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Criador de "This Is Us" quer fazer você chorar ainda mais com "A Vida em Si"

Olivia Wilde e Oscar Isaac em "A Vida em Si" - Divulgação
Olivia Wilde e Oscar Isaac em "A Vida em Si"
Imagem: Divulgação

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

06/12/2018 04h00

"This Is Us", a série dramática estrelada por Mandy Moore e Milo Ventimiglia, acabou de entrar em hiato nos Estados Unidos; por aqui, sua terceira temporada ainda nem estreou. Mas os fãs já têm uma alternativa para conter a abstinência, ao menos temporariamente: o filme "A Vida Em Si", escrito e dirigido pelo criador da série, Dan Fogelman. Ainda que não tenha o mesmo charme (e a mesma qualidade) da série, a nova produção também é daquelas feitas sob medida para levar o público às lágrimas.

De forma semelhante a "This Is Us", "A Vida em Si" é uma história que atravessa gerações, alternando-se entre passado, presente e futuro. O ponto de partida é o jovem casal formado por Abby (Olivia Wilde) e Will (Oscar Isaac), envolvidos em um grande romance açucarado. Passamos então a conhecer outras figuras cujas tramas se cruzam, direta ou indiretamente, com a deles. Uma das histórias se passa no outro lado do Atlântico, na Espanha, onde vemos Antonio Banderas como o solitário proprietário de uma fazenda de oliveiras.

As formas como uma série e um filme são estruturados, no entanto, guardam diferenças cruciais entre si, o que Fogelman parece ter ignorado em "A Vida em Si". "This Is Us" constrói emoções genuínas de forma delicada e gradual ao mostrar, ao longo de vários episódios, os dramas reais da família Pearson - tão reais que você consegue sinceramente se identificar com boa parte deles. Falta essa sutileza ao filme, que em quase duas horas de duração se limita a despejar sobre o espectador uma sequência de tragédias digna de "Game of Thrones".

O resultado é uma história frágil, claramente calculada para induzir o público a chorar e se emocionar, o que mantém o longa a anos-luz de distância a catarse emocional pretendida pelo cineasta. Não ajuda que o roteiro seja calcado em lugares-comuns e se veja obrigado a repetir, à exaustão, a ideia de que "a vida em si" é um narrador não confiável, pelas surpresas e incertezas que nos reserva. O conceito, ainda que interessante, acaba se tornando mera muleta para justificar as escolhas preguiçosas da trama, das quais você já está cansado quando o fim se aproxima.

Serve de consolo o elenco estrelado: de Isaac a Banderas, os atores interpretam bem seus respectivos papéis, tentando tirar o melhor do roteiro. Mandy Patinkin ("Homeland"), como o pai de Isaac, se destaca. Uma pena que Annete Benning, na pela de uma psiquiatra, acabe desperdiçada pela história.
Dito tudo isso, uma coisa é certa: méritos à parte, "A Vida Em Si" certamente encontrará seu público nos cinemas, que de uns tempos para cá viram rarear os filmes mais sentimentais.  No site Rotten Tomatoes, principal agregador de críticas do mundo, o longa tem 78% de aprovação dos espectadores, contra míseros 13% dos críticos.