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Lenda sobre cocaína enterrada no Caribe vira documentário maluco na Netflix

Cena de A Lenda da Ilha do Pó - Reprodução/Netflix
Cena de A Lenda da Ilha do Pó Imagem: Reprodução/Netflix

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

14/04/2019 04h00

Uma caça a um tesouro de US$ 2 milhões que está enterrado em uma ilha. Mas, em vez de notas de dólar, essa grana toda está em 30 quilos de cocaína, que terá que ser vendida para que vire dinheiro. É essa história que conta "A Lenda da Ilha do Pó" ("The Legend of Cocaine Island"), documentário da Netflix lançado no fim de março.

A produção é um prato cheio para quem viu "Fyre Festival: Fiasco no Caribe", sobre o fracassado festival musical que seria realizado nas Bahamas, e é tão surpreendente quanto, com uma caça ao tesouro contemporânea.

A primeira razão para isso é a linguagem: há um toque de humor muito forte, tratando o caso como uma lenda, como o título diz, e usando de certo escracho com os personagens. E também porque o próprio caso é totalmente surreal e é retratado com reencenações que passam esse tom.

A lenda

Um aviso no começo do documentário indica: nem tudo que ele conta pôde ser comprovado. Vê-se por que rapidamente. A história se passa na Ilha Culebra, em Porto Rico. É lá que surgiu a lenda de que Julian Howell, um ativista pró-tartarugas, encontrou em pleno mar uma mala impermeável com cerca de 30 kg de cocaína, e a enterrou.

Anos depois, Howell contou sua história, bêbado e à beira de uma fogueira, a um grupo de amigos, nos Estados Unidos. Ele provavelmente não esperava que alguém levasse a sério e seguisse sua trilha. Mas Rodney Hyden achou uma boa ideia checar a veracidade e tentar reembolsar a grana.

Um cidadão comum

Rodney Hyden tinha um motivo para querer ir atrás da droga. Ele era um rico dono de uma companhia de construção, até que veio a recessão nos EUA e ele perdeu quase tudo, a ponto de trocar uma mansão por um motorhome. Sentindo-se culpado em não dar o luxo que queria para a esposa, Hyden ignorou os riscos e foi atrás da droga.

Andy - Reprodução/Netflix - Reprodução/Netflix
Andy, personagem do documentário, é um dos responsáveis pela viagem quase psicodélica da produção
Imagem: Reprodução/Netflix

É aí que entra um dos personagens mais interessantes da trama - que a deixa ainda mais maluca. Andy Culpepper é um sujeito de fala enrolada e muitos esquecimentos, que afirma não ser um dependente químico, apesar de ter experimentado muitas drogas. Ele acaba virando amigo de Hyden e sua conexão com o mundo do crime.

A gangue

Hyden acaba achando não só um traficante que garante ter todos os caminhos para vender a droga, que aparece sem mostrar o rosto no doc, como também encontra um suposto gângster que se oferece para ir à ilha de avião ajudá-lo no processo de levar o conteúdo da sacola para os Estados Unidos.

Apesar de ser um documentário, spoilers estragariam a experiência de assistir à saga de Hyden e Andy, que acaba discutindo a crise norte-americana, o poder do dinheiro, a confiança e como a Justiça se comporta diante de um homem aparentemente inofensivo.