Quatro shows que fizeram valer a pena chegar cedo ao primeiro dia de Lolla Brasil

O sol começou tímido na tarde de hoje, e parecia que o primeiro dia de Lollapalooza Brasil 2019 seria com vento e tempo nublado. Engano: o calor de 30 graus invadiu o Autódromo de Interlagos, em São Paulo, mas quem enfrentou o sol e chegou cedo ao festival assistiu a ótimos shows.

Scalene

Com uma pegada stoner, o grupo aposta no peso da guitarra principal de Tomás Bertoni, no baixo de Lucas Furtado e na bateria incessante de Philipe Nogueira. O vocalista Gustavo Bertoni enfrentou alguns problemas de som no início do show, mas nada que atrapalhasse quem se se agrupou na frente do palco para ver o grupo. Em "Distopia", falando sobre "falsos profetas", um vídeo do presidente Jair Bolsonaro e de outros políticos, como Aécio Neves, surgiu no telão e foi vaiado pelo público. O grito de "Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*" foi ouvido na sequência.

Molho Negro

Com o peso do punk rock, a banda de Belém fez um show com muita ironia e sarcasmo. Quem chegou cedo também foi presenteado com uma música inédita do grupo, lançada hoje: "Contracheque". A banda privilegiou suas canções mais sarcásticas, como "Souza Cruz", em que canta "meu melhor amigo encontrou Jesus enquanto eu sigo dando lucro para a Souza Cruz" e também "Fã do Nirvana". Como sempre faz em seus shows, o vocalista João Lemos desceu na plateia e organizou o "Paredão da Morte" na música "Ruy Barbosa", em referência a uma das principais ruas de Belém. Em seguida, ele abriu uma roda na plateia e desceu com o pedestal e guitarra e tocou no meio do palco a faixa "Shangri-lá". "Vamos pular galera, ainda é meio-dia e vocês estão cheios de gás", disse.

Portugal. the Man

A banda norte-americana começou com uma série de covers, passando por "For Whom The Bell Tolls", do Metallica, até uma versão pesada de "Another Brick in The Wall - Part 2", do Pink Floyd. E ainda teve Black Sabbath e Rolling Stones. A galera que acompanhava o show do Scalene saiu correndo para ver o Portugal. the Man tocar no Palco Ônix. Entre coros afinados de soul ao peso do stoner, os americanos fizeram o público dançar com o baixo marcado de "Live in the Moment". O melhor momento do show foi durante "Feel It Still", o hit mais bombado do grupo e que fechou a apresentação. Espalhados pelo morro do Autódromo de Interlagos ou na beira do palco, os fãs pularam e fizeram coro antes de se despedir da banda. Antes de começar o show, a banda deu espaço para um grupo de índios fazer um protesto em defesa da natureza.

Autoramas

Com mais de 20 anos na estrada, o Autoramas mostrou com peso a razão de ter voltado para a escalação do Lollapalloza. Uma pena que o público ainda não estava em massa no Autódromo. O casal Gabriel Thomaz e Erika Martins garantiu os olhares do show, com uma sintonia fofa em cima do palco. Enquanto ela se reveza entre o teclado e o microfone, o vocalista e guitarrista abusou do peso em "Quando a Polícia Chegar", "Ding Dong" e "Você Que Sabe". A galera que acompanhou o show entrou na dança, bateu palma conforme o ritmo e conseguiu ficar pertinho da banda formada no Rio de Janeiro.