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John Neschling é afastado da direção artística do Teatro Municipal de SP

O maestro John Neschling durante depoimento na CPI do Teatro Municipal, em agosto - Suamy Beydoun/Futura Press/Estadão Conteúdo
O maestro John Neschling durante depoimento na CPI do Teatro Municipal, em agosto Imagem: Suamy Beydoun/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

05/09/2016 17h41Atualizada em 06/09/2016 10h55

O maestro John Neschling foi afastado nesta segunda-feira (5) da direção artística do Teatro Municipal de São Paulo e da regência da Orquestra Sinfônica Municipal.

O maestro é investigado em dois processos, criminal e civil, por suspeita de participar de um esquema de corrupção na Fundação Theatro Municipal que causou prejuízo de pelo menos R$ 15 milhões aos cofres públicos entre 2013 e 2015. O diretor da fundação, José Luiz Herência, e o ex-diretor do Instituto Brasileiro de Gestão Cultural (IBGC), William Nacked, são réus confessos e fecharam acordo de delação com o Ministério Público. O secretário de Comunicação Social da Prefeitura, Nunzio Briguglio Filho, também é investigado. Neschling e Briguglio negam as acusações e se dizem inocentes.

Em nota divulgada à imprensa, o Instituto Brasileiro de Gestão Cultural, organização social responsável pela administração do Teatro Municipal de São Paulo, anunciou a saída de Neschling sem detalhar as motivações. O comunicado também afirma que as "apresentações do Teatro seguem inalteradas, com a estreia mundial do espetáculo 'Titã', com o Balé da Cidade de São Paulo e a Orquestra Sinfônica Municipal, no próximo sábado, 10 de setembro".

Também em nota, Neschling confirmou seu afastamento e classificou a decisão como um "ato que unilateralmente pretendeu extinguir de forma ilegal e arbitrária o contrato antes celebrado e que, como tal, assim será objeto de providências legais, sujeitas a avaliação conjunta com meus advogados".

No comunicado, o maestro reafirmou sua inocência e disse que não participou "de nenhum esquema, de nenhum tipo de falcatrua". "Sempre julguei que aquele que é inocente deve permanecer onde está para aguardar com tranquilidade a investigação em todos os âmbitos. Meu compromisso é com a verdade e com o meu público e permanecer no Teatro é a melhor forma de ser fiel aos meus compromissos", completou ele, que também falou em traição por parte de "todos aqueles que um dia disseram prezar meu trabalho, a cultura brasileira e o Teatro Municipal, e que hoje cedem à mentira e a pressão do Ministério Público, para manter em pé um projeto político".

Segundo o jornal O Estado de São Paulo, desde a semana passada três órgãos da administração municipal estavam mobilizados para suspender o contrato do maestro, que recebia R$ 150 mil mensais.

O caso é investigado pelo Ministério Público Estadual e por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara Municipal de São Paulo. A suspeita dos promotores é de que Neschling contratava artistas internacionais com cachês acima do padrão e, em troca, era contratado para se apresentar no exterior. Um produtor, Valentin Proczynski, faria a intermediação.

O Tribunal de Contas do Município (TCM) também rejeitou as contas do Municipal referentes ao ano de 2014 e julgou irregular o contrato firmado com o Instituto Brasileiro de Gestão Cultural.