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Virtuosa na guitarra e provocadora no palco: o show de St. Vincent no Lolla Brasil

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

05/04/2019 19h41

Desde que estreou no Lollapalooza Brasil em 2015, a cantora St. Vincent viu sua popularidade crescer no mundo pop, recebendo e elogios, estrelando festivais e ganhando elogios e mais elogios da crítica internacional.

Seus dois mais recentes álbuns, "Masseduction" e "MassEducation" (versão acústica do primeiro), consolidaram seu estilo electro-pop e a fizeram assumir uma persona artística diferente, ainda mais sexy e provocadora.

E foi essa St. Vincent que deu as boas vindas ao público no primeiro dia do Lollapalooza Brasil 2019, no Autódromo de Interlagos de São Paulo, em que apresentou aos brasileiros o repertório de seus últimos trabalhos.

Guitar heroin

Se você acha que só tem guitar hero no rock, é provável que nunca tenha ouvido St. Vincent. A cantora de 36 anos manda e desmanda na guitarra, executada durante quase toda a apresentação com eficiência exemplar. Bases, licks e solos. Distante do virtuosismo, ela troca de instrumento várias vezes durante o show e os utiliza como extensão natural de sua musicalidade. É bonito de ver.

Simplicidade

A cênica do show se resume a St. Vincent sozinha no imenso palco, posicionada sobre uma discreta plataforma, com fumaça de gelo seco e telões, que projetam animações e a filmagem do show em tempo real. Ela cintila vestindo botas de cano alto e maiô. E é "só" isso. Toda a base eletrônica da música é pré-gravada, o que dá um ar quase sacro ao espetáculo solitário. Não deixa de ser uma provocação aos espetáculos super produzidos.

Poucas palavras

O carisma exótico de St. Vincent é um de seus grandes atrativos, que explica sua pluralidade. Ela pouco fala entre as músicas além de estratégicos "obrigado, São Paulo" e rápidas introduções de músicas. "Pills", "New York" e "Los Angeles" transportaram o Lollapalooza para alguma boate electro entre os anos de 1990 e 2000, enquanto "Masseduction" convidou o público ao transe com seu refrão-chiclete. E é um show em alto volume. "Não importa o que acontece no mundo, no seu coração, há sempre uma boa razão pra dançar", bradou.

Show esvaziado

A apresentação da cantora contou com público de número razoável, que preferiu o transe contido à histeria dos grandes festivais. Não que tenha sido um grande problema, mas o show anterior, do cantor Troye Sivan, esteve bem mais concorrido. Explica-se: St. Vincent, cujo estilo casa mais com palcos menores, teve de concorrer com os Tribalistas, que se apresentavam praticamente no mesmo horário, no palco principal do Lollapalooza.