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Laís Bondanzky assume Spcine: "Cultura é garantida pela constituinte"

A cineasta Laís Bodanzky - Bruno Poletti/Folhapress
A cineasta Laís Bodanzky Imagem: Bruno Poletti/Folhapress

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

26/03/2019 16h40

A cineasta paulistana Laís Bodanzky assumiu hoje, em cerimônia no complexo cultural Praça das Artes, centro de São Paulo, a direção da Spcine prometendo ampliar a comunicação do setor, que, segundo ela, precisa ouvir mais a si mesmo e a outro segmentos, incluindo empresas privadas.

Com auditório de 160 lugares lotado --mais de cem pessoas precisaram ficar de pé--. o evento contou com presenças de amigos, atores, produtores e cineastas, como Anna Muylaert e Marina Person, além de parte do secretariado da gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB).

"Queremos criar um choque de comunicação para todos saberem o que a Spcine fez e faz", disse Laís, referindo-se a projetos como o Circuito Spcine, que leva cinema a periferias da cidade, e o Spcine Play, plataforma de streaming mantida pelo órgão com mais de 190 produções.

Primeira mulher a dirigir o órgão, Laís Bodanzky também anunciou planos de ampliar o conselho consultivo do Spcine, com datas fixas de reuniões e investir no Observatório da entidade, com levantamento de dados sobre o setor audiovisual que servem de base para políticas públicas.

"Chego aqui pegando uma empresa saudável. Não vou pegar um abacaxi. É uma empresa que nasceu de forma sólida", ressaltou a cineasta, indicada pelo novo secretário de Cultura, Alê Youssef, e que por 15 anos desenvolveu o projeto social Tela Brasil, levando cinema a locais como periferias e penitenciárias.

Criada em 2015 na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), A Spcine tem como objetivo fomentar e desenvolver da capital paulista o audiovisual, que hoje vive um momento delicado no país.

Após o Ministério da Cultura ser rebaixado à secretaria pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL), a área cultural vem sendo enxugada e enfrentando cortes de patrocínio de empresas estatais, incluindo a Petrobras, Caixa e BNDES.

O financiamento de filmes, festivais e a até existência de cinemas de rua como o Cine Belas Artes, em São Paulo, vem sendo colocado em xeque.

A situação foi lembrada por Laís Bodanzky durante a posse. A nova diretora leu o trecho da Constituição que garante ao brasileiro o acesso à cultura como um direito fundamental no Brasil. Pouco antes, na abertura da posse, Youssef discursou sobre a recente onda classificada de "criminalização da cultura".

"Nosso partido é a cultura", sintetizou. "A cultura vem sendo atacada, vem sendo objeto de boatos absurdos, de empresas estatais retirando patrocínios, de ataques a Lei Rouanet e ao sistema S. A melhor maneira de enfrentar tudo isso é continuar fazendo coisas belas, e isso passa por escolher uma equipe plural e representativa."