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Bruce Springsteen fala sobre depressão e perda de amigo: "Me sentia vazio"

Bruce Springsteen durante show em Nova York - Brian Ach/Getty Images
Bruce Springsteen durante show em Nova York
Imagem: Brian Ach/Getty Images

Osmar Portilho

Do UOL, em São Paulo

28/11/2018 12h52

Um dos ícones do rock, Bruce Springsteen ficou famoso por comandar arenas lotadas em apresentações empolgantes com muitas horas de duração. Em uma longa entrevista dada para a revista Esquire, o músico americano falou sobre uma faceta pouco conhecida pelos fãs e contou detalhes sobre sua saúde mental, a luta contra depressão e a perda de um amigo próximo que cometeu suicídio.

"Conforme nós envelhecemos, o peso da bagagem que carregamos fica mais pesado. Muito mais pesado. Há muito tempo, eu construí defesas para aguentar todo o estresse da minha infância, para me salvar de mim mesmo. Com o tempo, eu abusei dos próprios poderes que me salvavam", contou. "Eu confiei demais nesses poderes e me isolei, me alienei, me afastei da vida, controlei os outros e guardei minhas emoções em um grau que machucavam. Agora veio a cobrança batendo na porta e o pagamento era em lágrimas".

Esses sentimentos, segundo Bruce, o acompanharam sempre sendo amenizados pelo poder da música. Na época do lançamento de "Nebraska", aos 32 anos, o músico teve um colapso culminado por essa carga que carregou.

"Quando era criança e até adolescente, eu me sentia muito vazio. Foi só quando comecei a me preencher com a música que conseguir sentir meu poder pessoal e o impacto nos amigos e no meu mundo. Eu desenvolvi um sentido para mim mesmo. Mas isso tudo saiu de um lugar vazio".

Aos 69 anos de idade, o músico afirma estar mais atento aos sinais de que algo está errado em sua saúde mental. "Eu cheguei perto demais e agora sei quando não estou bem. Tive que lidar com isso ao longo dos anos e tomo vários remédios para seguir equilibrado".

Bruce ainda falou sobre a morte de um amigo, que tirou sua própria vida, a quem ele se refere como um "filho mais velho". "Ele ficou muito doente. Ou seja, no final tudo é um mistério sobre aqueles momentos finais. Eu sempre digo que é quando 'alguém está num lugar ruim e acaba tomando uma chuva'. Talvez se fosse outro dia, outra maneira, se alguém estivesse lá...talvez não tivesse acontecido", concluiu.

"Acho que ninguém explicou satisfatoriamente os últimos momentos de alguém que teve essa atitude. Posso entender o que acontece? Sim. A dor é muito grande, confusão é muito grande e é sua saída. Mas eu não tenho uma grande reflexão sobre isso. E a verdade é que não conheci ninguém que saiba explicar".