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Como Gaab passou de "filho do Rodriguinho" a compositor e cantor

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Imagem: Divulgação

Osmar Portilho

Do UOL, em São Paulo

30/05/2019 04h00

Quem vê os créditos das canções que estão no álbum "Hey, Mundo" (2015), de Thiaguinho, não imagina que há um adolescente entre os nomes dos compositores. Mas ele está lá: Gabriel Fernando, o Gaab. Entre seus 14 e 15 anos, ele tomou coragem, pegou os versos que rabiscava em anotações e mandou para o cantor. "Foi ali onde começou tudo. Foi o próprio Thiaguinho que me mostrou que a parada era grande. Você criança não vai se arriscar entre os grandes. Foi uma provação profissional pra mim", disse Gaab, ao UOL, por telefone.

O músico, filho de Rodriguinho (Os Travessos), aproveitou a proximidade com Thiaguinho para testar sua própria habilidade na composição. E a resposta foi positiva. "Mandei sem pretensão nenhuma. E descobri que ela tinha a capacidade de estar na voz de um artista tão grande. Foi aí que comecei a fazer minha história, a partir da composição".

Desde "Pra Que Viver Nesse Mundo", que foi a primeira música de trabalho daquele álbum, Gaab não parou mais. Aquele estímulo se transformou em uma carreira na música que se concretiza agora também em formato ao vivo com o DVD "Positividade".

É uma sensação que eu nunca tinha tido de ver a galera cantando no ao vivo. A emoção se transmite de outra forma. Pra todo mundo que tá ali é outro show. É outra versão da música. Ela se transforma.

O registro, realizado no Praça da Cruz Caída, em Salvador, tem inúmeras participações especiais, como MC Livinho, 1 Kilo, MC Davi, MC Hariel e a elogiada Negra Li: "a realização de um sonho". "Sempre quis cantar esse tipo de black e a Negra Li sempre foi a nossa referência brasileira desse som. Sempre me imaginei gravando com ela".

Gaab e seu pai, Rodriguinho, durante apresentação - Instagram/Reprodução - Instagram/Reprodução
Imagem: Instagram/Reprodução

"Não tem como falar de Gaab e não falar do meu pai"

Rodriguinho é presente na carreira do filho. O cantor assina a direção musical do lançamento. "Eu e ele fizemos toda a produção. Fiz toda a parte do beat, eletrônica e efeitos. Ele cuidou de tudo da banda".

Gaab comemora a proximidade com o pai e a chance de realizar projetos com ele, principalmente porque a música os aproximou. "Meu pai na minha infância era bem distante de mim. Hoje eu entendo também porque eu viajo muito. Ele e minha mãe eram separados. Aí piorou tudo. Meu pai eu acabei convivendo com ele de adolescente e mais pra frente".

"Vou me jogar"

Aquela música que Gaab escreveu ao lado do pai e de Thiaguinho para o álbum "Hey, Mundo" serviu de estímulo para continuar escrevendo para outros artistas. Ele aproveitou todo o tempo que tinha para escrever letras, criar faixas no computador e usar um estúdio dos amigos para se meter mais ainda no meio da produção de faixas. Em certo momento, reparou que além de suas letras serem usadas pelos músicos, muitos também aproveitavam suas melodias e riffs. Foi aí a hora de dar sua própria voz para as composições.

Gaab durante a gravação do DVD "Positividade", em Salvador - Divulgação - Divulgação
Gaab durante a gravação do DVD "Positividade", em Salvador
Imagem: Divulgação

"Eu sempre mandava as músicas para os caras e percebia que eles faziam do jeito que eu tocava no violão. Pô, então minhas ideias são boas. Se os caras tão aproveitando tudo, eu vou me jogar".

Com o auxílio da internet, emplacou números invejáveis mesmo para seu pai, especialista em hits radiofônicos. Só no YouTube tem milhão de inscritos. A faixa "Só Você Não Vê" já soma 32 milhões de visualizações.

"Ele me ensinou a ser eclético"

"O meu pai, mesmo sendo do pagode, ele ouvia muitos estilos dentro de casa. Ele sempre gostou de black, rock. Ele sempre gostava de colocar uma batida diferente para inserir no pagode. Foi daí que peguei essa base e essa experiência pra fazer essa ideologia na minha onda. Ele me ensinou a misturar tudo mesmo", contou Gaab.

E o som do cantor define bem a ruptura que as gerações mais recentes têm com gêneros. "Antes era tudo muito rotulado. O pagode hoje tem guitarra com solo, funk vai pro rap, rap vai pro funk, sertanejo é muito pop rock, tem também eletrônico. O rótulo é mais pelo mercado do que pela música".

Tem lugar pra todo mundo e quero ter esse espaço.