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Livro de "receitas pop" traz referências gastronômicas em filmes e séries

Capa do livro "Cozinha Pop" (Panda Books). Receitas vão do cannoli de "O Poderoso Chefão" ao camarão ao alho e óleo de "Forrest Gump" - Divulgação
Capa do livro "Cozinha Pop" (Panda Books). Receitas vão do cannoli de "O Poderoso Chefão" ao camarão ao alho e óleo de "Forrest Gump" Imagem: Divulgação

Guilherme Solari

Do UOL, em São Paulo

11/02/2014 06h00

Gastronomia pode não ser a primeira coisa que venha à cabeça quando o assunto é cultura pop, mas o livro "Cozinha Pop" (Panda Books), de Mariane Lorente e Laura Salaberry, mostra como referências de comes e bebes estão por todo lado no cinema e na televisão.

O livro nasceu durante um curso de gastronomia, quando as autoras se conheceram e descobriram o interesse mútuo por séries e filmes. Após uma pesquisa de mais de 400 referências, e com a colaboração da chef Márcia Brandão, as cem mais relevantes foram escolhidas, junto de curiosidades, instruções de preparo e aparições de receitas semelhantes no cinema e TV.

Entre as receitas de para os amantes de cultura pop, indo do strudel de maçã de "Bastardos Inglórios", a sopa do icônico "nazista de sopa" da série "Seinfeld", os pães élficos de viagem da série "O Senhor dos Anéis" e até drinks de "Mad Men". Mais do que uma lista definitiva de referências, o livro se propõe como uma homenagem da cultura pop, organizado a partir de uma conjunção de relevância com preferência das autoras.

Elas conversaram com o UOL sobre o processo de concepção do livro e as principais receitas.

UOL - De onde veio a ideia para criar o "Cozinha Pop"?

Laura - Nós nos conhecemos há dois anos, na pós-graduação no curso "Gastronomia: História e Cultura" do Senac, e logo nos juntamos para fazer os trabalhos de classe. Rapidamente, percebemos que nossos interesses além da cozinha eram os mesmos, nos tornamos amigas e, com o tempo, decidimos fazer alguma coisa juntas fora das aulas.

Mariane - Bom, como nós duas gostamos de tudo o que diz respeito à comida, e também das mesmas séries, filmes etc, juntar gastronomia e cultura pop foi inevitável. Inicialmente, o projeto era fazer um almanaque para registrar as inúmeras cenas gastronômicas do cinema e da TV. Depois, quando apresentamos a ideia para a editora Panda Books, veio o pedido para a inclusão de receitas – e nós chamamos a nossa amiga e chef Márcia Brandão de Lima para fazer a consultoria gastronômica. A partir daí, fomos descobrindo e testando as receitas também.

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Quais foram as receitas mais difíceis de pesquisar? E de fazer?

Mariane - A pesquisa não foi difícil. Escolhemos muitas receitas clássicas, então foi bem tranquilo para a Márcia, que é uma cozinheira de mão cheia.

Márcia - Eu nunca havia me interessado em fazer o bolo no palito, por exemplo. Foi preciso fazer alguns testes, mas isso faz parte da cozinha. As mais trabalhosas são, sem dúvida, as receitas à base de massa folhada. Mas esse trabalho pode ser minimizado com a massa folhada comprada pronta. Danish, croissants e strudel ficam muito mais simples com esse recurso.

Quanto vocês precisaram tomar de "liberdade culinária" para receitas que não aparecem completas nos filmes ou séries?

Mariane - Passamos a lista de receitas que entrariam no livro para a Márcia. Quando era uma receita comum, como o crème brûlée de Amélie Poulain, ela usava a dela - já testada. Quando era algo mais específico, como as almôndegas de "Os Bons Companheiros", buscávamos referências na internet e ela testava. Em alguns casos, houve adaptações, sim. E também licença poética. Por exemplo, no filme "O Diário de Bridget Jones", a Bridget faz uma sopa azul porque usou um barbante dessa cor para amarrar alguns temperos. No nosso livro, dispensamos o barbante e sugerimos um corante azul (comestível e sem risco de intoxicações).

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    Laura Salaberry e Mariane Lorente, autoras do "Cozinha Pop"

Como vocês abordaram receitas de pratos que não existem, como os lembas de "O Senhor dos Anéis"? Que afinal são um segredo élfico cuidadosamente guardado...

Laura - Pois é. Em alguns casos, pesquisamos na internet, em diversos sites especializados e de fãs, e encontramos mais de uma receita para o mesmo prato. Juntamos uma informação daqui e outra dali e chegamos às receitas que publicamos no livro.

Qual a receita preferida de cada uma?

Mariane - O boeuf bourguignon de "Julie & Julia", o quiche Lorraine de "Ladrão de Casaca", a torta de blueberry de "Um Beijo Roubado"…

Laura - O espaguete com almôndegas de "A Dama e o Vagabundo" é um almoço super comida de casa pra mim. Faço sempre. O strudel de maçã de "Bastardos Inglórios" é facinho de fazer e uma delícia. O cookie da Ana Pascal de "Mais estranho que a Ficção" é ótimo pra fazer num dia de frio. São muitas receitas boas.

Além de receitas, o livro traz curiosidades tanto gastronômicas quanto cinematográficas. Como foi o processo de pesquisa?

Mariane - Muito do que colocamos no livro, de alguma forma, aprendemos na pós-graduação. Então dá para dizer que este livro foi uma grande revisão de matéria para a gente. Um dos nossos professores, após ler o livro, disse que dá para ver em cada cantinho do livro pedaços de todas as aulas do curso. Isso, com certeza, nos deixa muito orgulhosas e com a certeza de que aprendemos direitinho.

Quais foram as melhores receitas que não couberam na relação do livro?

Laura - Levantamos mais de 400 referências e estabelecemos quatro critérios para chegar às 100 cenas do livro: relevância da obra, protagonismo da comida na cena, status na escala de cultura por e, claro, preferência das autoras. Por isso, para a gente, todas as melhores receitas estão no livro. Mas somos suspeitas.

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