Miguel Falabella manda recado para juiz que proibiu atores mirins em peça
Miguel Falabella mostrou sua indignação ao público que foi assistir à pré-estreia de "Memórias de Um Gigolô", na noite desta segunda-feira (13), em São Paulo. Antes mesmo da estreia, o espetáculo sofreu duas baixas no elenco, dos atores mirins Matheus Braga, de 13 anos, e a Kalebe Figueiredo, de 10 anos. Os meninos subiram ao palco com fitas adesivas fechando a boca ao lado de Miguel.
De acordo com a decisão de Flavio Bretas Soares, integrante do Juízo Auxiliar da Infância e Juventude do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, o texto da peça teria uma linguagem inadequada que poderia prejudicar o desenvolvimento psíquico dos jovens.
"Uma das razões alegadas foi que a de que o personagem usava a palavra 'masturbação' no texto, e que isso poderia prejudicar o desenvolvimento psíquico dos menores. O teatro, senhor juiz, muito pelo contrário, ensina esses dois jovens talentos a dominar a língua, a se expressar com clareza, a aguçar o raciocínio e a olhar o mundo com os olhos da poesia. E o teatro musical ainda por cima lhes ensina a música", disse em uma parte do discurso.
Miguel relembrou o regime autoritário com o teatro nos anos 1970 e mandou um recado para a autoridade.
"Se a sua intenção era a fama, pois que seja feita a sua vontade. O senhor ganhou uma patética e tristonha citação na história do teatro brasileiro, mas tomando emprestado as palavras de Darcy Ribeiro, eu lhe diria que não gostaria de estar no lugar quem lhe venceu. Um agradecimento especial a esse maravilhoso elenco, que lutou com afinco para o ensaio de última hora".
Em entrevista à imprensa, o diretor ainda falou um pouco mais sobre a proibição.
"É lamentável pensar que esse personagem foi feito há 30 anos, agora um grande talento foi proibido de se apresentar".
"Memórias de Um Gigolô" que tem Mariana Rios, Marcelo Serrado e Leonardo Miggiorin no elenco, é baseado no romance do escritor paulista Marcos Rey e conta a história de um aspirante a cafetão que se apaixona por uma prostituta. O espetáculo está em cartaz no teatro Procópio Ferreira, em São Paulo.
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