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Como a franquia "Velozes & Furiosos" pode ficar tão grande quanto "Vingadores"

Dwayne Johnson e Vin Diesel durante divulgação de "Velozes & Furiosos 5 - Operação Rio" - Reprodução/YouTube
Dwayne Johnson e Vin Diesel durante divulgação de "Velozes & Furiosos 5 - Operação Rio" Imagem: Reprodução/YouTube

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

13/05/2019 04h00

"Velozes & Furiosos" movimentou a semana de Hollywood com algumas novidades: o poderoso produtor Neal Moritz saiu da franquia e a personagem de Charlize Theron pode ganhar um derivado solo. Porém, o que chamou a atenção mesmo é que a intenção da saga é crescer mais. Muito mais.

Segundo o THR, a Universal Pictures vai se espelhar em ninguém menos que a Marvel para criar uma espécie de novo "Vingadores" -- desta vez com carros velozes no lugar de Thanos, Homem de Ferro, Capitão América e companhia.

A iniciativa de montar um universo compartilhado é arriscada, ainda mais para uma série de filmes que já rendeu mais de US$ 5 bilhões e está confortável com seus lucros. Ainda assim, pode significar uma revolução no cinema e tem tudo para dar certo.

"Hobbs & Shaw", um spin-off focado apenas nos personagens de Dwayne "The Rock" Johnson e Jason Statham, chega aos cinemas em agosto com promessa de blockbuster e um derivado voltado apenas para as mulheres de "Velozes & Furiosos" já está em desenvolvimento.

Entenda a seguir como "Velozes & Furiosos" pode ser influenciado pelo sucesso do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) e os obstáculos para crescer ainda mais em um mercado abarrotado de cinema de ação.

Dwayne Johnson e Jason Statham em "Hobbs and Shaw" - Divulgação - Divulgação
Dwayne Johnson e Jason Statham em "Hobbs & Shaw"
Imagem: Divulgação

Marca conhecida e de sucesso

O primeiro título foi lançado em 2001 e arrecadou cinco vezes o custo de produção, alcançando a marca dos US$ 207 milhões e criando uma legião de fãs. Mas a força da série caiu com o terceiro filme, "Desafio em Tóquio" (2006), e afundou de vez no capítulo seguinte. Precisava de algo mais atrativo para chamar a atenção -- e a resposta foi The Rock.

"Velozes & Furiosos 5 - Operação Rio" arrecadou US$ 626 milhões (o dobro do anterior) e colocou a franquia nos eixos. Desde então foram mais de US$ 3,5 bilhões e o nono episódio da trama original chega aos cinemas em 2020.

O público acompanhou a mudança de estilo da saga -- as corridas ilegais foram deixadas de lado para focar em serviços de inteligência aos moldes de "Missão: Impossível" e James Bond -- e vem aprovando os momentos surreais, divertidos, explosivos e com muitos clichês.

O MCU surgiu com um filme de um herói que não era dos mais populares. No final das contas, Homem de Ferro ganhou milhões de fãs e se transformou no símbolo do estúdio. O caminho de "Velozes & Furiosos" pode ser mais fácil ainda, já que tem personagens conhecidos do público e sucessos recentes de bilheteria.

O que isso significa? Que a franquia já começaria com o pé direito a ampliar seu universo e o risco seria menor neste caso de grandes fracassos para o estúdio.

Vin Diesel e Dwayne "The Rock" Johnson em cena de "Velozes & Furiosos 5: Operação Rio" - Reprodução - Reprodução
Vin Diesel e Dwayne "The Rock" Johnson em cena de "Velozes & Furiosos 5: Operação Rio"
Imagem: Reprodução

Batalha de egos

The Rock foi um dos principais responsáveis por revitalizar o nome "Velozes & Furiosos", mas a briga recente com Vin Diesel pode ser um fato negativo para quem quer crescer tanto a ponto de alcançar os números da Marvel.

"Hobbs & Shaw" foi anunciado em abril de 2017, sem ligação alguma com o núcleo formado com Dom e sua trupe. Horas após a novidade, o ator Tyrese Gibson, que faz Roman Pearce, criticou The Rock por separar a "família Velozes".

A questão é que The Rock, o ator mais bem pago do último ano, sentiu que poderia ser responsável por uma ramificação da marca. O seu filme solo traz ainda Idris Elba como um supervilão praticamente saído dos quadrinhos -- mais uma influência da Marvel, talvez?.

Vin Diesel não promoveu o filme do ex-colega de trabalho, mas The Rock não precisa parecer de muita ajuda para arrecadar dinheiro nas bilheterias ou fazer o seu estilo de filme. Duas franquias de sucesso e independentes dentro da mesma marca é um ponto para a Universal celebrar.

O perigo desta rixa, caso a Universal Pictures realmente queira ampliar tanto a franquia, é que uma hora os protagonistas precisarão se reencontrar -- como foi em "Vingadores". Será que eles topariam unir forças em mais um filme ou vai ser cada um por si em seu império cinematográfico?

Vin Diesel e Michelle Rodriguez em cena de "Velozes & Furiosos 8" - Reprodução - Reprodução
Vin Diesel e Michelle Rodriguez em cena de "Velozes & Furiosos 8"
Imagem: Reprodução

Personagens carismáticos

A Marvel construiu o MCU com os principais heróis da empresa, cada um com sua personalidade e que combinou perfeitamente em conjunto. "Velozes" segue o mesmo padrão.

Dom é o paizão de todos, aquele que valoriza a família antes de tudo, a representação do americano trabalhador que lutou para chegar onde está. Já Roman é o alívio cômico enquanto Letty (Michelle Rodrigues) mostra a força feminina e Tej (Ludacris) é o gênio por trás dos planos infalíveis.

Hobbs entrou como o policial sem escrúpulos no quinto filme, mas percebeu que Dom e sua turma não eram corruptos e que são os melhores no que fazem. Ele ficou tão popular que até ganhou um filme solo, e trouxe com ele Shaw, o mercenário divertido que fica divido entre o bem e o mal -- praticamente uma versão terráquea de Loki.

Os vilões também tiveram papel fundamental na saga, um exemplo é Cipher (Charlize Theron) que roubou a atenção no oitavo filme e mira um derivado. Brixton, de "Hobbs & Shaw", também tem tudo para conseguir muitos fãs -- e de repente um filme solo pode cair como uma luva.

A franquia sempre foi inteligente de ter personagens secundários bons e que acrescentaram ao enredo, além de produções que já foram dirigidas por James Wan (colhendo frutos agora com "Aquaman"), Justin Lin (que vai comandar o nono filme e ainda fez "Star Trek: Sem Fronteiras") e F. Gary Gray (de "Straight Outta Compton: A História do N.W.A." e do vindouro "MIB: Homens de Preto - Internacional").

Roteiro mais do mesmo?

Uma das fórmulas da Marvel é conseguir ser criativa com cada enredo. Claro que filmes de super-heróis precisam seguir um padrão e já tem uma história definida nos quadrinhos, mas ainda assim o estúdio conseguiu dar personalidade e cativar o público com os filmes.

Michelle Rodriguez divide a cena com Luke Evans em "Velozes e Furiosos 6" - Divulgação/IMDb - Divulgação/IMDb
Michelle Rodriguez divide a cena com Luke Evans em "Velozes e Furiosos 6"
Imagem: Divulgação/IMDb

Mas como desenvolver mais "Velozes & Furiosos"? A diferença entre o primeiro e o oitavo filme é gigantesca, não apenas pelo orçamento, mas também pelo direcionamento da trama. Esqueça as corridas noturnas e filas de carros formando a pista. Agora temos um vilão com planos de derrotar o mundo, hackers comprovando a força da rede, cenários grandiosos e momentos impossíveis -- porque todo filme de ação merece um clichê.

Ainda assim, a ideia central de todos os filmes é a mesma. Mesmo que Dom tenha "traído" a família em um primeiro momento no filme anterior, a fórmula seguiu como o previsto, e não necessariamente vá funcionar a todo momento em um universo próprio.

O spin-off focado nas mulheres da franquia já contratou roteiristas de "Capitã Marvel" e "Guardiões da Galáxia" para desenvolver o enredo, o que é uma jogada inteligente: chamar quem ajudou a construir o universo mais rico do cinema para criar seu próprio império.

"Hobbs & Shaw" chega aos cinemas em agosto de 2019. "Velozes & Furiosos 9" estreia em 2020 e rumores de que o 10º filme está previsto para 2021.

Trailer legendado de "Hobbs & Shaw"

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