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Marta Suplicy nega parâmetro étnico na escolha de brasileiros em Frankfurt

Flávia Villela

Da Agência Brasil, no Rio

02/10/2013 14h18

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, comentou a matéria do jornal alemão "Süddeutsche Zeitung", publicada há cerca de um mês, na qual informou que apenas um negro faz parte da lista de 70 autores chamados para representar o Brasil na Feira de Frankfurt, na Alemanha. A ministra explicou em coletiva nesta quarta-feira (2) à imprensa na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, que a eleição dos autores teve que seguir critérios como autores de livros traduzidos ou em vias de serem traduzidos para o alemão ou outro idioma estrangeiro.

"O critério [de escolha] não foi étnico. É uma feira comercial, então temos que dar prioridade a quem vai poder se colocar lá. Autores consagrados e a nova produção literária brasileira ainda desconhecida na Europa e mesmo aqui, mas que são autores que as editoras investem por considerarem que são grandes talentos", declarou a ministra.

Marta ressaltou que políticas públicas como o ProUni (Programa Universidade para Todos) e também as cotas vão possibilitar que, nas próximas gerações, o país tenha um número representativo de autores negros da sociedade brasileira. "Hoje, infelizmente, não temos isso, é uma realidade".

Segundo a ministra, o Brasil está pronto para exercer seu papel de convidado de honra. Os contratempos nos preparativos já foram sanados e tudo foi resolvido dentro do orçamento de R$ 18,9 milhões, garantiu ela. Marta informou que os atrasos se deveram a mudanças de cargos no Ministério da Cultura, no Itamaraty e na Biblioteca Nacional.

"Essas mudanças todas acarretaram confusão. Houve uma série de situações bastante desfavoráveis que nos deixaram bem preocupados. Mas viramos a página", declarou. "Tivemos três licitações e obviamente ganharam os melhores preços. Conseguimos um hotel quatro estrelas em um lugar muito bom, melhor do que antevimos. Estamos respirando aliviados e está tudo sob controle", disse Marta.

Segundo o ministério, houve atrasos na abertura de licitações, de responsabilidade do Itamaraty, para contratação de serviços de hospedagem para a delegação, de produção executiva e de assessoria de comunicação. Os três processos licitatórios foram abertos três semanas antes da data de início da feira.

200 livros traduzidos
O presidente da FBN (Fundação Biblioteca Nacional), Renato Lessa, informou que mais de 200 obras foram traduzidas, como parte do Programa de Apoio à Tradução e à Publicação de Autores Brasileiros no Exterior. Segundo ele, as traduções vão ajudar a ampliar a presença do livro brasileiro na feira. Lessa disse ainda que a Alemanha é o país que mais demanda bolsas de publicação desde 2010, seguida da Espanha, França, Itália e Argentina.

Desde 2010, foram criadas 422 bolsas de apoio à tradução de autores brasileiros no exterior e 110 obras foram publicadas na Alemanha, das quais 63% oriundas do programa da fundação, explicou ele. "Acho que esse interesse pela literatura brasileira, que já é grande, vai continuar a crescer, e o programa pode ajudar, pois é barato", completou Lessa.

Considerado o maior evento mundial no mercado de livros, a Feira de Frankfurt vai reunir, entre os dias 9 e 13 deste mês, mais de 7.000 expositores de cem países, com expectativa de receber mais de 250 mil visitantes. A participação brasileira no evento é organizada pelos ministérios da Cultura e das Relações Exteriores, a FBN, a Funarte (Fundação Nacional de Artes), a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e a CBL (Câmara Brasileira do Livro). Esta é a segunda vez que o Brasil é homenageado na feira. A primeira foi em 1994.