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Fã de Zé do Caixão, Tim Burton diz que já se sente à vontade no Brasil

Alex Xavier

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/02/2016 07h00

Um dia após tirar fotos com fãs em uma praia do Rio de Janeiro, o diretor norte-americano Tim Burton já estava em São Paulo para prestigiar a exposição em sua homenagem no MIS (Museu da Imagem e do Som). Da mesma forma como as alegorias da Marquês de Sapucaí chamaram a atenção dele, em pouco tempo na capital paulista seu olhar já havia notado os muros. "Só de andar na rua e ver os grafites e as pinturas já acho tudo muito inspirador para mim".

Autor de filmes que brincam com o grotesco, como os sucessos "Os Fantasmas se Divertem" (1988), "Edward Mãos de Tesoura" (1990) e "A Fantástica Fábrica de Chocolate" (2005), Burton revela que gostaria de aproveitar a passagem pelo Brasil para conhecer o cineasta José Mojica Marins, o Zé do Caixão. "O que as pessoas geralmente consideram grandes filmes, eu não costumo gostar. Gosto de trash movies, mais o que eu mesmo faço".

Mente que não para

Ao conhecer a montagem brasileira da exposição "O Mundo de Tim Burton" no MIS, que conta com cenografia própria, Burton a comparou com um bizarro parque de diversões. "Foi a primeira exposição que eu tive com um escorregador e agora vou pedir para fazerem isso o tempo todo", empolga-se, ao lembrar da sala na qual o visitante tem uma opção mais lúdica do que descer pelas escadas.

Sobre o acervo, que privilegia trabalhos com pintura e fotografia e não propriamente seus filmes, ele diz que a exposição não é para mostrá-lo como um grande cineasta. "Acho que o melhor da mostra é ela inspirar as pessoas a criar, seja com um desenho, uma música ou um texto". Um dos corredores, por exemplo, apresenta esboços em guardanapos. "Minha mente nunca para, mas também pode ser um sinal de que passo muito tempo em bares", diverte-se.

Para o diretor, seus rabiscos sempre foram uma forma de demonstrar seus sentimentos e emoções. "Quando eu era criança, eu não falava muito e acho que ainda tenho problema de me expressar. E desenhar me deixa muito feliz".

Montada como uma viagem pela mente do artista, a exposição permitiu que Burton revisasse todos os seus trabalhos. "Tem uns mais bonitinhos, uns mais feinhos, mas são seus filhos. Você coloca muito tempo naquilo, então mesmo se é baseado em material de outra pessoa, você precisa tentar fazer daquilo algo pessoal".

Talvez por isso a ala mais difícil de sua visita foi a das artes de projetos que não saíram do papel. De forma dolorosa, o diretor falou sobre sua versão de "Superman" que não foi adiante, sua maior frustração. "Você passa um ano trabalhando e sente que está acontecendo, mas não está. Hoje só sei que estou fazendo um filme quando estou no set e há câmeras, atores e uma equipe em volta".

Burton é considerado um precursor da atual onda de filmes de super-heróis em Hollywood, pois tanto seu "Batman" (1989) como a continuação "Batman - O Retorno" (1992) mostraram o quanto os personagens dos quadrinhos eram rentáveis. Mas hoje ele não se vê dirigindo nada do gênero. "Acho que já esgotaram com todos o super-heróis", brincou. "Na época, eu estava explorando um novo território. Esse mercado ainda está crescendo e fica mais forte a cada ano, eu talvez faça o 'Stain Boy' [o "menino-mancha" de um dos seus curtas animados] como super-herói".

Serviço
O MUNDO DE TIM BURTON
Quando:
Abertura da exposição: 3 de fevereiro de 2016 (quarta-feira), das 18h às 21h. Em cartaz até 15 de maio.
Onde: MIS - Avenida Europa, 158, Jardim Europa
Vendas: Lotes pelo site Ingresso Rápido: www.ingressorapido.com.br/timburton
Quanto:  R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) - Até 4 ingressos por CPF
Mais informações: (11) 2117 4777 e www.mis-sp.org.br