Topo

Exposição inédita apresenta 500 desenhos originais de Millôr no Rio

Roseane Aguirra

Do UOL, em São Paulo

15/04/2016 13h11

Neste sábado (16), às 18h, o Instituto Moreira Salles do Rio inaugura a primeira exposição retrospectiva da obra gráfica do humorista, jornalista e dramaturgo Millôr Fernandes. Ao todo, 500 desenhos originais são expostos na mostra que fica em cartaz até dia 21 de agosto, com visitação gratuita.

Sete mil era o número de obras do conjunto, de onde saíram as 500 escolhidas pelo trio de curadores Cássio Loredano, Julia Kovensky e Paulo Roberto Pires.

"Chegamos à conclusão que o negócio não era dividido por fases, igual Picasso, mas por temas. Desde o início da carreira, tem algumas teclas que ele ficava batendo como casamento, relação homem e mulher, corrupção, política, Deus, morte, a infância, porque a dele foi dificílima", contou Cássio Loredano, em entrevista ao UOL. "Dá para saber tranquilamente quem é Millôr Fernandes".

Desenho para publicação em "Veja", em 1981. Nanquim, hidrocor e lápis de cor sobre papel, 21,9 x 32,9 cm. A exposição "Millôr: obra gráfica" fica em cartaz de 17 de abril a 21 de agosto de 2016, no Instituto Moreira Salles (rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea, Rio de Janeiro). A entrada é franca - Acervo Millôr Fernandes / Instituto Moreira Salles - Acervo Millôr Fernandes / Instituto Moreira Salles
Desenho para publicação na "Veja", em 1981. Nanquim, hidrocor e lápis de cor sobre papel, 21,9 x 32,9 cm
Imagem: Acervo Millôr Fernandes / Instituto Moreira Salles
Com diversas obras de conteúdo crítico em relação à política da época, a exposição traz até desenhos que foram censurados pela ditadura, segundo conta Loredano, que cita haver muitos desenhos sobre delação e corrupção no conjunto. "Tem uma famosa frase dele que dizia 'a imprensa é oposição, o resto é armazém de secos e molhados'".

Dividida em cinco salas, a mostra traz autorretratos, na primeira sala, chamada Millôr por Millôr. A segunda é dedicada à produção do Pif-Paf, nome da seção que Millôr teve por quase 19 anos na revista "O Cruzeiro". Segundo Loredano, o Pif-Paf foi "uma espécie de laboratório, ele começa aos 23 anos e a partir dali ele experimenta tudo, são mais de 60 anos de carreira".

As belezas e mazelas do Brasil aparecem na terceira sala. "Tem muita corrupção, caricaturas de presidente da república, miséria, o nordeste”, conta o curador. As necessidades da população aparecem, por exemplo, no desenho de uma cena noturna, que mostra uma família na porta do INSS. "É muito bonito e muito triste", comenta Loredano.

Desenho para publicação na revista "Veja", em 1973. Impressão, colagem e hidrocor sobre papel, 24,8 x 20,6 cm - Acervo Millôr Fernandes / Instituto Moreira Salles - Acervo Millôr Fernandes / Instituto Moreira Salles
Desenho para publicação na revista "Veja", em 1973. Impressão, colagem e hidrocor sobre papel, 24,8 x 20,6 cm
Imagem: Acervo Millôr Fernandes / Instituto Moreira Salles

A condição humana aparece na quarta seção, que mostrar a relação com Deus, com a vida e a morte. Na última sala, são expostos desenhos mais infantis, em que aparecem galinhas, gatos e cachorros. Há desenhos feitos quando o humorista estava ao telefone ou sem qualquer compromisso de publicação. "É a sala que a gente chamou à mão livre, ou seja, o prazer de desenhar".

A exposição será acompanhada do lançamento de um livro que traz uma cronologia da vida do artista, ensaios críticos e a reprodução dos desenhos originais.

Serviço
Exposição "Millôr: Obra Gráfica"
Quando: Inauguração: 16 de abril, às 18h
Visitação: de 17 de abril a 21 de agosto de 2016. De terça a domingo, das 11h às 20h
Onde: Instituto Moreira Salles - Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea - Rio de Janeiro
Quanto: Entrada franca
Classificação: livre
Visitas mediadas para grupos: Agendar pelo telefone (21) 3284 7485 ou educativo.rj@ims.com.br
Mais informações: (21) 3284-7400/ (21) 3206-2500