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Um ano após a morte de Chester, o que se sabe sobre o futuro do Linkin Park?

AP Photo/dapd, Harald Tittel
Imagem: AP Photo/dapd, Harald Tittel

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

20/07/2018 04h00

Com sua amálgama de metal, rap e música eletrônica, o Linkin Park se transformou na banda que liderou o nu metal rumo ao mainstream. E muito disso aconteceu em razão do vocalista principal do grupo, Chester Bennington. A morte dele, que completa um ano nesta sexta-feira (20), traz à tona a questão: o que virou e o que será do Linkin Park sem ele?

À época da morte de Chester, a banda ainda surfava em seu prestígio, mas já havia mudado um bocado de direcionamento, fazendo um som mais focado no pop e na música eletrônica e muito menos no metal, como se viu no lançamento de "One More Light", apenas dois meses antes de sua morte. O clipe de "Talking to Myself", coincidentemente, foi lançado horas antes da confirmação da morte do vocalista.

Após a fatalidade, os integrantes organizaram um show em homenagem a Chester com diversos cantores substituindo o vocalista no microfone. A partir deste show e do que vem falando principalmente Mike Shinoda, é possível entender um pouco do que se passa com a banda e avaliar os caminhos que podem escrever o novo capítulo do Linkin Park.

Integrantes do Linkin Park agradecem aos fãs após show em homenagem a  Chester - Christopher Polk/Getty Images - Christopher Polk/Getty Images
Integrantes do Linkin Park agradecem aos fãs após show em homenagem a Chester
Imagem: Christopher Polk/Getty Images

O show tributo

Em 27 de outubro do ano passado, o Linkin Park subiu ao palco do Hollywood Bowl, em Los Angeles, para 3 horas de homenagem a Chester. Todos os integrantes da banda estavam lá: Shinoda, o guitarrista Brad Delson, o baixista Dave Farrell, o tecladista Joe Hahn e o baterista Rob Bourdon. Entre os convidados, estiveram Alanis Morissette, Daron Malakian (System of a Down) e Ilsey Juber.

Também pintaram por lá nomes mais ligados à cena do Linkin Park e que poderiam substituir Chester em um cenário imaginário, como Jonathan Davis (Korn), M. Shadows (Avenged Sevenfold) e Oliver Sykes (Bring me the Horizon). Meses depois, ao relembrar aquele show, Mike Shinoda analisou que, apesar de ser uma bela noite de festa em homenagem a Chester, ela pouco serviu para enxergar o próximo passo do Linkin Park.

Vocalista famoso?

"Na semana após o show, eu fiquei ouvindo algumas vezes [as interpretações] e pensando: 'Deus, esses caras são todos ótimos vocalistas, mas nenhum deles é Chester'. Ele tinha um tom e um alcance tão específicos, um alcance incrível", relembrou Shinoda na época, à revista "Rolling Stone".

A frase de Shinoda dá mostras de que dificilmente o Linkin Park vai recrutar algum vocalista já famoso e estabelecido para assumir o microfone. Oliver Sykes foi quem fez o melhor trabalho no show em Hollywood, mas depois se envolveu em uma polêmica e ouviu acusações de ter usado playback, o que prontamente negou. 

Vocalista anônimo?

Então a solução é vasculhar pelo mundo um anônimo que seja um novo Chester? Talvez. Mas não será nada fácil.

"Ele [Chester] podia cantar em qualquer estilo. Isso tudo levou a conversas sobre o que fazer depois. E ficou óbvio que não podemos simplesmente contratar qualquer mané para subir no palco e cantar com a gente, porque ele não vai chegar à metade do que Chester fazia", argumentou Shinoda na entrevista à "Rolling Stone".

Holograma?

Uma das opções usadas nos últimos anos, mas que não costuma agradar aos fãs já foi descartada: ter Chester como um holograma. 

"Não consigo nem imaginar um Chester como holograma. Ouvi pessoas de fora da banda falando nisso, e não há chance. Não posso fazer isso", sentenciou Shinoda.

Mas tem volta?

Uma das questões principais é: o Linkin Park vai mesmo voltar, ou há chances de os fãs nunca mais assistirem a shows ou ouvirem novas músicas da banda? 

Mike Shinoda - Christopher Polk/Getty Images - Christopher Polk/Getty Images
Mike Shinoda em show solo
Imagem: Christopher Polk/Getty Images

Em janeiro, Shinoda já havia dado a letra. "Tenho toda a intenção de continuar com o Linkin Park, e os caras da banda sentem o mesmo. Temos muito a reconstruir e muitas questões a responder, então, levará um tempo", tuitou ele, ao ser questionado por um fã.

Nesta semana, à rádio "United Rock Nations", ele deu uma posição otimista. "Estou dando um passo de cada vez e mantenho minha cabeça aberta às possibilidades, seja fazendo coisas em meu nome, seja trabalhando com outros artistas, ou se os caras quiserem tocar shows do Linkin Park agora. Eu tenho certeza de que todas essas são possibilidades e estou aberto a qualquer uma delas."

Estar "aberto" indica que, pelo menos da parte dele, há vontade de reerguer o Linkin Park. Por outro lado, fica no ar se os outros integrantes da banda estão prontos para isso. Por enquanto, nenhuma solução.

A carreira solo de Shinoda

Entre os integrantes do Linkin Park, Shinoda segue como o mais relevante na cena musical e, no ano que se passou, esteve presente na mídia falando e apresentando suas músicas. Ele lançou um álbum solo muito ligado a tudo o que aconteceu, chamado "Post Traumatic" (pós-traumático), com participação do guitarrista do Linkin Park Brad Delson assinando como compositor de duas faixas e do baterista Rob Bourdon tocando em outra.

As letras são pessoais, falam das dificuldades que ele viveu com o suicídio de Chester. O disco abre com "Place To Start" e Mike refletindo sobre recomeços. A faixa tem áudios de mensagens de amigos que lhe procuraram oferecendo ajuda naquele momento delicado. "Over Again" traz versos pesados, agressivos.

"E todo mundo com que eu falo, ficam tipo: Nossa!
Deve ser difícil descobrir o que fazer agora
Bem, obrigado, gênio! Você acha que será um desafio?
É só o trabalho da minha vida pendurado na porra da balança"

Shinoda admite que o foco, no momento, é a carreira solo e a empolgação que tem sentido em voltar a fazer shows em locais e momentos diferentes do que tinha com o já estabelecido Linkin Park. É esperar mais um pouco para ver.

Homenagens

A sexta-feira é de homenagens a Chester e logo na virada do dia o Linkin Park postou uma mensagem direcionada a seu ex-vocalista.

"Para nosso irmão Chester. Faz um ano que você se foi - uma mistura de luto, coração partido, negação e reconhecimento. E, ainda assim, sentimos que você está próximo, nos cercando com sua memória e sua luz. Seu espírito bondoso, único, deixou uma impressão nos nossos corações - suas piadas, sua alegria, seu carinho. Somos eternamente gratos por seu amor, vida e paixão criativa que você dividiu conosco e com o mundo. Nós sentimos sua falta mais do que as palavras podem expressar", diz a nota, assinada por todos os integrantes do Linkin Park