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"Sessão da Tarde" e humor próprio: Tatá e Cauã acertam em "Uma Quase Dupla"

Cauã Reymold e Tatá Werneck em cena do filme "Uma Quase Dupla" - Reprodução
Cauã Reymold e Tatá Werneck em cena do filme "Uma Quase Dupla" Imagem: Reprodução

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

19/07/2018 04h00

Práticas como chupar o dedo de uma garota morta para saber seu histórico de vida ou lamber o chão para tentar decifrar algum vestígio do assassino são dignas de um Sherlock Holmes. Mas, neste caso, quem opera a ação é Keyla, uma policial de uma habilidade com a arma que poderia causar inveja a Ethan Hunt em "Missão: Impossível". Já seu parceiro Cláudio é mais sossegado: nunca atirou em ninguém, é amigão de todo mundo e passa protetor no rosto para se proteger do sol forte que bate na cidade de Joinlândia.

Eles se parecem com aquelas duplas de filmes de ação da "Sessão da Tarde", mas Keyla é Tatá Werneck e Cláudio é Cauã Reymond, protagonistas de "Uma Quase Dupla", que chega aos cinemas nesta quinta-feira (19). Caindo propositalmente em clichês de aventuras policiais, a atuação dos dois atores em cima do humor rápido e inteligente do roteiro de Ana Reber e Leandro Muniz (com colaboração de Tatá, Fernando Fraiha e Daniel Furlan) faz o projeto se destacar entre as dezenas de comédias nacionais.

Tatá Werneck grava cena de "Uma Quase Dupla" - Divulgação - Divulgação
Tatá Werneck grava cena de "Uma Quase Dupla"
Imagem: Divulgação

O grande atrativo do filme dirigido por Marcus Baldini ("Bruna Surfistinha") é a química entre protagonistas tão distintos, tanto na ficção quando na vida real. Cauã, mesmo lembrado por papéis mais severos como nas séries "Justiça" e "Dois Irmãos", revela uma veia cômica que casa perfeitamente com o humor agitado de Tatá, já conhecido desde a época na MTV.

Você já viu algo assim antes (e vale ver de novo)

"Uma Quase Dupla" é um trabalho, como os próprios atores disseram ao UOL, para toda a família e traz à tona os bons momentos de filmes do gênero feitos nas décadas de 1980 e 1990. É fácil identificar ali um policial atrapalhado de "Corra Que a Polícia Vem Aí" (1988), uma dupla improvável do fantástico "Chumbo Grosso" (2007) e até um tom mais sério de "Seven: Os Sete Crimes Capitais" (1995).

Mas, mais do que referências, o longa tem sua própria personalidade. Além da dupla formada por Tatá e Cauã, o elenco de apoio também garante risadas, como a participação de Furlan (conhecido como o Renan de "Choque de Cultura") e a de Alejandro Claveaux.

Outro detalhe que chama atenção é a trilha sonora. Cláudio é fã incondicional de Maria Gadú e tem até uma coreografia especial para o hit "Shimbalaiê", executada inúmeras vezes e que sempre rende uma boa piada. Também sobra para Tiago Iorc, Detonautas e uma versão brasileira de "Take My Breath Away", ícone brega da banda Berlin.

"Uma Quase Dupla" faz humor com temas atuais e que são do entendimento de todos, e prova que o cinema nacional consegue, sim, fazer comédias tão boas e até melhores quanto as que sempre vemos em Hollywood. Basta dar uma chance.