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Com time de divas, Milkshake potencializa força do público gay nos festivais

Lia Clark, Gloria Groove e Pabllo Vittar no evento de lançamento do Festival Milkshake - Manuela Scarpa/Brazil News
Lia Clark, Gloria Groove e Pabllo Vittar no evento de lançamento do Festival Milkshake Imagem: Manuela Scarpa/Brazil News

Tiago Dias

Do UOL, em São paulo

16/04/2018 18h34

Passado um ano da chegada do furacão Pabllo Vittar no pop brasileiro, escancarando ainda mais as portas da música para artistas LGBTQ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros e Queer), nada mais natural do que o primeiro festival de música gay chegue ao Brasil.

Na verdade, se trata da 2ª edição do Milkshake Festival Brasil, mas o gostinho aqui é de estreia. De olho nesse exponencial mercado colorido, o festival holandês fez um evento teste ano passado, em formato de festa, apenas para medir a temperatura. Não deu outra.

O festival, agora com a cara e o formato que o fez bombar em Amsterdã, acontecerá na Arena Anhembi, em São Paulo. Com data marcada para 2 de junho, os organizadores esperam receber um público de 30 mil pessoas, na véspera da Parada Gay.

“A gente sempre mandou na música, na verdade. As manas têm um gosto muito à frente”, observa Pabllo Vittar ao UOL, durante evento de lançamento do festival nesta segunda (16), em São Paulo. “Um festival assim só mostra a força desse público”.

Entre atrações internacionais e DJ's revelações, os shows serão divididos entre quatro palcos: Live Stage, Supertoys Stage, We love your Soul Stage, Secret Stage, que estarão espalhados nos 20 mil metros quadrados da Arena Anhembi. O espaço ainda recebe a primeira edição da DragCon Brasil, convenção que celebra a arte drag.

Mas o time de divas nacionais promete fazer mais barulho: Gretchen, Wanessa, Preta Gil e as drags que desde então têm jogado cabelo na cena, Gloria Groove, Lia Clark e, claro, Pabllo.

“Há seis anos, quando eu fazia shows nessas casas (gays) eu pensava que precisava de algo com o tamanho e a potência de um festival", relembra Wanessa, de volta ao pop, após uma rápida incursão no sertanejo.

O time nacional do Milkshake: Lia Clark, Gloria Groove, Preta Gil, Gretchen, Simony, Pabllo Vittar e Wanessa Camargo - Manuela Scarpa/Brazil News - Manuela Scarpa/Brazil News
O time nacional do Milkshake: Lia Clark, Gloria Groove, Preta Gil, Gretchen, Simony, Pabllo Vittar e Wanessa Camargo
Imagem: Manuela Scarpa/Brazil News
Um festival "mente aberta"

Estrela maior do line-up, Pabllo tem cada vez mais circulado em lugares onde antes não se sentia representada. Antes mesmo do Milkshake, a drag se apresenta como headliner no Bananada, um dos festivais independentes de maior sucesso do Brasil, que acontece anualmente em Goiânia (GO). Ao seu lado, atrações de peso como Gilberto Gil, BaianaSystem e Emicida.

Para ela, é um passo e tanto integrar artistas vistos como “de nicho” no mercado de entretenimento. “É bom para encarar a gente como artista mesmo, e levar isso ao público para eles possam consumir. Às vezes as pessoas gostam, mas não tem muito contato e acabam não exportando nossos trabalhos para os outros festivais”, diz ela, que está gravando o sucessor de “Vai Passar Mal” para o segundo semestre.

Representante do festival no Brasil, Juliana Escandura adverte que não é um festival apenas para gays. "É um festival que celebra a diversidade, que celebra a forma livre de você se divertir sem se preocupar com o que se deve ser. Essa é a grande mudança”.

Diretora da Elu Live Marketing, que promove o evento esse ano, ela conta que foi avisada sobre a dificuldade em angariar patrocinadores para um evento "queer" “Mas não sentimos nada disso. As marcas não só vieram, como querem criar com a gente”, explica. “É um público que consome de forma ampla e que é apaixonado. Eles querem ter experiências diferenciadas.”

A onda nostálgica da infância, que provou ser um filão irresistível desde a volta do Rouge no ano passado, também terá espaço na programação. Simony trará de volta o Balão Mágico, grupo infantil dos anos 1980, celebrando 35 anos de sua criação. “Vamos aproveitar agora que estamos na casa dos 40 (anos), cantar “Superfantástico” aos 50 vai ser difícil”, brincou.

Preta Gil, que participou da primeira edição, voltará com seu “Bloco da Preta”: “Essa coisa de ser um festival ‘open mind’ [mente aberta], eu adoro. Sou desde que eu nasci”, disse, durante coletiva, deixando Gretchen com cara de dúvida: “O que é open mind?”, perguntou, causando risos na plateia.

A mais experiente da escalação promete não ficar para trás. Depois de participar do show de Katy Perry no Brasil, ela se preparar para lançar uma música nova, “Salto 15”, nos próximos dias.

Do alto da sua experiência ao lado do filho trans, Thammy, a cantora achou seu lugar na programação: “Eu estou aqui representando os pais de vocês”, disse. “Fui criada em uma sociedade machista e homofóbica, e fui aprendendo com meu filho.”

SERVIÇO:

Milkshake Festival Brasil 2018
Sábado, 2 de junho, às 16h
Arena Anhembi - Av. Olavo Fontoura, 1209, São Paulo

Ingressos:
Pista 1° lote: R$ 360 (inteira) R$ 180 (meia)
VIP (Open bar e open food) 1° lote: R$ 760
BFF (você + 3 amigos) 1º Lote: R$ 648,00
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