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Maioria dos artistas em prêmio da MPB comemora liberação das biografias

Thiago Stivaletti e Ana Cora Lima

Do UOL, no Rio

10/06/2015 22h08

Presentes na entrega do Prêmio da Música Brasileira, que homenageia Maria Bethânia na noite desta quarta-feira (10), no Rio, diversos representantes da MPB demonstraram apoio à decisão do Supremo Tribunal Federal que liberou a publicação de biografias sem autorização prévia dos personagens retratados.

Um dos poucos que não demonstraram apoio total à decisão, o cantor e compositor Gilberto Gil disse ao UOL que não acompanhou o julgamento na tarde desta quarta. "A aprovação da lei já era esperada. Não acompanhei. Eu não era a favor da aprovação, mas a maioria era. Eu já tinha me posicionado a favor de uma confecção legal mais equilibrada. No início da questão, eu disse que os artigos 20 e 21, como estão escritos hoje, estavam satisfatórios, e mudaram porque a maioria quis, e eu aceito", disse o cantor.

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  • Ricardo Matsukawa/UOL

    Foi derrubado o veto? Graças a Deus!

    Erasmo Carlos

Ele se referiu aos dois artigos do Código Civil que estavam em vigor desde 2002 e impediam a veiculação de informações pessoais de um biografado em situações que "lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade". Foi a partir desses artigos que o cantor Roberto Carlos se apoiou para vetar, em 2007, a veiculação do livro "Roberto Carlos Em Detalhes", escrito por Paulo Cesar de Araújo.

Eterno parceiro de Roberto Carlos, Erasmo Carlos, porém , mostrou-se totalmente a favor das biografias não autorizadas: “Foi derrubado o veto? Graças a Deus!”, disse o cantor ao UOL.

Já Jards Macalé afirmou:  “Sou a favor e não sou contra. Já estou escrevendo minha própria biografia não autorizada”. Para João Bosco, uma biografia “não tem que ser autorizada por ninguém”. “Quem tiver algum problema, que processe depois”, disse o músico, enquanto Ney Matogrosso declarou:  “Cada um sabe daquilo que vai escrever”.

Na opinião do cantor e compositor Lenine a polêmica em torno da publicação das biografias não autorizadas é “uma questão menor”. “O problema maior hoje é a falta de transparência em tudo. Se isso já chegou até no futebol...”, disse.

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  • Reprodução/Site do cantor

    Lamento, porque é uma vitória do neoliberalismo. O dono da vida precisa ser consultado. Senão vamos ficar que nem os americanos, processando o tempo todo?

    Jorge Vercillo

Outro músico que falou com o UOL foi o ex-baterista do Titãs, Charles Gavin, que acha que a liberação das biografias deve ser comemorada. “Tem que comemorar. Ainda não estão fazendo a minha [biografia]. Mas agora ficou mais fácil”, brincou.

Gilberto Gil, porém,  não foi o único artista na premiação que demonstrou ser contra ao fim do veto às biografias.  Jorge Vercillo também não gostou da decisão do STF. “Lamento, porque é uma vitória do neoliberalismo. O dono da vida precisa ser consultado. Senão vamos ficar que nem os americanos, processando o tempo todo?”, questionou o músico.