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Participação de minorias étnicas na cultura pop é discutida na Comic Con

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

04/12/2015 16h21

A representação étnica na cultura pop foi tema de um painel que ocorreu nesta sexta-feira (4) na Comic Con Experience, em São Paulo. O bate-papo contou com a participação de Erika Awano, do Holy Avangers; Duda Saldanha, do Indiretas do Bem; Kelly Cristina, do Meninas Nerd; Bruno Trindade, do RenegadosCast; Ana Flavia Cardoso, quadrinista; e Ricardo Tokutomo, do Ryot.

Bastante concorrido, os convidados discutiram a participação de negros e orientais nas principais produções culturais da atualidade. Para Kelly Cristina, não basta apenas colorir personagens, como o Super-Homem ou a Mulher-Maravilha, de negro. "Você está empoderando o negro ou dando a ele um símbolo de poder que jé existe?", questionou. Bruno lembrou de uma história da atriz Whoopi Goldberg. "Quando criança, ela viu a Uhura, de 'Star Trek', na TV e foi chamar a mãe dizendo que finalmente tinha visto uma personagem negra na TV que não era doméstica", contou.

Os convidados lembraram também que boa parte da produção norte-americana que mostra os negros sem estereótipos foi feita por diretores e produtores negros. "Não basta ter um personagem negro. É preciso que a pessoa que faça o produto também seja", disse Bruno, lembrando que, por influência de Oprah Winfrey, a Disney criou a sua primeira princesa negra.

Um bom exemplo de herói negro citado foi o Super Shock. "Uma pena que acabou", lamentou Duda Saldanha. "Temos que falar também dos maus exemplos. O Mussum ria de piadas contra eles. A mesma coisa com Tião Macalé. Será que isso não foi a maneira que eles encontraram para superar a discriminação? Eles riam do que os outros falavam deles, mas será que no fundo eles não estavam se sentindo mal?", questionou Duda.

As discussões seguiram com temas como o empoderamento e a sexualização da mulher negra brasileira. "Quando fala em mulher negra já pensa em mulata com bundão, nua e sambando, super lasciva", rebateu Kelly.

Sobre apropriação cultural da cultura negra pelos brancos, Ana Cardoso disse que, quando fez cosplay, escolheu a Diana do "Castelo do Dragão" "porque é difícil encontrar personagem negro na cultura pop". "A apropriação cultura apaga o negro", continuou Kelly. "O que o negro produz é bom, mas só se consome se um branco for lá e fizer? O rock começou negro e agora vemos isso com outras coisas, como o rap e o hip-hop nos Estados Unidos", disse Kelly.

Duda Saldanha finalizou a discussão sobre apropriação cultural citando um caso que ocorreu com ela. "Se branco usa turbante, é estiloso. Se é negro, é macumbeiro. Eu já peguei ônibus lotado em São Paulo e fiquei uma hora sentada com o lugar ao lado vago. Ninguém sentou ao meu lado porque eu estava de turbante."