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Irmão de Ben Affleck diz que aprendeu com denúncias de assédio: "Sinto muito"

Casey Affleck, escolhido melhor ator no Oscar 2017 por "Manchester À Beira-Mar", exibe sua estatueta dourada - Frazer Harrison/Getty Images
Casey Affleck, escolhido melhor ator no Oscar 2017 por "Manchester À Beira-Mar", exibe sua estatueta dourada Imagem: Frazer Harrison/Getty Images

Caio Colleti

Colaboração para o UOL

09/08/2018 16h59

Em entrevista à "Associated Press", o ator Casey Affleck abordou diretamente, pela primeira vez desde a ascensão do movimento #MeToo em Hollywood, as denúncias de assédio que foram feitas contra ele durante a produção do filme "Eu Ainda Estou Aqui", que dirigiu, escreveu, produziu e estrelou.

"Isso é algo de que eu realmente me arrependo. Eu gostaria de ter encontrado uma forma de resolver as coisas de forma diferente. Eu realmente odeio como tudo aconteceu. Eu nunca havia recebido reclamações como essas sobre mim, foi realmente vergonhoso, e eu não sabia como lidar com tudo. Eu não concordava com tudo o que estava sendo descrito e falado sobre mim, mas eu tentei fazer a coisa certa da forma como foi pedido naquela época. Todas pessoas envolvidas nisso concordaram em seguir em frente com suas vidas, e acho que nós merecemos isso. Eu respeito essas pessoas, como elas respeitaram a mim", comentou.

Levantadas originalmente em 2010, por duas mulheres que trabalharam com Affleck no filme, as denúncias geraram uma briga judicial, que acabou com um acordo entre as duas partes. Em 2016, as acusações ressurgiram durante a divulgação do filme "Manchester à Beira-Mar", pelo qual Affleck venceu o Oscar de melhor ator, e continuaram sendo discutidas conforme o tema do assédio sexual ganhava os holofotes em Hollywood.

Casey Affleck faz discurso no palco do Oscar 2017; Brie Larson se recusou a aplaudir o ator - AFP PHOTO / Mark RALSTON - AFP PHOTO / Mark RALSTON
Casey Affleck faz discurso no palco do Oscar 2017; Brie Larson se recusou a aplaudir o ator
Imagem: AFP PHOTO / Mark RALSTON

"Nos últimos anos, eu tenho ouvido muito a essa conversa pública [sobre assédio], e aprendi muita coisa. Eu saí dessa posição defensiva em que eu estava, e passei para um ponto de vista mais maduro, em que tentei achar onde estava a minha culpa em tudo isso. Quando encontrei, descobri que tinha muito o que aprender", reflete o ator. "Eu era o chefe naquele filme. Eu era um produtor. Era um filme louco, pouco convencional, o elenco e a equipe de produção se misturavam. Mesmo assim, eu tenho que aceitar que a responsabilidade era minha, e que eu contribui para o que o ambiente no set não fosse profissional. Eu tolerei determinados comportamentos de outras pessoas, e me engajei nesses mesmos comportamentos. Eu não fui profissional. Eu sinto muito".

O ator ainda contou que as lições aprendidas com o escrutínio público de seu caso são passadas para seus filhos, de 10 e 14 anos. "Eu tenho dois meninos em casa, e quero que eles cresçam para ser homens modelos de compaixão e decência, mas também de arrependimento e contrição quando é preciso. Eu certamente digo para eles, o tempo todo, para assumirem seus próprios erros", conta.

Por fim, Affleck aborda sua decisão de não apresentar o Oscar de melhor atriz em 2018, como é tradição para os vencedores de melhor ator do ano anterior. "Eu acho que era a coisa certa a fazer, devido ao momento que estava acontecendo na nossa cultura", justificou. "Ter duas mulheres incríveis no palco apresentando o prêmio de melhor atriz foi a coisa certa".

Affleck reaparece nos cinemas com "The Old Man and the Gun", ao lado de Robert Redford. O filme estreia em 28 de setembro nos Estados Unidos, sem previsão no Brasil.