Beth cheia de dúvidas, mas também inegável atração pelo estilo de vida criminoso no qual esbarrou.

Já Retta será eternamente a Donna de "Parks and Recreation" para os fãs de comédia, mas aproveita a chance de explorar outro lado de seu talento em "Good Girls". Sua Ruby, embora tenha ótimos momentos cômicos, é também o coração do trio principal -- e a atriz prova que dá conta do recado ao expressar a ansiedade econômica e ética da personagem com uma atuação à flor da pele.

Entre as duas, Mae Whitman é a arma secreta de "Good Girls". Conhecida por papéis mirins ("Independence Day", "Friends") e adolescentes ("Duff", "As Vantagens de Ser Invisível", "Parenthood"), ela agarra com unhas e dentes a oportunidade de construir uma mulher adulta e falha, que toma decisões impulsivas e ainda está tentando descobrir como dar um jeito em sua vida. Não raro, Whitman é a melhor parte de uma série cheia de qualidades.