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No Teatro Oficina, Marilena Chauí chama governo Temer de "machistério"

17.mai.2016 - Artistas ocupam o Teatro Oficina em protesto contra a extinção do MinC, mas muitos ficam do lado de fora (esquerda) - Jotabê Medeiros /UOL
17.mai.2016 - Artistas ocupam o Teatro Oficina em protesto contra a extinção do MinC, mas muitos ficam do lado de fora (esquerda) Imagem: Jotabê Medeiros /UOL

Jotabê Medeiros

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/05/2016 23h48

Cerca de 500 pessoas, entre artistas, produtores, dirigentes culturais e ativistas do movimento secundarista, ocuparam na noite desta terça-feira (17) o Teatro Oficina, na região central de São Paulo, para um ato contra o governo Temer e a extinção do Ministério da Cultura.

O Teatro Oficina não comportou todos os manifestantes, uma boa parte ficou do lado de fora. Segundo a organização do protesto, pelo menos 10 mil pessoas acompanharam a transmissão online do ato, que contou com as presenças do vereador Nabil Bonduki (PT), da secretária de Cultura de São Paulo, Maria do Rosário, da filósofa Marilena Chauí, do guitarrista Edgard Scandurra, do historiador Luiz Felipe de Alencastro, do ator Paschoal da Conceição e dezenas de outros, sob a liderança do diretor de teatro José Celso Martinez Correa.

O discurso de Marilena Chauí foi o mais aplaudido da noite. Ela chamou o ministério do governo interino de Michel Temer de "machistério temerário" e disse que a cultura é o trabalho da imaginação, e é isso que esse golpe quer suprimir. "Mas a cultura somos nós, ela é insuprimível", afirmou. Segundo Marilena, o ataque da gestão Temer à Cultura tem um motivo: os agentes culturais são os primeiros a se manifestar, e demonstrou acreditar que uma nova esquerda nascerá justamente dessa mobilização cultural.  "Esse golpe é uma infâmia, uma indecência contra o povo brasileiro".

Muitos gritos de "Fascistas, machistas, não passarão" e "Fora, Temer" animaram os baixos da Rua Jaceguai, além de sonoras "homenagens" ao deputado Marco Feliciano. Nabil Bonduki, ex-secretário de Cultura de São Paulo, afirmou que a extinção do ministério da Cultura faz com que o País retroceda 80 anos - tempo dos primeiros esforços de Mário de Andrade para estabelecer políticas culturais no Brasil. Bonduki acha que a gestão Temer demonstra uma estratégia, já em curso, para "extinguir o pensamento crítico" no País.

Uma unanimidade entre os manifestantes do Oficina é que não haverá trégua à gestão de Temer, considerada uma composição de tudo que há de mais retrógrado para o mundo cultural: representantes do fundamentalismo religioso, moralismo, pautas anti-sociais e ameaças de repressão violenta. Os ativistas do Oficina estavam conectados em tempo real com os artistas e produtores que invadiram, nesta mesma noite, a sede da Funarte em São Paulo.