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Como "Seinfeld" mudou a história das séries e fez você ficar louco por elas

Imagem de "Seinfeld", que exibiu seu último episódio o dia 14 de maio de 1998 - Divulgação
Imagem de "Seinfeld", que exibiu seu último episódio o dia 14 de maio de 1998 Imagem: Divulgação

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

14/05/2018 04h00

O mundo das séries de TV pode ser dividido em dois momentos: antes e depois do dia 5 de julho de 1989, dia em que “Seinfeld” foi exibida pela primeira vez nos Estados Unidos. Uma das sitcoms mais populares da história, o seriado que retrata o dia a dia do humorista americano Jerry Seinfeld chegou ao fim há exatos 20 anos, deixando um brilhante e indelével legado ao showbiz americano.

Sem “Seinfeld”, por exemplo, não haveria “Friends” e seu magnetismo. Comédias como “The Office” e “Modern Family” provavelmente nunca seriam lançadas, e todo o milionário universo das séries, que hoje dita regras na cultura pop, provavelmente teria outra cara. Talvez nem existiria como o conhecemos.

Caso não conheça: primeira “série sobre o nada” marketing usado com destreza pelos criadores Jerry Seinfeld e Larry David, a história acompanha um grupo de quatro amigos (mas não tão "friends" assim) trintões de Nova York que vivem os casos mais estapafúrdios possíveis, servindo de inspiração para o show de stand-up apresentado por Jerry.

Sucesso mundial de audiência, "Seinfeld" é considerada pela crítica uma das melhores séries já produzidas, seja pela qualidade da produção ou influência. Mesmo sem saber, você provavelmente se lembra de pelo menos um bordão criado no programa.

Entenda abaixo como o seriado foi importante e mudou para melhor a maneira como você vê televisão.

Imagem do polêmico episódio "The Contest" de "Seinfeld" - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Quebrou tabus

Se hoje o sexo é algo corrente na TV, "Seinfeld" tem responsabilidade sobre isso. Durante os nove anos em que ficou no ar, a sitcom quebrou vários tabus ao tratar abertamente sobre o assunto. De repente, não havia mais tema proibido. O programa já dedicou episódios ao ato de fingir orgasmo, a fetiches como o de levar comida para a cama e até a intimidades femininas como o uso da esponja contraceptiva. O momento mais ousado, entretanto, "The Contest", episódio de 1992 em que os quatro protagonistas apostam quanto tempo conseguem permanecer sem se masturbar.

Imagem da série "Seinfeld" - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Mudou a forma como a televisão era feita

A ideia original do cocriador Larry David, que inspirou o personagem George Costanza, era usar uma única câmera para filmar toda a série, dispensando risos da plateia, um padrão para as comédias da época. Por pressão da NBC, a ideia precisou ser deixada de lado, mas “Seinfeld” inovou mesmo assim ao combinanar a utilização de várias câmeras com takes de câmera única. Isso abriu um mar de possibilidades nos formatos engessados dos programas de TV e inspirou séries atuais como "Breaking Bad" e "Louie".

Imagem do último episódio de "Seinfeld" - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Popularizou os anti-heróis

Diferentemente do que ocorria até os anos 1980, os protagonistas Jerry, George, Elaine e Kramer, não são o que pode se chamar de bons cidadãos. Muito pelo contrário. Eles são egoístas, mesquinhos, exibidos, invejosos, praticantes de bullying. O episódio final (SPOILER A SEGUIR) termina inclusive com todos sendo presos por se recusarem a ajudar um homem obeso em perigo. Tudo o que "Seinfeld" não queria era passar lições de moral. E funcionou. Antes, ter "de anti-heróis" como protagonistas acontecia só no cinema, em comédias independentes de humor negro.

Cena do episódio "The Betrayal" da série "Seinfeld" - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Inovou na linguagem e formato

Fazer um episódio de 22 minutos em que os personagens passam todo o tempo esperando uma mesa em um restaurante parecia uma insanidade em 1991. Como a ação funcionaria com essa limitação? Com muitas microcenas, amarradas por piadas em miniesquetes. O episódio "The Chinese Restaurant" mudou radicalmente como se entendia a comédia televisiva. Com o sucesso, os produtores puderam investir no que viam como o futuro da TV: incluir dezenas de cenas em um só episódio, trazendo dinamismo e velocidade à narrativa. Basicamente o que é feito por todos hoje em dia. Na última temporada, houve tempo ainda para mais uma “invenção”, o episódio “The Betrayal”, inspirado na peça teatral homônima, que teve toda a ação contada de trás para frente.

Tim Whatley, de "Breaking Bad", que viveu o dentista Tim Whatley em "Seinfeld" - Reprodução - Reprodução
Bryan Cranston, de "Breaking Bad", que viveu o dentista Tim Whatley em "Seinfeld"
Imagem: Reprodução

Celeiros de talentos

Além de alçar ao estrelato o quarteto Jerry Seinfeld, Jason Alexander, Julia Louis-Dreyfus e Michael Richards, "Seinfeld" revelou vários atores e comediantes que brilhariam em outros programas. Quem já fez ponta na série antes da fama: Peter Krause  (“Six  Feet  Under"), Jeremy Piven (“Entourage”), Lauren Graham (“Gilmore Girls”), Brad Garrett (“Everybody  Loves  Raymond”), Jane Leeves (“Frasier”), Debra  Messing (“Will & Grace”), Courteney  Cox (“Friends”), Teri  Hatcher (“Lois & Clark”), Sarah Silverman (“Saturday Night Live”), Kristin Davis (“Sex and  the City”), Amanda Pee (“Jack & Jill”), Debra  Jo  Rupp (“That '70s Show”) e Bryan  Cranston (“Breaking  Bad”), entre muitos outros.