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Tem uma "graninha" sobrando? Agora é possível alugar obras de arte de primeira linha

Quadros "Triple Elvis" e "Four Marlons", de Andy Warhol - Matt Dunham/AP
Quadros "Triple Elvis" e "Four Marlons", de Andy Warhol Imagem: Matt Dunham/AP

James Tarmy

Da Bloomberg

07/05/2018 15h58

Durante a maior parte de sua história, o Peninsula Hotel, de Nova York, teve, nas palavras do gerente geral Jonathan Crook, "obras de arte genéricas de hotéis e sem importância".

A partir de 2010, porém, foi iniciado um programa ambicioso para exibir séries rotativas de obras contemporâneas, fornecidas por um colecionador chamado Álvaro Leal e por sua empresa com sede em Manhattan, Circa 1881. "Desde 2015 tivemos quatro ou cinco rotações" de novas obras, diz Crook, "e elas têm sido muito bem recebidas".

Em homenagem a seu 30º aniversário, o Peninsula quis celebrar a arte criada pelas estrelas da década de 1980 obras de artistas como Francesco Clemente, Andy Warhol e Jean-Michel Basquiat.

Crook foi colocado em contato com Asher Edelman, um financista que virou comerciante de arte e depois financiador de arte, que tinha em consignação um conjunto de impressões de Mao, feitas por Warhol, pertencentes a um colecionador que esperava vendê-las por US$ 850 mil (cerca de R$ 3 milhões). Edelman estava com as impressões há quase um ano e, apesar de "certo interesse genuíno", não houve nenhuma oferta concreta, diz ele.

O consignador das impressões de Mao "nos deu sua bênção para arrendar as obras em qualquer tipo de lugar seguro onde elas pudessem ser bem exibidas", diz Edelman. Então, ele conversou com o Peninsula e chegou-se a um acordo: o consignador iria alugá-las ao hotel por um período de três meses e, por ter intermediado o negócio, Edelman, através de sua empresa Artemus, receberia uma porcentagem da taxa de aluguel.

Edelman preferiu não revelar quanto o Peninsula pagou, mas disse que "para grandes obras de arte, paga-se cerca de 8% a 10% ao ano" para arrendar. Os custos de seguro e instalação não estão incluídos, diz ele.

"As obras estão expostas há apenas uma semana e estão despertando muito interesse", diz Crook. "É um momento impactante."

Iniciativa crescente

O acordo é o exemplo mais recente das diversas tentativas empreendidas por revendedores, colecionadores e financistas para monetizar suas obras de arte de maneiras que transcendem a mera compra ou venda.

"Acho que um ativo deve estar vinculado a um fluxo de caixa", diz Edelman. "No ramo da arte, é recomendável emprestar ou arrendar, em vez de simplesmente ser um especulador". Em outras palavras, ao criar um negócio arredando uma obra de arte, em vez de comprar obras apenas com a intenção de vender, Edelman não se expõe [pelo menos em teoria] à possibilidade de vender uma obra por menos do que ele acha que ela vale. "Prefiro ganhar dinheiro a 10% ao ano do que arriscar o valor da obra", diz ele.

O negócio da Edelman, que combina empréstimos de obras com financiamento, vendas e arrendamento de obras de arte, é uma das distintas formas de monetização que surgiram no mundo da arte nos últimos anos.

"Isso se tornou um assunto dominante, principalmente porque muitas pessoas estão tentando promover essa ideia", diz Marion Maneker, fundador da Art Market Monitor. "E é como qualquer outra coisa é marketing."