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Kazuo Ishiguro, autor de "Os Vestígios do Dia", vence Nobel de Literatura

O escritor Kazuo Ishiguro posa com o seu livro "Não me Abandone Jamais", para o Booker Prize, o maior prêmio de literatura do Reino Unido, em Londres (10/08/2005) - Stephen Hird / Reuters
O escritor Kazuo Ishiguro posa com o seu livro "Não me Abandone Jamais", para o Booker Prize, o maior prêmio de literatura do Reino Unido, em Londres (10/08/2005) Imagem: Stephen Hird / Reuters

Do UOL, em São Paulo

05/10/2017 08h05

O escritor nipo-britânico Kazuo Ishiguro, 62, autor dos livros "Não me Abandone Jamais" e "Os Vestígios do Dia", é o vencedor do prêmio Nobel de Literatura de 2017. 

A notícia foi divulgada pela porta-voz da Academia Sueca, Sara Danius, nesta quinta-feira (5), em Estocolmo, às 8h (horário de Brasília), que destacou: "[Ishiguro] revelou em romances de grande força emocional o abismo sob nosso ilusório senso de conexão com o mundo".

Um dos romancistas contemporâneos mais aclamados mundialmente, Ishiguro teve sua obra traduzida para mais de 28 países. No Brasil, livros como "Noturnos", "Quando éramos órfãos" e "Gigante Enterrado”, sua mais recente obra, lançada em 2015, foram publicados pela Companhia das Letras.

Após o anúncio, Danius ressaltou o universo estético do autor. "Kazuo Ishiguro está muito interessado em compreender o passado. Não para o redimir, mas para revelar o que temos de esquecer para podermos sobreviver enquanto indivíduos e enquanto sociedade", disse. "Se combinarmos Jane Austen e Franz Kafka temos Kazuo Ishiguro."

Ishiguro receberá como prêmio 9 milhões de coroas suecas (R$ 3,5 milhões). "É uma honra magnífica, principalmente porque significa que estou seguindo os passos dos maiores autores que já viveram, então é um grande elogio", declarou ao canal BBC.

Nos cinemas

“Os Vestígios do Dia”, obra que consagrou o autor, ganhou adaptação para o cinema em 1993, dirigido por James Ivory, e protagonizado por Anthony Hopkins, Emma Thompson e Christopher Reeve.

A história de James Stevens, um mordomo inglês que sacrificou anos da vida ao trabalho, já havia rendido ao autor o Man Booker Prize, outro grande prêmio internacional de literatura, em 1989.

Mais recentemente, em 2010, a ficção científica "Não Me Abandone Jamais" também ganhou adaptação nas mãos do diretor Mark Romanek.

Trajetória

Nascido em 1954, em Nagaski, Japão, Kazuo Ishiguro migrou ainda muito novo com a família para a Inglaterra, aos 5 anos. A experiência proporcionou ao futuro escritor a influência de duas culturas distintas. No final dos anos 1970, graduou-se em Inglês e Filosofia na Universidade de Kenty. Mais tarde, cursou escrita criativa na Universidade de East Anglia.

Na adolescência, chegou a atuar como músico, mas a realização só veio quando se dedicou à escrita. 

Começou a carreira publicando contos e artigos em revistas, mas logo publicou seu primeiro livro, "Uma Pálida Visão dos Montes", em 1982. 

Tanto o romance de estreia quanto a obra seguinte, "Um Artista do Mundo Flutuante" (1986), se passam em Nagasaki poucos anos depois da Segunda Guerra Mundial.

Nobel volta à prosa após Dylan

A escolha marca um retorno a uma interpretação mais tradicional de literatura, depois que o prêmio de 2016 foi concedido ao cantor e compositor norte-americano Bob Dylan.

A decisão da academia sueca, por criar "novas expressões poéticas dentro da grande tradição musical americana", foi vista como um tapa na cara de escritores tradicionais de poesia e prosa. 

Dylan ficou em silêncio sobre o prêmio por semanas após ele ser anunciado e não compareceu à cerimônia de entrega do prêmio e ao banquete que a seguiu.

Vencedores do Nobel de Literatura dos últimos anos:

2016: Bob Dylan (Estados Unidos)
2015:  Svetlana Alexievitch (Bielorrússia)
2014: Patrick Modiano (França)
2013: Alice Munro (Canadá)
2012: Mo Yan (China)
2011: Tomas Tranströmer (Suécia)
2010: Mario Vargas Llosa (Peru)
2009: Herta Müller (Romênia)
2008: Jean-Marie Gustave Le Clézio (França)
2007: Doris Lessing (Reino Unido)
2006: Orhan Pamuk (Turquia)
2005: Harold Pinter (Reino Unido)
2004: Elfriede Jelinek (Áustria)
2003: John Coetzee (África do Sul)
2002: Imre Kertész (Hungria)
2001: V.S. Naipaul (Grã-Bretanha)