Cadê o feminejo? VillaMix chega a SP com funk, mas sem mulheres na programação

Após circular o país de Norte a Sul, o Festival VillaMix chega a São Paulo neste sábado (22). Itinerante, o evento se tornou cativo no calendário não apenas dos fãs de sertanejo, mas de um público mais abrangente e misto, e aterrissa este ano no Autódromo de Interlagos, onde os organizadores esperam receber 40 mil pessoas.

Sob o tema "Música é Mix", os nomes quentes do sertanejo estão garantidos nesta edição, mas Jorge & Mateus, Matheus & Kauan, Gusttavo Lima, Cleber e Cauan e Jefferson Moraes dividem também a atenção com Wesley Safadão, nomes incensados da música eletrônica, como JetLag e Alok, e o astro do funk MC Kevinho.

Tudo bem integrado e misturado, seguindo a tradição do festival, que foi o primeiro evento do gênero a estreitar laços com a música eletrônica (Alok gravou a música-tema do festival com Matheus e Kauan em 2017). A partir do ano passado, artistas pop internacionais também passaram a integrar a programação, como Fifth Harmony (em São Paulo, 2017) e Shawn Mendes (em Goiânia, em julho deste ano).

"Fazer esse mix é importante para o nosso público", observa Marlus Marcelus, produtor geral do evento. "O VillaMix nasceu tendo como base a música sertaneja, mas ao longo dos anos percebemos que poderíamos agregar outros estilos. Hoje, ele é um evento de música e não apenas de música brasileira."

Mas diante de tanta diversidade, que tem deixado o festival menos country e mais pop, salta aos olhos a ausência de nomes femininos na programação em São Paulo.

Para entender a origem do problema, é preciso saber que o VillaMix surgiu em 2011 para fazer rodar o casting vitorioso da AudioMix, uma das maiores produtoras de sertanejo do país, que iniciou seus trabalhos em 2000 com apenas um cliente, Jorge & Mateus, a dupla mais relevante dos últimos anos.

Hoje, o escritório goza de parcerias com os maiores nomes do Brasil. Para se ter ideia, todos os artistas que se apresentarão em São Paulo são da AudioMix, que conta sim com duas atrações femininas: Simone e Simaria e a DJ Larissa Lahw. No caso das coleguinhas, a ausência pode ter sido uma mera questão de agenda. Após quatro meses longe do palco, por conta de uma tuberculose, Simaria chegou a fazer shows, mas anunciou na semana passada que voltará a se afastar do trabalho. No caso de Lahw, que tocou na edição goiana, seria um nome bem-vindo em território tão masculino.

Dois grandes nomes do chamado feminejo, Marília Mendonça e a dupla Maiara e Maraisa, fazem parte de um escritório concorrente, a Work Show, e por isso não costumam integrar o line-up do VillaMix. A dupla May e Karen vive o mesmo impasse, por serem da Mega Produções. Naiara Azevedo também fazia parte da Mega, mas decidiu, desde março deste ano, tocar a carreira ao lado do marido.

Ela é apenas uma entre muitas mulheres que circulam pelo gênero que poderiam fazer parte da escalação, como Solange Almeida e Paula Mattos. Na edição baiana do festival, que acontece em outubro, o público terá mais sorte: Ivete Sangalo, que orbita longe dos escritórios, é uma das atrações ao lado de Jorge & Mateus, Matheus & Kauan e Jefferson Moraes.

Marcelus afirma que a ausência das "grandes e principais parceiras" deve-se a uma questão de agenda. "Mas para 2019, com certeza, a galera de São Paulo pode aguardar que faremos tudo o que for possível para termos mulheres abrilhantando a edição, como sempre tivemos", promete o produtor.

SERVIÇO:

VillaMix Festival São Paulo

Com Jorge & Mateus, Wesley Safadão, Gusttavo Lima, Matheus & Kauan, Kevinho, Jefferson Moraes, Cleber & Cauan e Alok.
Onde: Autódromo de Interlagos
Quando: 22 de setembro (sábado), às 17h
Ingressos: http://premier.ticketsforfun.com.br/shows/show.aspx?sh=VILLAMIX18