Topo

Uma Thurman exibe acidente em "Kill Bill" e defende Tarantino após polêmica

Imagens do acidente durante as filmagens de "Kill Bill" foram divulgadas apenas agora - Reprodução
Imagens do acidente durante as filmagens de "Kill Bill" foram divulgadas apenas agora Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

05/02/2018 19h10

Uma Thurman se posicionou nesta segunda-feira (5) depois de uma polêmica gerada após a publicação de uma reportagem no "The New York Times" em que a atriz revela ter sido abusada por Harvey Weinstein e um acidente no set de filmagem de "Kill Bill", filme de Quentin Tarantino.

Protagonista do filme de 2003, Uma isentou o diretor da culpa pelo acidente sofrido durante as filmagens. “Quentin se mostrou profundamente arrependido em diversos momentos desde esse dia”, escreveu a atriz em seu Instagram. Ela aproveitou e publicou o vídeo do momento do acidente, dado a ela por Tarantino apenas este ano.

“Ele fez isso com toda a consciência que a revelação dessa cena lhe causaria dano pessoal. Eu estou orgulhosa dele por fazer a coisa certa e por sua coragem”, disse.

“A forma como isso foi acobertado depois que aconteceu é que é imperdoável”, acusa. “Eu culpo Lawrence Bender, E. Bennett Walsh e o notório Harvey Weinstein por isso. Eles mentiram, destruíram evidências e continuam me contradizendo sobre o dano que sofri”.


O acidente

Thurman se acidentou durante a gravação da cena em que dirige um Karman Ghia em alta velocidade para finalmente matar Bill (David Carrandine). A atriz conta ter ficado sabendo pela equipe que o carro havia sido modificado e não era seguro. "Quentin veio no meu trailer e não gostou de ouvir um ‘não’, como qualquer diretor", diz ela. "Ele disse: ‘Eu prometo a você que o carro está ótimo. É um pedaço de estrada reta'”.

Durante a filmagem, o carro perdeu a direção e bateu em uma palmeira. Thurman aparece com o torso contorcido, enquanto membros da equipe tentam retirá-la do carro. Tarantino também aparece nas imagens. A atriz conta que ficou com danos permanentes no joelho e no pescoço. 

Ela ainda revelou que passou os últimos 15 anos brigando para que a Miramax, produtora dos irmãos Weinstein, liberasse as imagens do acidente, mas nunca foi atendida. A atriz ainda cita a agência de talentos CAA, culpabilizando os executivos por “não enviarem ninguém para o México investigar o que havia acontecido”.

"Quando eles se viraram contra mim após o acidente, eu fui de colaboradora criativa [como Tarantino a chamava no lançamento de ‘Kill Bill’] a uma ferramenta quebrada", observa a atriz. "O que me afetou mesmo quanto ao acidente foi sentir que tinha sido agredida de tal forma que ficara vulnerável."

Quentin Tarantino, Uma Thurman e Harvey Weinstein durante um evento de cinema - Divulgação - Divulgação
Quentin Tarantino, Uma Thurman e Harvey Weinstein durante um evento de cinema
Imagem: Divulgação
Abuso sexual

Na mesma entrevista neste fim de semana, Uma Thurman falou pela primeira vez sobre o assédio sexual que sofreu há alguns anos e revelou a identidade do seu agressor: o produtor Harvey Weinstein.

Pivô do levante hollywoodiano contra o assédio sexual na indústria do cinema, o executivo se aproximou de Thurman logo após o sucesso de “Pulp Fiction” (1994). O filme de Tarantino marcou a carreira da atriz e foi uma das produções de maior sucesso da carreira de Weinstein.

A atriz revelou que a primeira investida do magnata aconteceu em um hotel em Paris. Eles conversavam sobre um novo roteiro quando o produtor surgiu de roupão – detalhe que une as histórias de muitas de suas vítimas – a convidando para continuar a conversa na sauna. Thurman relembra que o episódio foi constrangedor e o produtor ficou envergonhado.

Pouco tempos depois, no entanto, em um hotel em Londres, ela conta ter sido forçada a ter relações sexuais com ele. "Ele me empurrou para baixo. Tentou se jogar sobre mim. Tentou se exibir. Fez todo tipo de coisa desagradável”, revela. Weinstein teria ameaçado estragar sua carreira, caso ela revelasse o episódio. O produtor confirmou ao “New York Times” que pediu desculpas a Thurman pelo que chamou de "interpretação errônea de seus sinais".

“Eu tenho um sentimento complicado por Harvey e que é muito ruim depois de ouvir sobre tantas mulheres que foram atacadas depois de mim” revelou. “Quentin [Tarantino] chamou Harvey para ser o produtor de ‘Kill Bill’, um filme que simboliza o empoderamento feminino. E tudo isso foi por água abaixo, porque eles acreditavam que ninguém faria nada de errado, mas eles fizeram.”

Weinstein negou as acusações e disse que irá processar Thurman.