Topo

Em show, Geraldo Azevedo fala de tortura, ataca vice de Bolsonaro e se retrata

O cantor e compositor pernambucano Geraldo Azevedo  - Suamy Beydoun/Futura Press/Estadão Conteúdo
O cantor e compositor pernambucano Geraldo Azevedo Imagem: Suamy Beydoun/Futura Press/Estadão Conteúdo

Osmar Portilho

Do UOL, em São Paulo

23/10/2018 12h39

O compositor Geraldo Azevedo se apresentou no último sábado (20) em Jacobina, na Bahia, e falou sobre suas prisões durante a ditadura militar. Inicialmente, ele ainda afirmou que o general Mourão, vice de Jair Bolsonaro, "era um dos torturadores". Em comunicado enviado pela sua assessoria de imprensa ao UOL, ele se retratou da acusação, mas manteve o ataque à chapa. 

"No último fim de semana, Geraldo declarou em um show no interior da Bahia que o general Mourão era um dos torturadores da época de suas prisões. No entanto, o vice-presidente do candidato Jair Bolsonaro não estava entre os militares torturadores. Geraldo Azevedo se desculpa pelo transtorno causado por seu equívoco e reafirma sua opinião de que não há espaço, no Brasil de hoje, para a volta de um regime que tem a tortura como política de Estado e que cerceia as liberdades individuais e de imprensa", diz o texto.

No vídeo gravado por fãs e publicado nas redes sociais, ele ataca a ditadura. "É uma coisa indignante, cara. Eu fui preso duas vezes na ditadura. Fui torturado. Você não sabe o que é tortura. O Mourão era um dos torturadores lá", disse ele na apresentação, registrada em vídeo pelo público.

"Eu fico impressionado do povo brasileiro não prestar atenção nas evoluções humanas. Olha, eu não sei se isso vai entrar em algum choque com a prefeitura, mas é o meu sentimento de indignação em relação com o que pode acontecer com o Brasil. E essa alegria que a gente tem aqui vai ser perder, o Brasil vai ficar muito ruim", continuou.

Aos 73 anos, o pernambucano Geraldo Azevedo é um dos grandes nomes da MPB e tem Alceu Valença e Elba Ramalho como seus principais parceiros musicais. Em 1969, foi preso pelos militares e passou 41 dias encarcerado juntamente com Vitória, sua esposa, detida por 80 dias. Sempre opositor ao regime, foi novamente preso em 1974, quando chegou a ser obrigado a tocar e cantar repetidas vezes para seus torturadores. As informações estão em sua biografia em seu site oficial.

Leia mais

13.set.2018 - - GERALDO BUBNIAK/AGB/ESTADÃO CONTEÚDO - GERALDO BUBNIAK/AGB/ESTADÃO CONTEÚDO
General Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL)
Imagem: GERALDO BUBNIAK/AGB/ESTADÃO CONTEÚDO

Nascido em 15 de agosto de 1953, Antônio Hamilton Martins Mourão, hoje com 65 anos, ingressou no Exército em 1972, tendo 16 anos durante a primeira detenção de Azevedo. Na segunda prisão do compositor, ele já fazia parte das Forças Armadas. O general Mourão afirmou que processará o músico.

Questionada por e-mail sobre a declaração, a assessoria de imprensa da chapa Bolsonaro/Mourão enviou o seguinte comunicado: "Não faremos qualquer comentário sobre as declarações citadas na mensagem".