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Jovem ator consegue autorização e leva vida e obra de Paulo José ao palco

O ator Bruno Fracchia em cena da peça "Algumas Histórias", sobre a vida de Paulo José - Divulgação
O ator Bruno Fracchia em cena da peça "Algumas Histórias", sobre a vida de Paulo José Imagem: Divulgação

Miguel Arcanjo Prado

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/01/2016 11h01

A primeira vez que Bruno Fracchia, 30, viu o trabalho do ator Paulo José, 78, foi na novela "Vamp", em 1991. Vinte anos depois, já ator formado, reencontrou o ídolo no filme "O Palhaço", de Selton Mello. Mais uma vez, se impressionou com o talento do veterano. "Sempre que assisto, choro de emoção", diz. Mas foi ao ler a biografia "Paulo José: Memórias Substantivas", de Tânia Carvalho, que Fracchia resolveu levar sua admiração para o palco. Ele criou a peça "Algumas Histórias", que faz apresentação única neste domingo (17), às 19h, no Espaço da Cia. da Revista, em São Paulo.

Fracchia é ator formado pela USP (Universidade de São Paulo) e já estudou e trabalhou com gente como Cleyde Yáconis, Gerald Thomas e Aguinaldo Silva --foi um dos criadores da sinopse da novela "Fina Estampa". Ele conta que o livro despertou a "necessidade de compartilhar com as pessoas um pouco da história de vida de Paulo José".

O amor ao palco e o desejo de superação pela arte, lembrando a forma corajosa que José convive com o Mal de Parkinson, são dois pontos fortes que observa no artista. E quer reforçar a importância do homenageado no "país sem memória em todos os sentidos". "Na minha faixa etária, muita gente desconhece Paulo José. Acho isso muito triste. Dou minha contribuição neste cenário".

Paulo José e Bruno Fracchia - Divulgação - Divulgação
Paulo José e Bruno Fracchia em encontro no Rio
Imagem: Divulgação

Peça com autorização

Paulo José autorizou a peça, a qual viu em DVD enviado por Fracchia que, mais tarde, conseguiu um encontro na casa do artista. Foi em abril de 2015, no Rio, intermediado por uma das filhas de José e Dina Sfat, Bel Kutner, que viu a obra. "Bel absorveu a generosidade dos pais. Ela me incentivou a me encontrar com seu pai já no dia seguinte", lembra.

O encontro, sonhado por oito anos, ocorreu de forma afetuosa. "Fui muito bem recebido. Consegui, não sei como, falar em 20 minutos tudo o que tinha para contar sobre o projeto ao longo de oito anos. E recebi um abraço carinhoso, que nunca esquecerei".

Fracchia confirmou o que já sabia: "Paulo José é um homem muito generoso. Sem nunca ter ouvido falar de mim, há quase seis anos, por abordagem minha por e-mail, ele me deu uma autorização para a montagem, sem nenhuma restrição. Pelo carinho e cuidado com que fui recebido e pela renovação da autorização, sei que o trabalho é aprovado por ele".

Ao UOL, Bel Kutner define a peça como "uma bela homenagem". "Pude ver a peça do Bruno aqui no Rio. Foi divertido. E não vi 'meu pai', vi um ator contando uma versão da história de outro ator, fazendo uma homenagem, mas também uma reflexão sobre sua própria história. Isso que é bonito".

Monólogo

O monólogo, já encenado 53 vezes em 14 diferentes cidades, é dividido em seis cenas, que abordam aspectos da vida de José, como a infância, o casamento com Dina Sfat, o cinema, a televisão e o enfrentamento do Parkinson. Fracchia interpreta não só José como os outros personagens da vida do ator.

A pesquisa teve colaboração dramatúrgica de Platão Capurro Filho. Contou com entrevistas de Paulo José em revistas, jornais e na internet. Para compreender o Parkinson, o ator fez trabalho voluntário em uma associação que cuida de pessoas que sofrem da doença. Fracchia assina a direção em conjunto com Paula d'Albuquerque.

A sessão da peça marca também a mudança de Fracchia para São Paulo, após morar no Rio. Ele espera que a apresentação ajude a peça a conquistar uma temporada na "capital do teatro brasileiro", como diz, lembrando que Paulo José também mudou-se do Rio Grande do Sul para São Paulo em busca de se firmar como um ator de teatro. "Eu me espelho em Paulo José. Eu o definiria como um homem da arte. É meu Rilke imaginário, como no livro 'Cartas ao Jovem Poeta'".

Serviço
"Algumas Histórias"
Quando: 17/01 (domingo), às 19h (única sessão)
Onde: Espaço Cia. da Revista (Alameda Nothmann, 1.135, Campos Elíseos, São Paulo)
Quanto: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada)
Informações: (11) 3791-5200
Classificação etária: 12 anos